Grey 141 firma acordo com The Group
Movimento integra plano para elevar reputação da rede mais problemática do WPP no Brasil
Historicamente a mais problemática das redes do grupo WPP no Brasil, a Grey vive novo momento no País após a fusão com a 141 Soho Square, que criou a Grey 141 no começo do ano, e a chegada da Possible Worldwide à rede, no começo de junho. A promessa de Jim Heekin, chairman e CEO global, é que este seja apenas o começo de um projeto que pretende levar a Grey ao grupo de 10 maiores do ranking brasileiro e alavancar sua reputação criativa.
Um dos primeiros desafios da Grey 141 – que propicia atuação independente às suas unidades Grey, 141 Soho Square, 141 Brasília, 141 Newport e Possible – é ampliar suas ofertas de serviços. Por isso, acaba de firmar acordo operacional sem troca de ações com a The Group, empresa focada em promoção, eventos e ativação, com 105 funcionários. “Por enquanto é uma parceria, mas quero ver como irá evoluir essa relação, porque temos interesse em adquirir uma empresa de ativação”, revela Heekin, que visitou o Brasil na semana passada.
Em relação a metas financeiras, a Grey 141 precisa atender a uma meta ambiciosa de Heekin, que espera ver o Brasil como terceira maior operação da rede em apenas 18 meses, estabelecendo-se atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido. Hoje, Alemanha e China têm operações maiores que a brasileira. “Além de uma empresa de ativação, temos interesse em agências de mídias sociais e em agências de publicidade do Rio de Janeiro e de Brasília. No Rio, por exemplo, atendemos GSK e Casa&Vídeo, mas acredito que podemos ampliar a participação para outros clientes por meio de aquisição”, salienta Heekin. A 141 já possui escritórios nessas duas cidades.
No que tange ao ganho de reputação criativa, o CEO global tem três planos principais para impulsionar a marca Grey 141 no Brasil. A primeira é a contratação de talentos criativos para as equipes dirigidas por Celso Alfieri, na 141, e Pedro Capelletti, na Grey. A segunda, curiosa, é o lançamento em até seis meses de alguma campanha de grande impacto para um de seus clientes. “Aquela ação que todos olham e perguntam de qual agência é”, descreve.
E a terceira é a conquista de uma conta que surpreenda o mercado. “Em linha gerais, precisamos muito do Brasil para conseguir melhorar a posição da rede no Festival de Cannes, onde queremos ser a sétima mais premiada. E hoje, sabemos, os prêmios afetam diretamente os resultados financeiros da rede. Isso fica claro quando Martin Sorrell, do WPP, e John Wren, do Omnicom, se acusam publicamente por conta disso”, resume, em referência às reclamações de lado a lado sobre possíveis júris tendenciosos durante o festival.
Mea-culpa
Embora fale muito sobre o futuro, Heekin busca compreender os erros que não deixaram a Grey decolar no Brasil até agora. A rede tem uma marca forte especialmente em Nova York, já que consta na versão 2012 da A-List do Advertising Age, e atingiu em Cannes neste ano o seu melhor resultado histórico. No Brasil, passa longe disso no aspecto criativo, embora já tenha alguns resultados no lado financeiro por conta da fusão, já que, somadas, Grey e 141 atingem o 13º lugar no ranking nacional de 2011 – embora os números do ano passado ainda incluam partes dos contratos com a Secom, encerrado em março, e Marabraz, conta perdida para a Fischer & Friends.
A estagnação da agência nos últimos anos, na opinião de Heekin, têm a ver com fatores locais e globais. “Há seis anos, quando assumi a Grey, foquei em criar uma agência forte em Nova York, o que é fundamental para qualquer rede. E, depois, focamos em Londres. Sendo bem franco, eu não liguei muito para o Brasil nesse período e isso só passou a ocorrer de dois anos para cá”, confessa. “Só que, agora, o País é uma das três prioridades do mundo, junto com China, pela escala, e Alemanha, onde queremos ampliar a qualidade do nosso trabalho”, frisa.
Sobre a razão local, embora não cite nomes, Heekin se refere às antigas lideranças da agência. “Sou um grande crente em lideranças”, resume. Nos últimos anos, o comando da Grey mudou três vezes no Brasil. Em 2009 Silvio Matos deixou a rede, que desde 2006 usava a marca MatosGrey. Até a fusão com a 141 Soho Square o comando da Grey estava com o italiano Riccardo Ferraris e, depois disso, passou a Luiz Kroeff, ex-presidente da 141 e executivo com 32 anos de experiência no grupo WPP, atual presidente da Grey 141.