Cresce o interesse do público pela história da TV brasileira

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Opinião

Cresce o interesse do público pela história da TV brasileira

Mais do que conhecer a história da televisão brasileiro, é preciso lutar para a preservação de sua memória


18 de outubro de 2016 - 10h44

Chico Anysio em Chico City. Foto: Reprodução

Chico Anysio em Chico City. Foto: Reprodução

Como CEO do TV História, primeiro portal brasileiro 100% focado em produção de conteúdo jornalístico sobre a história da televisão, fico muito feliz quando vejo que cada vez mais as pessoas se interessam por esse assunto.

Não faz muito tempo que eu estava batendo na porta de alguns possíveis parceiros e ouvi frases como “ninguém liga para história da televisão”, “isso não dá cliques”, entre outras desculpas esfarrapadas. Isso foi entre 2010 e 2012.

Mas a situação mudou. Em 2014, comecei uma coluna semanal sobre o assunto no Notícias da TV, do jornalista Daniel Castro (que, aliás, não é meu parente, como muita gente me pergunta). E vários sites contam com colunas que igualmente abordam o assunto, trazendo à luz os mais variados temas sobre a história dos canais, das novelas, dos artistas, etc. Um bom exemplo é o Gabriel Vaquer no portal Na Telinha.

Muita gente boa luta pela preservação da memória da televisão brasileira. Não é possível nomear todos, mas posso citar aqui o Nilson Xavier, do Teledramaturgia, a pioneira Vida Alves e o Elmo Francfort, da Pró-TV / Museu da TV, o Mauro Alencar, que viaja o mundo divulgando nossas telenovelas, o Fernando Morgado, no Rio de Janeiro, o Edu César, do Papo de Bola, o José Marques Neto, da Mofo TV, o Duh Secco, além da bela iniciativa da Rede Globo com o projeto Memória Globo. Sem contar os garimpeiros de raridades que surgem no YouTube.

Luis Gustavo em Mário Fofoca. Foto: Reprodução

Luis Gustavo em Mário Fofoca. Foto: Reprodução

Recebi nesta segunda uma notícia do canal Viva, também do Grupo Globo, onde eles informam que setembro foi o melhor mês de audiência da sua história, ficando em quinto lugar no ranking da TV paga e segundo lugar entre o público adulto, atrás apenas do Sportv.

O excelente desempenho do Viva em setembro se deu em virtude da nova temporada da Escolinha do Professor Raimundo e também a reta final de Laços de Família, grande sucesso da Globo em 2000. Neste mês, o canal exibe três “novas” novelas: Torre de Babel (1998), que estreou no dia 3 de outubro, Pai Herói (1979), que começou nesta segunda, e A Gata Comeu (1985), a partir da próxima semana. São grandes sucessos.

O próprio canal Viva merece uma salva de palmas justamente por trazer de volta programas que fizeram sucesso e ficaram marcados na memória dos telespectadores mais velhos – além da oportunidade para que os mais novos conheçam.

A nova Escolinha é uma excelente forma de homenagear os humoristas do passado – vale lembrar que eles exibem a versão original também. Ainda foram feitas novas versões do Globo de Ouro, Sai de Baixo e TV Mulher. E dizem que vem por aí o Viva o Gordo.

Para quem gosta de relíquias, como eu, eles estão exibindo Chico City, dos anos 1970, e a série Mário Fofoca, dos anos 1980. Já mostraram Malu Mulher, Tarcísio & Glória, Chico & Caetano, TV Pirata, Viva o Gordo, Chico Total, entre outros.

Tony Ramos em Torre de Babel. Foto: Reprodução

Tony Ramos em Torre de Babel. Foto: Reprodução

Fico imaginando como seria se o SBT tivesse um canal Viva. Seria o máximo rever produções, principalmente de Silvio Santos (que não gosta que exibam seus programas antigos), Gugu Liberato, Hebe Camargo, as novelas…

Para isso, não é preciso criar um canal. Basta montar um bom site na internet. SBT, Record e Band contam com material precioso para montar seus projetos de memória, como a Globo fez. Já sugeri isso pessoalmente ao responsável pelo site do SBT em 2014. A Cinemateca Brasileira disponibiliza constantemente capítulos de novelas da Tupi. E é uma pena que o acervo da Manchete esteja mofando por aí.

O cardápio é variado, mas o acervo, infelizmente, não. Muita coisa se perdeu nos anos 1960 e 1970 e até meados dos anos 1980 ainda se reutilizavam as fitas por questão de custo.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, existe todo um cuidado com a memória da televisão e existem canais que só exibem programas antigos variados. Nos EUA, por exemplo, tem o Game Show Channel, que mostra atrações desde os anos 1950.

Continuaremos lutando pela preservação da memória da televisão brasileira. Não é fácil, mas é muito prazeroso. O veículo merece essa consideração.

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