Cresce o número de protagonistas negras em comerciais
Estudo da Heads mostra que mulheres afrodescendentes já correspondem a 25% das protagonistas de campanhas

Comercial Afro-futurismo, da Avon, é um exemplo de filme protagonizado por mulheres negras (Crédito: Reprodução)
Os comerciais brasileiros nunca tiveram tantas mulheres negras como protagonistas. A sétima onda do estudo “Todxs – Uma Análise de representatividade na publicidade brasileira – realizado periodicamente pela agência Heads, sinaliza uma maior preocupação do mercado publicitário em relação à questão da representatividade. Ainda assim, em comparação com a realidade da população brasileira, a diversidade racial na propaganda ainda tem muito a evoluir.
Na atual etapa do estudo, que monitorou 2.149 comerciais exibidos na TV aberta e fechada de 23 a 29 de julho de 2018, foi destaque a presença de mulheres negras – tanto celebridades como anônimas – em posições de destaque nos filmes publicitários. De acordo com o estudo, 25% das protagonistas dos comerciais analisados são negras. O percentual é o maior registrado pela pesquisa Todxs, em todas as suas edições.

(Crédito: Heads)
Para se ter uma noção mais ampla da evolução, quando a Heads realizou a primeira onda de análises dos comerciais, em 2015, 93% das protagonistas de filmes publicitários eram brancas e apenas 4% eram negras. Agora, o percentual de mulheres brancas na publicidade caiu para 64%, enquanto a aparição de mulheres de outras etnias (asiáticas, por exemplo), alcançou o volume de 11%.

(Crédito: Heads)
Traços camuflados
Um ponto de alerta que a Heads faz em relação à pesquisa diz respeito às características dos protagonistas negros nas campanhas analisadas. De acordo com os dados, entre as mulheres negras que protagonizaram campanhas, apenas 47% (menos da metade) apresentam traços negroides característicos: pele mais escura, cabelos crespos e lábios grossos, por exemplo. Já entre os protagonistas homens, os traços da etnia estão presentes em 70% dos casos.
“A gente se acostumou a pensar que ser considerado bonito está ligado a ter traços finos e um biótipo europeu e as mulheres são cobradas a seguirem esse padrão de beleza. Os dados para as mulheres demonstram essa visão antiquada, preterindo os traços negros que são predominantes no Brasil”, critica Isabel Aquino, diretora de planejamento da Heads e responsável pelo estudo.
Cabelos diversos
Na onda anterior da pesquisa Todxs, um dos destaques havia sido a ampliação da presença de pessoas de cabelos nã0-lisos (crespos, ondulados e cacheados) nos comerciais. Em agosto, 53% dos protagonistas dos comercias possuiam cabelos ondulados, enquanto 26% possuíam fios lisos. Dessa vez, a participação do padrão liso aumentou: 32% dos protagonistas dos comerciais analisados na atual edição da pesquisa possuem cabelos lisos. A maioria, no entanto, ainda é a de pessoas com cabelos ondulados (43%). Os cabelos cacheados apareceram em 9% dos protagonistas enquanto os crespos ficaram com 3%.

(Crédito: Heads)