Fair Play financeiro e unificação das ligas: o futuro dos negócios do futebol brasileiro
Evento promovido pela CBF reuniu líderes do mercado esportivo para discutir inovações e a valorização do futebol brasileiro
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Valeria Contado
27 de novembro de 2024 - 16h41
Nesta terça-feira, 26, aconteceu em São Paulo a primeira edição do CBF Academy Summit, evento promovido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), através de sua divisão de ensino, CBF Academy.
O evento reuniu líderes do mercado esportivo, como os presidentes Julio Casares, do São Paulo; Leila Pereira, do Palmeiras; e Rodolfo Landim, do Flamengo; os representantes da Liga Brasileira de Futebol (Libra), Silvio Matos, e da Liga Forte União (LFU) Marcelo Paz, além de representantes dos poderes públicos, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o Ministro do Esporte, André Fufuca.
O objetivo era debater soluções voltadas para inovação, desenvolvimento e valorização do futebol nacional, até mesmo a internacionalização do produto. A intenção da entidade é tornar o Summit uma iniciativa anual.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, reforçou a intenção desse evento em criar um ambiente mais colaborativo dentro do futebol brasileiro. “Vivemos um momento de inovação no futebol, isso nos exige não apenas acompanhar as mudanças, mas liderá-las. Quando promovemos debates sobre profissionalização, sustentabilidade e inovação estamos contribuindo para elevar o patamar do esporte, que tem nos exigido uma visão de negócios sem perder a sua essência”, disse.
Além disso, o dirigente destacou algumas ações promovidas pela entidade no combate a discriminação, especialmente, ao racismo, reforçando a adoção do protocolo do gesto antirracista da Fifa.
Uma das grandes mudanças no cenário do futebol brasileiro foi o desenvolvimento de ligas, que seriam as responsáveis, dentre outros assuntos, por atender às necessidades comerciais dos clubes, especialmente em relação a venda de direitos de transmissão.
Esse foi um dos assuntos d0 debate que contou com Marcelo Paz, presidente da LFU; Pedro Paulo, deputado federal, e Silvio Matos, CEO da Libra.
Os executivos avaliam que, no momento, o que se criou foram grupos de interesses comerciais, voltados para a venda dos direitos de transmissão de forma que fosse justa no ponto de vista dos clubes. No entanto, o objetivo desse tipo de organização no futebol vai além disso.
Por isso, o caminho lógico, que vai auxiliar no desenvolvimento do esporte no Brasil, seria, segundo eles, a unificação desse grupo.
“Queremos ter, no médio a longo prazo, uma liga única para alavancar o potencial econômico do futebol”, explicou o deputado fedral. Já o presidente da LFU afirmou que o próximo passo, após a rodada de negociações do Brasileirão para os próximos anos, seria uma conversa sobre a possível unificação desses grupos.
As discussões desse grupo devem ser voltadas a temas como fair play financeiro (expressão do futebol que designa um conjunto de regras que visa evitar que clubes de futebol gastem mais do que arrecadam), sustentabilidade e desenvolvimento de categorias de base e clubes de menor expressão, bem como a padronização do futebol como um produto.
“Avançamos alguns passos nesses blocos comerciais. Trabalhamos para que isso aconteça e a união dos clubes é fundamental”, afirmou Marcelo Paz, que também é CEO do Fortaleza.
Essas discussões são fundamentais para o desenvolvimento de um produto que pode ser global, como acontece com ligas internacionais como Premier League, da Inglaterra. Para Silvio Matos, da Libra, o futebol brasileiro tem potencial de ser globalizado, mas ainda não conseguiu desenvolver um produto para isso.
Segundo o presidente da Libra, o futebol nacional tem a capacidade de criar valores intangíveis, que não podem ser medidos financeiramente, mas que o mercadologicamente não conseguem ser monetizados, como outras ligas fazem. “Temos que olhar o mercado e aprender com ele, sem perder a essência do que é o futebol brasileiro. Ter padrão é formar produto e o tempo inteiro ouvimos que o Brasil não tem um produto para comprar”, disse.
Isso significa, segundo os executivos, padronizar o formato de imagem para transmissão, melhorar a qualidade dos estádios e profissionalizar diversas áreas do negócio. “A briga é global, o mercado é um só. Nosso mercado doméstico é fabuloso, mas a janela internacional nos dá oportunidades gigantescas”, completou.
Outro aspecto debatido foi a sustentabilidade e sucesso financeiro dentro dos clubes. Apesar de ser um mercado que movimenta muito dinheiro, o futebol ainda sofre com dívidas e clubes financeiramente quebrados, o que resulta em um desequilíbrio competitivo dentro dos campeonatos.
Por isso, para Leila Pereira, presidente do Palmeiras, é importante desenvolver um sistema de fair play financeiro que ajuste o sistema econômico e impeça que os dirigentes criem problemas financeiros para os seus clubes. A executiva também defendeu a criação de uma legislação que seja punitiva para os presidentes que deixarem seus clubes com déficits muito altos.
“Você só vai para frente se você tem credibilidade e é isso que precisamos resgatar no futebol brasileiro. Isso é função de nós, dirigentes. A impunidade impede a valorização que é esse grande produto que é o futebol brasileiro”, afirmou.
Outro ponto importante para manter a sustentabilidade financeira de um clube é fazer um plano interno que ajude a controlar cenários adversos. Isso, segundo Júlio Casares, do São Paulo, parte de uma proposta que equilibre um time que investe em jogadores para ser competitivo e que saiba a hora de estancar os gastos e invista em outras ações que aproximem o torcedor, que é o ativo mais importante de um clube.
Esse foi um dos motivos pelos quais o São Paulo investiu em um plano de marketing que fizesse esse papel, somado ao naming rights do Morumbis, ações com a Live Nation e o desenvolvimento de um programa de patrocínio para o centenário. Desse modo, o dirigente acredita que o tricolor paulista caminhará para um equilíbrio financeiro, apesar de já saber que terminará em déficit esse ano.
“O futebol é o que traz o torcedor, mas nós, dirigentes, temos que ter a consciência de trabalhar com determinação. Passou o tempo do dirigente personalista, temos que ser responsáveis”, avaliou.
O Flamengo, por sua vez, acreditou na força de uma equipe forte para a saúde financeira do clube. As premiações e avanços nas competições ajudaram o clube a fazer com que sua camisa passasse a valer R$ 270 milhões.
Isso também gerou um crescimento em sua receita, o que, consequentemente faz com que, a cada ano o Flamengo, passe a investir mais, como explicou Rodolfo Landim. “Tornar o ciclo virtuoso a primeira coisa que fizemos. Mexemos na estrutura profissional, mudamos processos e treinamos pessoas. Tivemos que montar um elenco eficiente e estruturar os processos de decisão baseado em fatos e dados começamos a ter um aumento de receita”, afirmou.
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