D2G: quando a engenharia encontra a publicidade
Startup gaúcha nasceu atendendo indústrias e acabou no universo das agências, com direito a case em Cannes e projetos internacionais
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Roseani Rocha
22 de dezembro de 2020 - 6h00
A D2G Tecnologia é uma empresa criada há cinco anos por Diego von Brixen Montzel Trindade, diretor de negócios, e por Grégory Frizon Gusberti, diretor de engenharia. No entanto, apenas um ano e meio após ter iniciado operação, desenvolvendo linhas industriais para empresas, máquinas para indústria e automação industrial, ela começou a tomar outro rumo.
E o caminho foi tão diverso, que a D2G é uma das envolvidas no case Pet Commerce, da rede Petz, que em 2019 levou Ouro no Cannes Lions, em Criative Data, ao usar inteligência artificial para fazer leitura facial de cachorros que, assim, “escolhiam” seus próprios produtos (a agência no case é a Ogilvy e também esteve na execução a Hogarth). A D2G também foi responsável pela criação de um carrinho de supermercado inteligente e autônomo que guiava pessoas com deficiência visual, em outro case, para a Skol. E a expertise da empresa desfilou até na Sapucaí, quando, em 2018, sua equipe reproduziu uma bobina de Tesla (popularmente conhecida como máquina de fazer raios), dando vida ao deus hindu Indra, que soltava raios por um tridente em um dos carros alegóricos da Mocidade Independente de Padre Miguel (assista, abaixo, ao vídeo com o making of). Já no início deste ano, a D2G criou para a Nissan nos Emirados Árabes o Unstuck Poster. A montadora divulgava o Nissan Patrol e a ativação brincava com quem não tivesse um carro à altura para enfrentar os perigos de correr no deserto. Foram produzidos pôsteres que funcionam como tapetes de tração, para ajudar quem eventualmente ficasse preso no caminho. E como tão grande quanto o perigo de atolar está o de se perder no deserto, neles foram introduzidos dispositivos criados pela D2G Tecnologia, com transmissor de rádio que possibilitava ao motorista acionar um botão para contatar a Patrulha de Resgate da Nissan. O tapete foi enviado a 500 potenciais clientes que dirigiam veículos de concorrentes e a ativação recebeu o Cresta International Advertising Awards. Todas as produções são idealizadas e produzidas na unidade fabril de engenharia da empresa em Porto Alegre, mas com a ressalva de que clientes de qualquer parte do País – e não só dele, como deixou clara a ação com a Nissan – são atendidos.
Diego conta que o sócio é especialista em visão computacional e inteligência artificial (IA) e ambos perceberam uma demanda dentro da publicidade para embarcar tecnologia em determinados projetos. “Boa parte das empresas que fornecem execução para agências, para não dizer quase todas, não são empresas de tecnologia ou têm processos de engenharia de fato. Percebemos que tinha muitas aplicações para resolver problemas da publicidade”, comenta.
Quando começou a visitar todas as principais agências de São Paulo, percebeu que havia boas ideias, com uma engenharia complexa, mas que não eram o métier dessas agências resolver – ainda mais no prazo “normal” de agências, do tudo pra ontem. Com essa aproximação ao mercado de agências, Diego conta que já apontaram vários caminhos viáveis a projetos que eventualmente alguém pensa que será uma coisa caríssima e sua empresa mostra uma implementação de forma fácil. Por outro lado, também não tem receio de dizer na lata quando algo é inviável.
Enquanto de um lado existe a demanda por profissionais de execução, daí a ascensão dos “makers”, “fab labs” e outros perfis, Diego reconhece que, de outro, empresas como as agências não pensavam em buscar engenheiros porque a maioria destes também é muito presa ao sistema de trabalho mais engessado e com mais prazo da indústria. O que na estrutura enxuta da D2G não é problema, já que a empresa, diz, adaptou tudo aos prazos e criatividade do publicitário, resultando em projetos como os citados.
Ultimamente, aponta o executivo, até por conta da pandemia, há mais demandas de apps, sites que envolvem algum reconhecimento do cliente e recursos como a realidade aumentada.
Media Eye
Outra frente mais recente de atuação é o fornecimento de uma solução de monitoramento, batizada Media Eye. Um pequeno equipamento que, ao ser acoplado aos pontos de mídia OOH, além do fluxo real, mensura o impacto de determinada mídia, entregando relatórios online aos anunciantes baseados nesse impacto real e não em estatísticas. “Agora é possível monitorar isso, avaliando, por exemplo, um mesmo anúncio em pontos diferentes da cidade e comparar o impacto em cada região”, ressalta Diego.
Hoje, o Media Eye está instalado em 450 pontos OOH, incluindo aproximadamente 370 da Sinergy nas cidades de Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e Gramado. Uma versão mais avançada, que realiza reconhecimento facial, também começa a ser utilizada no varejo, em uma rede de lojas de conserto de aparelhos Apple, a iHelpYou. Neste caso, os dados permitem fazer heat maps, indicando os melhores lugares para colocar produtos dentro da loja, por exemplo, já que avaliam por onde as pessoas mais circulam. Colocado numa vitrine, detecta que itens mais chamam atenção; as informações, cruzadas com sistemas internos, podem também gerar dados sobre conversão em vendas. Shoppings têm avaliado a ferramenta, também interessados nesses heat maps, que indicariam os melhores espaços para realizar ativações de marketing, por exemplo.
Se as demandas no auge da pandemia, em abril, haviam sumido e o faturamento caiu 90%. Hoje, destaca Diego Trindade, está “todo mundo tentando correr atrás do tempo perdido” e a empresa fechará 2020 com crescimento de 25% sobre 2019, especialmente por conta de projetos com o Media Eye, que permite recorrência e projetos de mais longo prazo, pela expertise da empresa em big data e IA.
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