Consciência Negra ainda é tratada de forma vazia pelas marcas

Buscar

Consciência Negra ainda é tratada de forma vazia pelas marcas

Buscar
Publicidade

Comunicação

Consciência Negra ainda é tratada de forma vazia pelas marcas

Pesquisa do Google conduzida pela Mindset-WGSN e Datafolha aponta inclusão no mercado de trabalho e racismo estrutural como pautas urgentes para a população preta e parda


20 de novembro de 2019 - 16h26

(Crédito: Divulgação)

Com o intuito de dar mais profundidade à diversidade racial para aprimorar seus serviços e produtos em um País de maioria negra, o Google encomendou um estudo à Mindset-WGSN e ao Instituto Datafolha. O resultado é o levantamento inédito “Consciência entre urgências: pautas e potências da população negra no Brasil”, que contou com fases qualitativas e quantitativas durante o mês de outubro.

Lançada nesta semana, a pesquisa aborda a percepção dos entrevistados – foram 1.225 entrevistados que se autodeclararam pretos e pardos (homens e mulheres, maiores de 16 anos, de todas as classes nas cinco regiões do país, incluindo áreas metropolitanas e interior) – sobre o dia 20 de novembro, data em que é celebrada a Consciência Negra.

Para 69%, as marcas ainda tratam a data de forma vazia, oportunista e superficial. Além disso, 68% dos entrevistados afirmam que não são representados pelas marcas em geral e os que se declaram como pretos (73%) se sentem ainda menos representados na publicidade que os pardos (66%).

Para 91% das pessoas ouvidas em estudo de campo, o dia é importante para manter vivos na memória heróis e heroínas negros. A data tem maior importância para as classes mais baixas: 85% dos entrevistados de classes D e E concordam que a data é um momento de luta. O percentual é maior do que entre entrevistados das classes A e B (72%).

No entanto, o foco principal do estudo é entender quais são as pautas mais urgentes para a população parda e negra brasileira, evitando chegar a respostas prontas, explica Rodrigo Maceira, gerente de marketing de conteúdo do Google. “A gente não fez esse estudo para trazer conclusões, mas caminhos de ação. Precisamos ouvir essa população. A gente tem muitos dados de terceiros, que são ótimos, mas era preciso ter um retrato de fora para dentro”, afirma.

Para garantir profundidade ao assunto, a pesquisa envolveu fase qualitativa, na qual foram realizadas sete entrevistas com especialistas (sociólogos, filósofos e historiadores), três grupos qualitativos em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, além de entrevistas com seis youtubers. Nesta etapa, foram mapeadas cinco pautas importantes para a população negra. A partir daí, os entrevistados da fase quantitativa indicaram suas percepções sobre quais delas são prioritárias e quais são as mais debatidas. Veja:

1ª – Inclusão no mercado de trabalho (Urgência: 46% / Discussão: 34%)
• Essa foi considerada a primeira urgência da população negra. Porém, de acordo com a percepção do grupo, a inclusão do negro no mercado de trabalho é menos discutida do que deveria: ela fica em segundo lugar, atrás de racismo estrutural e institucional.

2ª – Racismo estrutural e institucional (Urgência: 44% / Discussão: 41%)
• Entre todos os entrevistados, o racismo estrutural e institucional é a segunda pauta que merece mais atenção. Porém, ela é considerada 1,7x mais importante entre os jovens (16-24) que entre pessoas 60+;
• 7 entre 10 negros brasileiros não se sentem representados pelos governantes;
• Entrevistados das classes D/E (73%) acham mais importante votar em candidatos negros que as classes A/B (47%).

3ª – Feminismo negro (Urgência: 27% / Discussão: 25%)
• O feminismo negro é mais urgente para mulheres (30%) do que para homens (23%). No entanto, quando colocadas as urgências de cada gênero lado a lado, a pauta tem a mesma posição em ambas as listas;
• Quanto maior a escolaridade, menor é a urgência atribuída ao feminismo negro: Superior (18%), Médio (29%) e Fundamental (30%).

4ª – Genocídio (Urgência: 23% / Discussão: 24%)
• O genocídio da população negra é uma pauta mais urgente entre os jovens (16 a 34 anos) que entre pessoas 60+ (28% vs 18%);
• Quanto maior a escolaridade, maior é o sentimento de urgência em relação ao genocídio da população negra: Superior (30%), Médio (26%) e Fundamental (14%).

5ª – Políticas afirmativas (Urgência: 19% / Discussão: 24%)
• A preocupação com a existência de políticas afirmativas, como cotas raciais, é maior entre homens (23%) do que mulheres (17%);
• Conforme a percepção dos entrevistados, a urgência das políticas afirmativas é menor que o nível de discussão em torno do assunto no país.

Para Maceira, uma das percepções interessantes do estudo está na questão da identidade. A maioria dos entrevistados se declararam pardos (69%) e um terço disse ser preto (31%). Mas, quando perguntados se são pardos, pretos ou negros, 46% do total afirmaram que são negros. Entre aqueles que na primeira pergunta se autodeclararam como pardos, 26% afirmaram que são negros, quando esse termo foi incluído na pergunta. Do total dos entrevistados que se autodeclararam negros, 74% afirmaram que sempre souberam que eram negros e 17% deles entendiam-se como pardos e só mais tarde descobriram-se negros. “Essa é uma questão que vai muito além da cor da pele, é o negro como lugar social”, comenta.

Quando o assunto é ativismo, metade dos participantes do estudo considera-se ativista do movimento negro no País. O percentual de pessoas que se denominam ativistas é maior entre as classes D e E (63%): reúnem duas vezes mais ativistas que as classes A e B (31%). A maioria (81%) dos entrevistados concorda que o ativismo negro prioriza causas que são importantes para toda a população negra.

Mais da metade (78%) dos entrevistados são a favor da participação de pessoas brancas nessa luta. Entre os que se declaram a favor, 59% afirma que os brancos devem se envolver porque são parte do problema, enquanto 87% dos entrevistados acha que a luta não é exclusivamente dos negros.

*Crédito da imagem no topo: Divulgação

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Grupo Farol adquire a rede de perfis digitais Virau

    Grupo Farol adquire a rede de perfis digitais Virau

    Aquisição visa fortalecer o posicionamento da holding no mercado de marketing de influência

  • Vivo homenageia mães, as verdadeiras atletas

    Vivo homenageia mães, as verdadeiras atletas

    Patrocinadora do Comitê Olímpico do Brasil, marca homenageia mães em diferentes fases do cuidado aos filhos, em filme dirigido por Ariela Dorf