Caboré

Produção vive ciclo de inovação e autenticidade

Indicadas ao Caboré 2025 analisam convergência de formatos e a força do audiovisual brasileiro

i 27 de outubro de 2025 - 14h24

O mercado brasileiro de produção audiovisual vivencia um momento complexo de oportunidades distintas e complementares. O entretenimento ao vivo, igualmente promissor, também está em uma fase positiva no que diz respeito à demanda e consolidação pós-pandemia. Ambos os setores são representados pelas três produtoras que concorrem ao Caboré 2025, estreantes na premiação.

30e, Anonymous e MyMama, indicados ao Caboré 2025 na categoria Produção

30e, Anonymous e MyMama concorrem ao Caboré 2025 (Crédito: Divulgação)

Mayra Faour Auad, sócia e CEO da MyMama Entertainment, fala de uma nova consciência criativa que surge tanto na publicidade quanto no cinema e nas séries. Depois de um período desafiador, o audiovisual voltou a ser reconhecido como força de identidade, influência e poder econômico, o que ampliou as possiblidades das produtoras.

Conforme a executiva, as marcas entenderam que não basta vender, mas que é preciso comunicar com propósito, gerar impacto cultural e dialogar com o público de forma autêntica. Isso abriu espaço para formatos híbridos, em que entretenimento, arte e propaganda se cruzam de maneira relevante e sensível.

“Ao mesmo tempo, o setor de produção independente segue sendo o que mais experimenta e se reinventa. A criação de cotas tem permitido a formação de uma economia mais diversa, ainda que o desafio seja tornar isso sustentável, mas é um começo. Um começo potente”, analisa.

Inteligência artificial

Barbara Teixeira, CEO da Anonymous Content Brazil, também pontua que esses bons ventos têm a ver com a grande quantidade de ferramentas sofisticadas de inteligência artificial (IA) que otimizam e democratizam a execução. O salto operacional acontece ao mesmo tempo em que o público continua esperando por autenticidade.

“Historicamente, o mercado de produção tem uma enorme forma de se reinventar toda vez que surgem dificuldades econômicas, políticas, tecnológicas ou mercadológicas. Estamos neste momento, em que nos reorganizamos para encontrar nos desafios novas oportunidades”, afirma.

O grande desafio para produtoras que atuam em publicidade e entretenimento, então, é se manter relevante nas duas áreas de atuação, com atenção “às novas ideias, olhares e projetos ambiciosos e inovadores”, salienta Renata Dumont, managing director da Anonymous.

Produção de shows

O otimismo relacionado à produção de entretenimento, por sua vez, se explica pelo crescente interesse dos artistas internacionais pelo Brasil, incluindo a região nas estratégias de lançamentos e turnês. Foram os casos de bandas como Offspring, Simple Plan e System of a Down, que se apresentaram no País ao longo deste ano.

Essa relevância também reverbera entre os artistas locais, que elevam o padrão de estrutura e qualidade dos próprios shows. Um exemplo, diz Pepeu Correa, CEO da 30e, é a turnê Tempo Rei, de Gilberto Gil, que tem um telão em formato de vórtex, no centro do palco, inédito no mundo e concebido no Brasil.

“Muito se falou sobre o efeito que o pós-pandemia e a demanda reprimida tiveram no mercado de entretenimento ao vivo e, de fato, foi algo pontual e fora da curva. Por mais que aquele período tenha passado, o mercado segue seguro e com uma demanda importante: o público brasileiro consome entretenimento e cultura faz parte do seu dia a dia”, analisa.