Gap em educação dificulta desenvolvimento de CMOs
Dados levantados pela Makers revelam que 74% dos CMOs veem conhecimento se tornando obsoleto de forma rápida

Rápido avanço de tecnologias se torna desafio para equipes de marketing (Créditos: Zamrznuti Tonovi/Shutterstock)
Os CMOs enfrentam, ano após ano, uma série de desafios impulsionados por transformações tecnológicas, pressão por resultados e exigência por competências cada vez mais complexas e interconectadas.
Hoje, a profissão demanda gestão estratégica, tomada de decisão orientada por dados, visão de negócio, capacidade constante de aprendizagem e domínio de tecnologias de CRM e IA, entre outras funções.
Segundo o levantamento The Future of Work in Marketing, realizada pela Makers em parceria com a Unico Skill, 74% dos CMOs afirmam que o conhecimento de suas equipes se torna obsoleto rapidamente, acompanhando a velocidade com que novas tecnologias emergem. Outros 16% permanecem neutros, enquanto apenas 10% discordam dessa percepção.
Esse dado evidencia que o maior gap da indústria não é orçamento, tecnologia ou processos, mas sim conhecimento.
“Os dados, em geral, mostram uma mudança profunda na percepção do capital humano: o principal diferencial competitivo de uma empresa hoje não está apenas em ferramentas, orçamento ou tecnologia, mas na capacidade de seus profissionais aprenderem, se adaptarem e evoluírem constantemente”, afirma Thaís Azevedo, CMO da Unico Skill.
O acesso desigual à educação também agrava esse cenário: somente 16% dos profissionais conseguem investir em novos aprendizados de forma estruturada mensalmente. Os que o fazem trimestralmente são 25%, semestralmente são 24% e uma vez por ano ou raramente são 35%.
Entre as razões que se apresentam como barreiras para o aprendizado, lideram a falta de tempo (32%) e alto custo de cursos e eventos (12%).
A pressão por resultados também vem acompanhada de uma falta de suporte emocional. A obrigação de se manter relevante diante de um consumidor volátil e exigente faz com que muitos profissionais se sintam sobrecarregados.
Segundo o levantamento, um dos benefícios mais estratégicos para impulsionar resultados são ações relacionadas à saúde mental e equilíbrio emocional (30%). Outras soluções apontadas incluem educação e desenvolvimento (36%) e bem-estar e fitness (14%).
A maioria dos CMOs, no entanto, mede a força de suas equipes por indicadores que não priorizam a saúde do time – mesmo sendo um dos benefícios mais desejados. Segundo o levantamento, 33% dos respondentes consideram KPIs ligados a engajamento, satisfação e clima; 29% priorizam performance e atingimento de resultados; 21% destacam desenvolvimento do time; 13% olham retenção e turnover e apenas 4% escolhem bem-estar/saúde.
As skills mais valorizadas
A dificuldade em montar times preparados também é evidente, e uma consequência dessa lacuna no mercado. Cerca de 44% dos CMOs relatam ter problemas para contratar profissionais com soft skills adequadas, enquanto 13% encontram barreiras principalmente nas hard skills. Outros 27% afirmam ter dificuldades em ambas as partes.
A pesquisa também revela que 87% dos líderes concordam que investir em novas habilidades gera ROI, e 59% enxergam plataformas de upskilling e reskilling como a forma mais eficiente de manter o time competitivo – porém, o discurso ainda não se traduz em ação.
Entre os atributos considerados indispensáveis na carreira, lideram experiência prática (43%), pensamento analítico (43%), adaptabilidade (38%), foco em resultados (37%), comunicação (29%), liderança (29%) e autoconfiança (22%), um conjunto que mistura profundidade técnica com maturidade humana e cognitiva.
Novas tecnologias e IA
A integração de tecnologias avançadas, como IA generativa, automação inteligente e outras plataformas de produtividade, tem transformado a forma como ideias são criadas, executadas e mensuradas.
Segundo o levantamento, 70% dos CMOs afirmam que o investimento em educação contínua dentro das empresas avançou menos do que as inovações tecnológicas.
“Investir no crescimento e na evolução do time não é mais um prêmio, mas uma estratégia central de negócio, essencial para manter a relevância. O CMO passa a ser um gestor de energia e de aprendizado do time, e a habilidade de formar pessoas é um pilar essencial do DNA do líder de marketing do futuro”, sintetiza Thaís.
Metodologia
A pesquisa The Future of Work in Marketing ouviu mais de cem CMOs em todo o Brasil durante o mês de novembro. Os resultados foram apresentados durante evento nesta quinta-feira, 4.