BRF alega erro e mantém concorrência

Teresa Levin
13 de maio de 2020 - 17h39

A BRF alegou que um “disparo teste” levou a um equívoco que gerou a impressão de que sua concorrência para a definição de agências de live marketing teria sido cancelada. Como noticiado por Meio & Mensagem, a empresa foi criticada por representantes do mercado por promover processo no formato de leilão reverso (onde quem ganha é quem oferece o menor preço) e ainda com prazo de pagamento de 90 dias.

Tais práticas já eram consideradas danosas pelo mercado e, na visão de players do setor, são ainda mais prejudiciais no atual cenário de crise por conta da pandemia da Covid-19. Um post do CEO global da BRF Lorival Luz no LinkedIn gerou na semana passada uma série de mensagens de lideranças de agências condenando o formato da concorrência.

Segundo a BRF, na terça-feira, 12, ocorreu uma falha técnica no sistema e para solucioná-la foi criado um evento fictício, com um novo número, que acabou gerando um comunicado para as empresas participantes do primeiro leilão. Tal fato teria levado algumas empresas a entenderem que a concorrência havia sido cancelada, conforme noticiado por Meio & Mensagem. “Para não provocar qualquer desentendimento com esse ‘disparo teste’ foi feito o envio de cancelamento do evento fictício. Sendo assim, a concorrência permanece ativa”, diz a BRF em comunicado enviado à reportagem nesta quarta-feira, 13.

No mesmo texto, a companhia diz ainda que todas as regras e condições para o leilão reverso foram preestabelecidas e divulgadas para todos os participantes. Com isso, os pontos que foram questionados por executivos do mercado continuam valendo.

Procurada pela reportagem do Meio & Mensagem, a Associação de Marketing Promocional (Ampro) informou que tem privilegiado uma interlocução serena e propositiva com os clientes. “Nas redes sociais, a temperatura sobe, mas o que a Ampro quer é discutir a relação numa boa, para o casamento ser bom pra as duas partes. Está agendada uma reunião entre Ampro e BRF no começo da próxima semana”, antecipou Alexis Pagliarini, presidente da entidade.

Em meio aos impactos da crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19, o mercado de live marketing vem se mobilizando para tentar amenizar os danos do cenário adverso e auxiliar na recuperação do setor, assim que as medidas de isolamento social forem amenizadas. A própria Ampro lançou o movimento #jobEntreguejobPago, com o apoio da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) e da Federação Nacional de Agências de Propaganda (Fenapro). A iniciativa questiona práticas como a realização de concorrências não remuneradas, contratos sem garantias e ainda os prazos estendidos de pagamento, que podem ir de 90 à 120 dias.

A Dream Factory também lançou um manifesto questionando o formato das concorrências, com um número expressivo de participantes. Nele, sugere que no máximo três empresas integrem estes processos e que seus históricos sejam avaliados, de acordo com cada job, já que muitas agências estão trabalhando com equipes reduzidas. A Dream Factory busca o apoio de anunciantes para levar à cabo as alterações e já conta com a participação da Ipiranga e do UOL.