Mulheres recebem menos e pagam mais
Pesquisa da ESPM comprova que produtos para o público feminino custam, em média, 12,3% mais que os semelhantes voltados aos homens
Pesquisa da ESPM comprova que produtos para o público feminino custam, em média, 12,3% mais que os semelhantes voltados aos homens
Roseani Rocha
10 de março de 2017 - 8h00
Como se não fosse suficiente as mulheres, em muitos casos, receberem um salário menor do que o dos homens, mesmo quando exercem as mesmas funções, elas ainda pagam mais caro por produtos que sejam destinados ao público feminino especificamente, comprovou um estudo conduzido pelo Mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor da ESPM, com apoio da InSearch. A notícia é agravante de outra divulgada nesta semana em que se “comemora” o Dia Internacional da Mulher: segundo a ONU Mulheres, se as mudanças continuarem no ritmo atual, a equiparação salarial entre homens e mulheres levará 170 anos para acontecer no mundo. Por isso, a ONU lançou uma campanha para tentar eliminar em vários países leis discriminatórias às mulheres até 2021 e tentar antecipar para 2030 essa equiparação salarial.
O estudo da ESPM, conduzido pelo professor Fabio Mariano Borges, foi inspirado em análise semelhante feita pelo The New York City Department of Consumer Affairs, órgão local de defesa do consumidor que detectou, no final de 2015, a disparidade de preços à qual deu o nome “pink tax”, ou “taxa rosa”. A pesquisa alertou para a possível ocorrência do fato em outros países, o que está sendo comprovado também no Brasil. Aqui, considerando todos os produtos e categorias avaliados, os preços pagos pelas mulheres são em média 12,3% mais elevados. Em algumas categorias de produtos e serviços o percentual cresce: vestuário adulto feminino é 17% mais caro que a mesma versão masculina (no caso de uma calça jeans a elevação pode chegar a 23%), vestuário para bebê ou infantil é 23% mais caro, corte de cabelo, 27% mais e brinquedos, 26% mais caros. Mas há casos piores. Um kit de lâmina de barbear é 100% mais caro na versão cor-de-rosa (já o xampu anticaspa, da mesma marca, na embalagem versão masculina e embalagem azul é 9,8% mais barato).
Além da pesquisa de preços, o estudo também analisou a percepção das mulheres sobre seus hábitos de consumo – antes de elas saberem a respeito da “taxa rosa”. A maioria delas (92%) concorda que mulheres administram melhor o dinheiro que os homens. A propósito, elas também acham (96%) que as mulheres consomem mais produtos que os homens e que ter filha é mais caro do que ter filho (concordância de 87% da mostra para essa afirmação). Além disso, 75% concordaram com a afirmação de que “toda mulher é consumista” (maioria da classe A e minoria na classe C) e 93% acreditam que é raro uma mulher ir ao shopping e não comprar nenhum produto (a concordância com isso é menor na classe C).
Embora 87% das participantes digam que as mulheres sabem comprar melhor que os homens, 58% concordam com a afirmação de que eles são melhores para comprar artigos de tecnologia e 91% delas pedem ajuda a um homem ao adquirir um bem de alto valor, como um imóvel. Além disso, 72% concordam com a declaração de que homens entendem mais de carro, por isso é bom consultá-los na hora de comprar esse tipo de bem.
Foram ouvidas 480 mulheres, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, com idades entre 20 e 55 anos, das classes A, B e C.
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