Eu não perco um episódio do Big Brother, sim
O programa que há mais de vinte anos mobiliza e encanta os brasileiros há muito tempo deixou de ser apenas um reality show
Eu não perco um episódio do Big Brother, sim
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21 de março de 2024 - 7h20
Antes que os críticos venham aqui e me critiquem ou me vejam como alguém que não tem o que fazer, quero avisar: eu tenho muita coisa para fazer, sim. Trabalho cerca de 12 horas por dia, meu WhatsApp não para de tocar desde as 6h30min da manhã e cuido de duas filhas e dois enteados. E, sim, eu tenho tempo para eles e, também, para ver o Big Brother.
Vejo isso como uma oportunidade de observar o comportamento humano, de compreender como as pessoas se relacionam, de ver como as marcas se posicionam. Meu desafio é estudar o que acontece e entender como posso aplicar esse conhecimento, esse estudo de comportamento, para melhorar o que faço no meu trabalho, tornando-o mais relevante.
O Big Brother é um bom lugar para perceber a diversidade do pensamento humano. Lá eu entendo as diferenças e as pluralidades de opinião, como elas são importantes para a convivência. Como as marcas são percebidas por cada um de forma tão variada. Como a regionalidade influencia o cotidiano dessas pessoas, que são diversas em vários sentidos. É assistindo ao programa que conseguimos entender melhor essas relações múltiplas que formam o nosso país, e fica muito evidente que a regionalização muda a forma de as pessoas pensarem e agirem.
O Big Brother Brasil me faz aprender. Eu aprendo sobre a diversidade, a pluralidade e a complexidade da sociedade brasileira. Aprendo sobre as diferentes culturas, regiões, sotaques, costumes, crenças, valores, modos de vida que compõem o nosso país. Aprendo sobre as diferentes formas de ser, de pensar, de sentir, de agir, de se expressar, de se comunicar que compõem a nossa humanidade. Aprendo sobre as diferentes línguas, as diferentes variantes, os diferentes registros, os diferentes estilos, os diferentes recursos, os diferentes significados que compõem a nossa linguagem.
Desde a Beatriz até a Isabelle, passando pelo Davi e chegando na Alane, há uma representação de toda a nossa regionalidade de país continental. São pessoas muito distintas entre si, de formações e classes sociais diferentes, mas que durante o confinamento têm a chance de interagir com colegas que, muitas vezes, são o seu oposto completo, tanto nas características físicas quanto na formação e, porque não dizer, no caráter também. Todos com o mesmo objetivo de ser o ganhador, ou ganhadora, do grande prêmio.
Olhem a Isabelle, que é de Manaus. Ela não esconde a sua cultura, a sua origem. Ela mostra sua dança, seu gosto por músicas da sua região, ou a paixão pela gastronomia da sua terra natal. O BBB é realmente uma escola de marketing, uma escola de comportamento humano.
Ali estão presentes várias regiões do nosso país, com sotaques, culturas e hábitos muito diferentes entre si. E isso é o que traz a riqueza de conteúdo, provoca as discussões e confusões entre os participantes e, principalmente, impressiona e atrai o telespectador. E eu gosto de uma confusão, mas confusão do bem. Sempre é necessário que haja ética em todas as relações, quero deixar isso claro aqui.
O programa que há mais de vinte anos mobiliza e encanta os brasileiros há muito tempo deixou de ser apenas um reality show. Hoje em dia podemos afirmar, com certeza, que é um grande laboratório mercadológico, no qual são exibidas marcas famosas. E isso os números provam, segundo pesquisa da PiniOn, após as ações de marcas: 89% do público acreditam na credibilidade delas e 88% entendem que elas combinam com o BBB. E o programa é também é um exemplo perfeito da diversidade do nosso país. Não dá para negar o fato: ver o Big Brother é entrar em contato não com só um, mas com vários Brasis.
E é nesse sentido que nós, profissionais de marketing, precisamos fazer a diferença na hora de criar uma campanha publicitária ou ação de relações públicas. É preciso estar atento a esses vários países que existem dentro do Brasil. As grandes cidades, capitais cosmopolitas como São Paulo e Rio de Janeiro; o país do agro, no centro-oeste profundo; o nordeste e o sul, com suas tradições próprias; e a Amazônia com toda sua dimensão, com as comunidades ribeirinhas.
Eu gosto de ir para a rua, para o supermercado, conversar com o motorista do Uber. Porque a gente precisa escutar as pessoas, saber o que elas estão pensando, estão falando. Só assim é possível estabelecer uma conexão com a população e entender o que o público quer. É preciso olhar com cuidado para esses públicos diversificados e entender o que cada um deseja e, também, a forma de levar a eles as mensagens certas. Porque senão corremos o risco de sermos eliminados no próximo paredão com a concorrência.
Eu assisto ao Big Brother, sim, e se o Boninho quiser ser meu amigo, vou aceitar.
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