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IBM 100 Anos: Da prancheta ao lucro

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IBM 100 Anos: Da prancheta ao lucro

Intimamente ligada à história da computação, IBM chega aos 100 anos e inaugura laboratório no País


18 de outubro de 2011 - 1h45

Presente no mercado brasileiro há 94 anos, a International Business Machine (IBM), em 2011, comemora seu centenário — uma das atividades foi a realização de um Colóquio Técnico Científico, no início do mês, em São Paulo. A relevância da companhia é inegável. Ela criou os computadores pessoais. Houve lá, também, momentos em que tomou atitudes questionáveis, como a de fornecer tecnologia para o regime nazista, durante a Segunda Guerra. De uma forma ou outra, ano após ano, a empresa aprende com os erros e acertos. E se reinventa de tempos em tempos, no universo cada vez mais dinâmico que ajudou a criar. Tanto, que no ranking de marcas mais valiosas, divulgado recentemente pela consultoria internacional Interbrand, a IBM figura em 2o lugar, atrás apenas da imbatível Coca-Cola.

Surgida como uma empresa que fabricava objetos de mecânica fina, como cortadores de salame e mortadela, a IBM “já foi várias coisas”, segundo Fábio Gandour, cientista-chefe da empresa no Brasil. Com bom humor, Gandour aproveita para criticar a banalização do termo “inovação”, presente hoje até em embalagens de xampu.

Dos cortadores, a IBM evoluiu para os relógios. O da Central do Brasil, no Rio de Janeiro é da empresa. Criou também engenhos mais sofisticados, como o modelo de aferição de medidas criado por Herman Hollerith, para o censo de 1917, que deu origem à expressão holerite no Brasil, devido ao uso de sua invenção na gestão da folha de pagamento das empresas.

A mecânica fina se automatizou, virou engenho para medição com processadores­, de onde surgiu a microeletrônica. “O conhecimento é acumulado sob a forma de knowledge, que é o conhecimento propriamente dito, e skill, cuja melhor tradução é aptidão. O knowledge­ e o skill acumulados ao longo do tempo alimentaram essa transformação”, comenta Gandour.

O cientista executivo reconhece que um dos piores momentos para a IBM foi a década de 90, quando a empresa concentrou-se em serviços e abriu mão, por exemplo, dos PCs que criara, mas que outras empresas sabiam como melhor aproveitar.

Por meio de aquisições, a companhia entrou em novas áreas. “O último exemplo foi a Netezza. O que ela faz? Fabrica­ ou fabricou algoritmos de business analytics. Quando compramos uma empresa, estamos comprando é um monte de cérebros. E permeia essa estratégia toda sempre a intenção de manter um caráter inovador nas coisas que a gente faz. Inovar não é muito fácil, exige discussões intermináveis.”

Os laboratórios de pesquisa da IBM no mundo servem à essa busca pela inovação. É o caso do Research Lab da IBM no Brasil, primeiro laboratório de pesquisa da empresa no Hemisfério Sul, que dá seus primeiros passos, dividido entre São Paulo e Rio de Janeiro.

O laboratório brasileiro é o nono da IBM pelo mundo. Ele se debruçará sobre quatro agendas de pesquisa. A maior é a de Recursos Naturais com ênfase em óleo e gás, motivada pela descoberta do pré-sal. A segunda é Ciência dos Serviços, por este aspecto do mercado ser um componente importante da economia global.

Marketing científico

Em terceiro lugar estão Sistemas Humanos, com ênfase em megaeventos, afinal, haverá por aqui Copa do Mundo e Olimpíada. “Teremos a oportunidade de fazer pesquisa que permita a modelagem matemática do comportamento desses sistemas humanos em megaeventos”, diz Gandour. Segundo ele, há necessidade de estudos e planejamento diferentes para diferentes concentrações humanas. Um Rock in Rio, que reuniu 700 mil em sete dias é diferente de uma Hajj, a peregrinação anual que move cinco milhões de muçulmanos entre as cidades de Meca e Medina, em três dias.

O quarto pilar é voltado à Microeletrônica, preferencialmente engenhos de baixa complexidade e empacotamento de circuitos, algo mais técnico, a envolver chips de baixa complexidade. “É possível que no próximo ano a gente já anuncie mais um pilar, voltado para a área de computação mesmo. O modelo de operação desse laboratório é voltado para a ciência como negócio”, frisa.

Além de muitas ideias, Gandour também tem um recado para os publicitários. Ao fazer a distinção entre “ciência como negócio”, aquela que se apoia na realidade e se complementa com a ciência como doutrina, ou seja, a ciência pura realizada nas academias, o pesquisador da IBM se ressente de um bom marketing que atenda as empresas que lidem com o primeiro viés científico.

“A ciência como negócio é aquela que será orientada a trazer um bom resultado para o seu agente financiador. Temos de trazer um bom retorno para a IBM cujo B da sigla não é de benemerência, é de business”, diz.

Ele destaca que o marketing para a ciência não é o mesmo que vende alimentos, refrigerante ou apartamentos. Enquanto este, em grande parte é calcado no encantamento, o primeiro é sustentado pela credibilidade. “Queria muito que os publicitários prestassem atenção nisso­, porque não é só a IBM que está anunciando ciência no Brasil. O País está passando por uma verdadeira epidemia de ciência e pesquisa, pipocando por tudo quanto é lugar. Existe aí uma oportunidade­ para as agências de publicidade criarem peças adequadas a esse marketing.”

E qual seria a melhor invenção da IBM em seus cem anos de história? Para o pesquisador, o robô Watson, um experimento de computação semântica (ou cognitiva), que em janeiro deste ano venceu os melhores competidores humanos do Jeopardy, atração à la Show do Milhão, que é sucesso nos EUA.

Naquele caso, entretanto, o quizz é mais complexo, porque a resposta certa­ é a pergunta correspondente à determinada dica de um assunto. O robô, que homenageia Thomas Watson, criador da IBM, é resultado de pesquisas na área de arquitetura para o desenvolvimento de informação desestruturada, dados mais complexos de gerenciar do que informações bancárias, por exemplo, realizadas desde 2003. “Watson, que começou com esse engenho de caráter experimental, agora está virando produto, tomando um jeitão mais comercializável. Watson era quase um brinquedão sofisticado para competir na televisão, mas obviamente cria conhecimento e aptidão, que estão sendo “produtizados”. O produto chama-se IBM Deep Q&A”, revela Gandour.
 

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