Comunicação
Os acertos e erros de Nizan Guanaes
Livro do jornalista João Wady Cury narra transformação: do folclórico ao empreendedorismo
Livro do jornalista João Wady Cury narra transformação: do folclórico ao empreendedorismo
Alexandre Zaghi Lemos
20 de agosto de 2014 - 2h18
A história do nascimento do maior grupo publicitário brasileiro, as estratégias de comunicação vitoriosas na eleição e reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso e revelações de planos de entrada no mercado de televisão são alguns dos atrativos do livro Enquanto Eles Choram, Eu Vendo Lenços, que conta a trajetória empresarial de Nizan Guanaes e foi lançado na semana passada, em São Paulo, pelo jornalista João Wady Cury. “Não é uma biografia, mas sim um perfil de negócios”, frisa o autor logo de cara. Segundo ele, a ideia do projeto foi da Ediouro, que publica o livro pelo selo Agir.
Para chegar às cerca de 200 páginas, Cury fez 85 entrevistas nos últimos quatro anos. Embora o foco seja a vida empresarial de Guanaes, o autor menciona algumas passagens pessoais que teriam influência futura nos negócios do perfilado, como a participação no grupo Oração pela Arte (OPA), ligado à Igreja Católica em Salvador e também integrado, na mesma época, por dois futuros parceiros: Sérgio Valente (sócio do Grupo ABC, mas desde 2013 atuando profissionalmente na Rede Globo) e PC Bernardes (atualmente na equipe da Africa Rio).
Enquanto narra a evolução dos negócios, os acertos e erros de Guanaes, Cury conta uma história paralela, que ele classifica como sendo o maior desafio de seu personagem: “criar um novo perfil para si mesmo”. “Instintivo, fez seu próprio estudo de marca e criou a campanha publicitária para que pudesse projetá-lo. Tudo para transformar o redator de talento, homem de ideias e detentor de inúmeros prêmios no folclórico mundo da propaganda em algo bem maior: empreendedor ousado, capaz de criar um grupo nacional de comunicação que seja referência internacional”, escreve, na introdução do livro.
“O Nizan passou a usar ternos, cultivou relações, como a com o ex-presidente dos EUA Bill Clinton e convenceu o Itaú (por meio do fundo Kinea) a ser sócio do Grupo ABC. Fez planejamento e criação para ele mesmo se projetar como empreendedor. Mudou o layout do ponto de vista físico, estético e também de conteúdo. Passou a falar de PIB, de crescimento econômico. Mudou a atitude que antes semeava desafetos para ser visto com outros olhos”, descreve Cury.
Uma das interessantes passagens detalhadas pelo livro é a da compra da DM9 de Duda Mendonça por Nizan Guanaes e Guda Valente, em 1989. “Os dois apresentaram para Kati Almeida Braga e Daniel Dantas (primo de Guga) o projeto de compra de parte da DM9 e saíram do escritório do Icatu, na Candelária, com a promessa de investimento na agência de um valor próximo a US$ 1 milhão. Daquele dia em diante a vida de Nizan Guanaes mudou completamente. Esse foi o primeiro passo em direção ao momento que vive hoje, como maior acionista do Grupo ABC, com 36,5% das ações.”
O paulistano Cury já prestou serviço para uma das empresas de Guanaes, a Africa. “Por cerca de três anos, com algumas interrupções, ajudei a agência a montar sua área digital junto com o Eco Moliterno, com quem já havia trabalhado desde 2003 quando atuamos na AOL.” O jornalista integrou as redações de Folha de S.Paulo, O Globo e Veja São Paulo, entre outras. Há aproximadamente 15 anos, enveredou para a área de conteúdo online, atuando em empresas como Submarino e AOL. Atualmente, presta serviços ao mercado por meio da sua empresa de estratégia digital Punch Interativa. Também trabalhou nas campanhas eleitorais de Fernando Haddad e Dilma Rousseff, ambos do PT. Até a semana passada, Cury vinha coordenando a área de jornalismo para a internet na campanha do presidenciável Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na quarta-feira 13.
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