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Diretor de criação da VMLY&R Itália: “Ficha demorou a cair”

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Comunicação

Diretor de criação da VMLY&R Itália: “Ficha demorou a cair”

Brasileiro Rafael Genu compartilha a rotina e os sentimentos da sociedade e do mercado italiano no epicentro da pandemia


24 de março de 2020 - 12h58

Itália é o país mais afetado pelo coronavírus até o momento (Crédito: Emanuele Cremaschi_GettyImages)

Rafael Genu mora desde maio de 2017 em Milão, onde trabalha como diretor de criação da agência VMLY&R Itália. Nas últimas semanas, o publicitário brasileiro vivencia o clima de tensão e incerteza do país mais afetado pelo coronavírus até o momento, em todo o mundo. Na terceira semana de home office, Genu conta não apenas como a sua rotina mudou, desde o escritório montado no quarto de seus filhos até o tom da criação que produz, como também suas impressões sobre a forma como a sociedade e o mercado italiano estão enfrentando a pandemia.

M&M — Como o escritório da VMLY&R Itália está lidando com a pandemia?
Rafael —
Já estamos na terceira semana de smart working após o governo baixar um decreto transformando a Itália inteira em “zona rossa”, ou seja, todo o país de Norte a Sul sob medidas extremas de “social distance” para a prevenção do contágio. A agência já havia parado por uma semana, tentou voltar, mas com o aumento do número de casos e das restrições não teve jeito.

M&M — Como está funcionando a produção e o fluxo de troca de informação?
Rafael —
A orientação geral é de tentar não diminuir o ritmo e assim minimizar o impacto econômico da crise na agência. Por sorte, temos muitos clientes da área de “fast moving consumer goods”, que possivelmente serão os menos afetados, uma vez que supermercados, farmácias, bancas de jornal e tabaco são os únicos estabelecimentos autorizados a permanecerem abertos. No mais, muitas reuniões via Microsoft Teams e Blue Jeans, além da proliferação dos grupos de WhatsApp e e-mails.

M&M — Vocês alteraram de última hora alguma campanha?
Rafael —
Falando do meu cliente, Lavazza (fabricante de cafés), eles decidiram fazer free shipping para todas as compras online nos principais mercados. Por isso, estamos fazendo algumas leves intervenções em materiais que estão sendo veiculados ou indo para o ar neste momento. Fora isso, apenas a natural busca de ideias para as marcas se posicionarem de forma relevante e não oportunista durante esse período tão conturbado.

M&M — Como está o clima e o sentimento das pessoas e do governo?
Rafael —
A ficha demorou a cair, mas agora estão todos muito apreensivos e percebo um sentimento de solidariedade emergindo. O governo está agindo com austeridade e casos explícitos de irresponsabilidade são repreendidos com veemência. Há muitas ações concretas para evitar um colapso econômico, inclusive em nível pessoal e familiar, como a suspensão do pagamento de hipotecas. Mas a verdade é que ninguém sabe até onde a corda estica.

M&M — De que maneira essa pandemia afetou até agora o mercado publicitário local?
Rafael —
Existe um sentimento no ar de que todos devem estar disponíveis e comprometidos com o trabalho para manter a engrenagem girando e evitar cortes no futuro. As produções foram muito afetadas, e já temos alguns casos de adiamento de filmagens e fotos na agência.

M&M — Quais foram os impactos no comportamento de consumo?
Tirando casos isolados, aqui não há corrida aos mercados, pois o governo desde o início garantiu o abastecimento. Mas a vida da cidade mudou completamente e o lado de convívio e agregador do italiano teve que ser deixado de lado por um tempo.

M&M — Quais segmentos devem ser mais afetados neste período de pandemia por aí?
Rafael —
Na Itália ainda existe muito o comércio local, de rua, de bairro. Como na maioria dos lugares, esses devem ser os mais afetados, e daí a preocupação do governo com eles. Felizmente, porém, aqui não existe tanta informalidade, a não ser em alguns serviços domésticos como faxineiros e baby-sitters. Em um nível “pessoa física”, diria que os mais afetados serão aqueles que estão em situação ilegal no país.

 

Rafael Genu em seu escritório improvisado, no quarto de seus filhos (Crédito: divulgaç

Crédito da imagem de topo: DKosig/iStock

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