Opinião

Um dia com uma jornada eletrizante

Creators Economy para adultos, inteligência artificial, Uber Files, tecnologia no varejo de moda e muito mais


3 de novembro de 2022 - 6h05

Ela parece uma menina colegial, tem voz de criança e transmite uma certa fragilidade, seu nome é Amrapali Gan. Tem, na verdade, 42 anos e está à frente de uma empresa que desafia o preconceito em relação à pornografia adulta. “Levante a mão quem é assinante do OnlyFans!”, foi assim que a CEO do OnlyFans provou a plateia que lotava a audiência do palco principal do evento. Uns cinco destemidos gatos pingados levantaram. E sua reação foi dizer: há muitos mentirosos aqui.

Não é por acaso que desde 2016, quando foi lançado, o site pagou mais de 10 bilhões de dólares aos seus creators. E alega que estão ainda no início, a Creator Economy é o grande lance da plataforma. No OnlyFans você só consegue visualizar um conteúdo se pagar por isso, além de manter a privacidade do usuário, é um lugar seguro e honesto para quem vende, digamos, seu próprio conteúdo.

“A gente só ganha dinheiro se o creator ganhar. E estamos falando de uma divisão que deixa quatro dólares para o creator e apenas um para a plataforma”. Ainda assim dá muito dinheiro. “Postar pornografia é uma opção do creator, se ele quer fazer, nós apoiamos. Mas não é só isso, há quem poste receitas culinárias.” Ah, bom.

Já Donald Tang, vice-presidente da Shein, alega que eles são a grande referência de sustentabilidade – talvez por serem sempre acusados de pagar centavos por peça de roupa aos milhares de colaboradores. E que o grande segredo para chegar onde estão foi colocar o cliente no centro da operação, além disso, o uso de dados. Agora prometem estourar com a venda de produtos de segunda mão. Esse projeto já funciona assim nos Estados Unidos.

Também ocupando o palco principal Shein, que confessou estar tenso para falar no Web Summit, disse que “a tecnologia torna a moda sustentável, acessível e inclusiva, isso porque os dados oferecem a oportunidade de preços baixos, sem sacrifício da qualidade”. Mas não comentou nada sobre as acusações de trabalho precário e cópias de modelos de roupas.

Uma dessas acusações são sobre os problemas de sustentabilidade que a gigantesca produção acarreta, sobretudo com uso de produtos químicos, daí parecer que uma parte de sua fala foi para limpar a barra: “temos um sistema cujos primeiros pedidos de uma peça variam de 100 a 200 unidades, esse número só aumenta se o produto estourar. Esse sistema garante que entre a concepção da peça e a sua produção não se passe mais do que 10 a 14 dias. Dessa maneira nosso nível de desperdício cai para algo em torno de 2%.”

Não há como se pensar num projeto vencedor sem se olhar para a tecnologia, para os dados. Shein disse possuir mais de dez mil afiliados que os ajudam a promover os produtos nas redes sociais e ganham comissão por cada venda. Quer tornar o mundo mais sustentável, venham trabalhar com a gente”. Não deixa de ser uma figura polêmica.

E por falar em polêmica, vale citar o denunciante da vez, Mark Macgann que disse: “Nós vendemos um sonho e mentimos”. Ele denunciou o Uber por práticas ilícitas como investir muito dinheiro para evitar os processos legislativos em diveros lugares. Sua denúncia juntou um compilado com 124 mil documentos, os tais “Uber Files”. Mark ganhou espaço na mídia por suas denúncias e estimula novos denunciantes: “se temos o privilégio de testemunhar, temos o dever de denunciar. Pode até ficar no anonimato pois há associações que ajudam com as denúncias”.

A gigantesca startup recebeu tanto dinheiro e cresceu tão rápido que, segundo ele, quebrava leis e regras num piscar de olhos causando caos estratégico. “Com o caos ocuparia o mercado e se tornaria detentora dele. O vencedor leva tudo.” Para ele, a relação tóxica que a empresa mantinha com governos e reguladores em todo o mundo contaminou a missão de se construir oportunidades e melhorar a vida das pessoas. Quebrar regras e não respeitar leis é mais do que avançar um sinal, “quando isso acontece, quem perde é a democracia.”

Dia intenso, com várias palestras com temas importantes para o mundo atual como a que se deu no palco Creatiff onde Jane Geraghty, CEO Global da Landro Fitch, disse que um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência e muitas coisas no mundo continuam inacessíveis para elas. A palestrante afirma que o design precisa ser uma referência para amenizar esse drama. “Inclusão e acessibilidade deve ser o ponto de partida na hora de se pensar no design de qualquer coisa.”

E para fechar aqui porque não há espaço para tudo, tem a Alexa que pretende se tornar indispensável em todos os lares criando uma relação próxima, sem afetar a privacidade.

Segundo Rohit Prasad, vice-presidente e responsável pela assistente digital da Amazon, eles querem que a Alexa seja mesmo indispensável. “Temos um cuidado enorme ao estabelecer uma relação emocional com o cliente. Isso porque as pessoas querem essa experiência com a Alexa, num processo que é de evolução gerado pela IA que permite à Alexa aprender sempre mais.”

Nessa linha de desenvolvimento a empresa anunciou há uns meses que a assistente poderia, numa experiência que chega a ser assustadora, falar com a voz de familiares, mesmo aqueles que já partiram. “Foi uma descoberta científica importante de uma tecnologia de ponta e que vai nos permitir desenvolver mais, e mais depressa.” O papel da assistente será estar disponível o tempo todo e simplificar a vida para poder liberar a pessoa para tarefas como passar mais tempo com quem deseja estar.”

Já estamos a postos para o dia intenso que será hoje. Amanhã eu trago as novidades.

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