Ponto de Vista: Cúrcuma, ghee e as agências
Não tem linha dentro da panela, o on e off se harmonizam no final. O desafio está lá no caldo: como extrair, prato a prato, brief a brief, o melhor de cada um, de cada ideia, de cada especialidade
Não tem linha dentro da panela, o on e off se harmonizam no final. O desafio está lá no caldo: como extrair, prato a prato, brief a brief, o melhor de cada um, de cada ideia, de cada especialidade
Meio & Mensagem
14 de agosto de 2015 - 8h27
(*) Por Paulo Loeb
Nunca vi tanta panela. De instrumento musical a acessório básico para esquentar um arroz, as panelas estão por toda parte. Não importa se em TV aberta ou fechada, a panela está lá, abertinha da Silva misturando ingredientes novos do meu repertório gastronômico: painço, cúrcuma, ghee… até o sal ganhou sobrenome, cor e origem de fabricação: made in Andes, Himalaia e Tibet. Porta dos Fundos captou lindamente esse movimento no ano passado com o episódio Restaurante Moderno, vale checar se você ainda não conhece.
Brincadeiras e exageros à parte, é de tirar o chapéu a reinvenção desse setor da economia que certamente impulsionou o hobby de cozinhar em casa, movimentou a abertura de novos restaurantes, salgou literalmente os preços e gerou muitos novos empregos. Globais viraram cozinheiros, anônimos viraram cozinheiros, padaria virou boulangerie e cozinheiros viraram Chefs. E ganharam mais fama.
No caldeirão da publicidade o ingrediente digital entornou o caldo de muita agência. DSP, SEM, SEO, CPC, PQP! Sopa de letrinhas das boas. Muitos não mediam a pitada certa, julgavam o digital tático e superficial, assim como uma pitada de sal a mais. Não mais. Ninguém duvida que esse ingrediente virou o arroz com feijão de muitos anunciantes. Não resolve tudo, mas não é um tempero, é um ingrediente vital para o ano todo. E, diga-se de passagem, mais barato e eficiente do que muito prato com reduções e aromas bacanas. Ainda mais num cenário de restaurantes cada vez mais vazios.
O novo cozido não difere os ingredientes. Não tem linha dentro da panela, o on e off se harmonizam no final. Quanto mais invisíveis, melhor. O desafio está lá no caldo: como extrair, prato a prato, brief a brief, o melhor de cada um, de cada ideia, de cada especialidade. O chef e os chefes precisam ter a sensibilidade do bistrô, entender que cada caso é único, processos não resolvem todos os problemas e que não há receita pronta. Há aprendizados somados, inteligência adquirida, experiência comprovada. Mas não há dois pratos iguais.
Atentos a novos ingredientes, tecnologias e hipóteses, estamos criando a nova publicidade. Que mistura precisão com emoção, conversão com imaginação. Para isso é necessária muita coragem. O cara que comeu a primeira ostra era muito corajoso. Os anunciantes e agências que testam novos formatos também são. Marcas que defendem ponto de vista, posicionam-se sobre assuntos polêmicos, iniciam campanhas no digital para depois virar mainstream, acreditam na super personalização de conteúdo, investem inteligentemente em tecnologia. Tudo isso requer coragem. E espírito livre para testar o novo. Assim como os chefs.
Desejo que essa crise nos force a testar ainda mais ingredientes, formatos e buscar novos sabores. Mais cúrcuma, ghee e coragem que nos faça saudáveis e com sucesso para encontrar as melhores soluções de negócio e comunicação.
(*) Paulo Loeb é head de negócios da Fbiz
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