Almap e Volks são as mais premiadas da história

Alexandre Zaghi Lemos
15 de junho de 2015 - 9h22

No ano passado, ao voltar do Festival Internacional de Criatividade de Cannes com 116 Leões, o Brasil rompeu a marca dos mil troféus conquistados, desde a primeira participação do País, em 1971, na 15a edição do evento, inaugurado em 1954, em Veneza. De lá para cá, a AlmapBBDO e o seu cliente Volkswagen foram os maiores vencedores brasileiros, de acordo com levantamento feito pela reportagem — empreitada que precisou enfrentar a falta de registros oficiais, já que o evento mudou de donos neste período, e contou com a colaboração do jornal O Estado de S. Paulo, representante atual do festival no Brasil, e consultas ao arquivo do Meio & Mensagem.

Na 62a edição do festival, que começa nesta sexta-feira, 19, as agências brasileiras devem novamente conquistar mais de uma centena de Leões. O gigantismo da última década pode ser comprovado pelo fato de mais da metade (60%) dos Leões do Brasil em Cannes terem sido conquistados entre 2005 e 2014. Ou seja, nesses dez anos, o País somou mais troféus em Cannes do que nos primeiros 34 anos de participação no evento. Nos dois últimos anos, o Brasil foi o segundo país mais premiado, atrás apenas dos imbatíveis Estados Unidos. É desta época o maior vencedor da história da participação brasileira no festival. A campanha “Retratos da real beleza”, da Ogilvy para a Dove, ganhou em 2013 com o Grand Prix de Titanium, 10 Ouros, 2 Pratas e 4 Bronzes. Além disso, em 2014, conquistou mais um Leão, de Crea­tive Effectiveness, fechando a “carreira” com 18 Leões­ em dois anos.

Para ter uma base de comparação, até 1980, quando o Festival de Cannes já tinha 25 anos, o Brasil havia conquistado somente 3 Leões de Ouro com comerciais da DPZ e ABA Produções para Conselho Nacional de Propaganda (“Homem com mais de 40 anos”, em 1975); Umuarama e ABA Produções para Bamerindus (“Homem frustrado”, em 1976); e da SSC&B Lintas e Blow Up Produções para Cia de Seguros (“Menino de bicicleta”, em 1978).

A AlmapBBDO também conquistou a maioria de seus prêmios em Cannes na última década: 58%. De 2005 a 2014, a agência trouxe do festival 101 Leões dos 173 que ganhou desde os tempos de Alcântara Machado Periscinoto. Além disso, é vencedora de três troféus de Agência do Ano (2000, 2010 e 2011), dos oito que a publicidade brasileira amealhou ao longo da história — os outros foram para DM9DDB (1998, 1999 e 2009; além do de Agência de Ano em Cyber, em 2005), F/Nazca S&S (2001) e Ogilvy & Mather (2013).

Entre os anunciantes, os dois mais premiados da história pela publicidade brasileira são Volkswagen e Unilever. Entre 1972 e 2014, as campanhas criadas pela AlmapBBDO para a montadora de automóveis renderam 5 Leões de Ouro, 12 de Prata e 24 de Bronze. Já a Unilever foi premiada por ações desenvolvidas por Ogilvy & Mather, Borghi/Lowe, Bullet e New Content entre 2008 e 2014. No total, as campanhas feitas para sua marca e de seus produtos somaram 1 Grand Prix, 1 Creative Effectiveness (ambos para “Retratos da Real Beleza”), 11 Ouros, 6 Pratas e 9 Bronzes. 

* Foram considerados 10 pontos para cada Grand Prix, 7 para cada Ouro, 5 para cada Prata e 3 para cada Bronze. Creative Effectiveness e Innovation Lions foram incluídos na lista dos Ouros. Para a Ogilvy & Mather foram considerados os prêmios ganhos pela Standard Ogilvy & Mather e também os conquistados como Ogilvy Interactive e OgilvyOne. Nos prêmios da DM9DDB não estão incluídos os três Leões conquistados entre 1983 e 1985 pela DM9, quando a agência era comandada por Duda Mendonça, antes da venda para Nizan Guanaes e Guga Valente. Nos da Leo Burnett Tailor Made, estão incluídos os conquistado pela multinacional antes da mudança de nome, em 2011. Para a FCB Brasil, foram somados prêmios da época em que a agência usava a marca Giovanni. No caso da Y&R, não foram incluídos os dois Leões de 1997 da Fischer Justus Y&R – computados para a Fischer. Na conta da W/Brasil estão considerados os prêmios da W/GGK. Para a Publicis, foram computados os Leões da Publicis Salles Norton, após a fusão de 2003. Nas conquistas da MPM Casablanca, não está incluído o Leão ganho em 1992, após a venda para a Lintas, nem os dois conquistados pela MPM do grupo ABC em 2006 e 2007.