Ex-incubadas faturam R$ 4,1 bi no Brasil
Dado é de estudo ainda inédito realizado pela Anprotec em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
Dado é de estudo ainda inédito realizado pela Anprotec em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
Fernando Murad
16 de julho de 2012 - 9h36
O movimento de incubadoras começou em meados da década de 1980 no País, e após quase 30 anos já ostenta números significativos. Existem no Brasil 384 incubadoras, que abrigam 2.640 empresas e geram mais de 16 mil postos de trabalho. Além disso, 2.509 empreendimentos foram graduados — se tornaram negócios — e atualmente faturam cerca de R$ 4,1 bilhões e empregam quase 30 mil pessoas.
Os números são de um estudo ainda inédito feito pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Além do mercado brasileiro, a pesquisa analisou a experiência de incubadoras na Alemanha, Argentina, Bélgica, Coreia do Sul, Espanha, França, Itália, Israel, Portugal e Reino Unido, e nos continentes europeu e americano.
“O cenário das incubadoras de empresas no Brasil alcançou sua maturidade, mas ainda existem alguns desafios, principalmente na área de gestão: obtenção de recursos, pessoal e estrutura organizacional. O mercado brasileiro está entre os maiores do mundo, pois possui estrutura muito semelhante à das experiências analisadas no estudo em vários aspectos: tamanho das empresas incubadas, áreas de atuação e forma de financiamento de sua operação”, afirma Francilene Garcia, presidente da Anprotec.
Para ajudar as empresas do setor a superar os entraves de crescimento, a Anprotec, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), está implantando o Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne). “Trata-se de um modelo de gestão que visa promover a melhoria dos resultados das incubadoras em termos quantitativos e qualitativos”, explica Francilene.
Outro dado que confirma a consolidação do segmento vem da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2011 (GEM), realizada anualmente pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP). O País possui 27 milhões de empreendedores, perdendo apenas para a China e os Estados Unidos no ranking de 54 nações analisadas pelo levantamento.
Bedoo, primeira incubada da ESPM
“No brasileiro há a natureza de empreender negócios. A maior dificuldade é a falta de linhas de financiamento no mercado financeiro para novos projetos. Os bancos exigem garantias que inviabilizam. Isso é um limitador”, analisa o professor José Eduardo Amato Balian, coordenador da Incubadora de Negócios da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), lançada em abril de 2010 e que desde maio deste ano ganhou uma sede própria para abrigar fisicamente até oito startups — o processo de seleção deve ser aberto em agosto.
O primeiro projeto incubado pela instituição a alçar voo solo é o portal Bedoo, comparador de preços baseado no comportamento do consumidor, no ar desde junho. Construído em cima do conceito de fast shopping, o site identifica o perfil e a necessidade do usuário a partir de um pequeno questionário (de três a cinco perguntas), e faz três sugestões de produto em faixas diferentes de preço. O empreendimento tem parcerias com 17 varejistas, dentre eles Carrefour, Casas Bahia, Fast Shop, Magazine Luiza, Submarino, Ponto Frio e Walmart.
“Tudo partiu da análise do comportamento do consumidor. Minha mãe, por exemplo, demorou cinco meses para comprar um notebook. O vendedor da loja física tinha o papel de orientar o comprador. Quem compra pela web, gasta muito tempo para pesquisar e comparar. Tentamos resolver o problema de forma integrada criando uma ferramenta que identifica o melhor produto para cada perfil”, diz Marcelo Cardenuto, sócio-fundador do Bedoo ao lado de Gustavo Ribeiro (formado pela ESPM) e Jorge Metello (todos os três ex-funcionários da IBM).
A incubadora surgiu a partir de uma constatação e de uma projeção. A primeira é que cerca de 30% dos alunos da instituição são filhos de empresários ou profissionais ligados ao empreendedorismo. A segunda, é que no futuro próximo o cenário do mercado de trabalho terá 40% de profissionais registrados (CLT), 40% de empreendedores e 20% de pessoas procurando emprego. “Nesse contexto, a maioria das pessoas será profissional liberal. A escola desenvolveu o projeto para despertar esse espírito nos alunos e difundir a cultura empreendedora”, afirma Balian.
O núcleo de startups tem duas linhas de atuação: uma primeira, comportamental, que abrange eventos, cursos e workshops que visam incutir a cultura empreendedora nas escolas da ESPM; e outra, prática, que é a incubadora propriamente dita. Do total de 190 projetos em desenvolvimento, 30% são ligados à tecnologia, 30% ao comércio e 10% ao setor alimentício. O restante é pulverizado em diversas áreas. “Temos 15 empresas montadas e outras cinco para serem montadas no segundo semestre, número que tem surpreendido”, conta Balian.
A participação da ESPM nas incubadas inclui consultoria no desenvolvimento do plano de negócios e na análise da viabilidade econômica, e, após o lançamento da empresa, o acompanhamento por um período inicial da evolução financeira, de marketing e operacional. Aportes financeiros e sociedade nas startups não estão nos planos da escola. Em geral, a cada cem empresas incubadas no mundo, 80 vingam e 20 fecham as portas. No Brasil, essa relação está na casa de 50%. A meta da ESPM é atingir a média global. “O mais importante é desenvolver bons projetos. Pode ser um ou dez por ano”, afirma Balian.
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