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Opinião

O necessário crescimento das mulheres na publicidade

A maioria das campanhas publicitárias é criada por homens, muitas vezes jovens demais para sacarem que sua visão não tem apelo ao público feminino


8 de novembro de 2017 - 10h28

**Dados apresentados em seminário no Festival e Cannes de 2014

Nunca o tema da desigualdade de gêneros no mundo profissional esteve tão em voga. Pelo quarto ano consecutivo, o Festival de Cannes recrutou criativas para acompanhar o evento e desenvolver ações em prol da diminuição dessa desigualdade na indústria publicitária, um dos meios dominados pelo sexo masculino. Ainda existe a lenda de que mulher não é boa para criar, apenas para planejar, executar e ficar no atendimento. Em vez de ficar aqui lamentando esse cenário, quero deixar claro que isso é tão falso quanto uma nota de três reais. Nós, mulheres, estamos fazendo movimentos importantes para mudar essa realidade e estar lado a lado de outros gêneros, todos juntos em conversas inteligentes e igualitárias.

Segundo pesquisa do Meio & Mensagem, as mulheres somam apenas 20% dos profissionais de criação nas agências. O assunto é tão sério que duas organizações internacionais foram criadas para conquistar espaço para a mulher na publicidade, She Says (“Ela Fala”, da Inglaterra) e The 3% Conference (“A Conferência dos 3%”, dos Estados Unidos – nome dado devido a somente 3% dos diretores de criação das agências de publicidade americanas serem mulheres).

É uma contradição, se avaliarmos dados de consumo – afinal, o que move a publicidade, se não a venda de produtos e serviços? Pois 80% das decisões de compra em todos os setores da economia no mundo são feitas por mulheres (dados apresentados em seminário no Festival e Cannes de 2014). Não seria natural, então, que publicitárias falassem com seu público-alvo? A She Says acredita que isso explica o fato de que nem sempre os anúncios conseguem conquistar o público feminino. A organização aponta que dois estereótipos foram consagrados na publicidade – a mulher sexy e a mãe –, enquanto todas as outras mulheres que não se encaixam nesses padrões – aliás, ninguém é apenas uma coisa o tempo todo –, ficam de fora.

A maioria das campanhas é criada por homens, muitas vezes jovens demais para sacarem que sua visão não tem apelo ao público feminino. Basta ver a polêmica gerada pelos comerciais de cerveja, com mulheres lindas e seminuas servindo aos homens. As propagandas desse segmento têm mudado bastante, antenadas com uma “tendência” da qual não se pode mais fugir: a mulher é a principal consumidora e não aceita mais ser tratada como um pedaço de carne. Os tempos mudaram – até que enfim!

Onde trabalho, procuramos ter igualdade de gêneros em todos os níveis da companhia, inclusive nas posições de liderança, nas quais 42% dos cargos já são ocupados por mulheres. A boa notícia é que muitas outras empresas também têm feito esforços louváveis para alcançar o equilíbrio. Há esperança e, sim, precisamos fazer esforços proativos e continuar lutando para mudar cada vez mais esse cenário.

Olho para a minha trajetória e agradeço por ter conseguido vencer muitas barreiras. Sou responsável por um time de 70 pessoas e estou na mesma empresa há mais de 18 anos, desde que me formei, sendo sempre muito reconhecida a cada ano. Conduzo um grupo de liderança de mulheres da companhia e sou representante do País no grupo de influenciadoras do time da América Latina porque quero batalhar para que outras pessoas possam ter as mesmas oportunidades que tive e tenho.

Mulher moderna é profissional, dona de casa, companheira, mãe – se assim desejar – e tudo mais que quiser ser.  Polivalente, comprometida, multitarefa. Não há ninguém que consiga equilibrar tanta coisa sem usar de muita criatividade. É sim criativa e talentosa, e não vai mais deixar de mostrar a que veio. Viemos para ficar. Na criação publicitária e em qualquer lugar. Igualdade de gênero nada mais é que reconhecimento. E a hora é já.

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