Feira na Rosenbaum exalta design autoral brasileiro
Edição de Fim de Ano da feira tem patrocínio master do Bradesco, espera 15 mil visitantes e reúne artistas que valorizam biomas brasileiros e culturas indígenas
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Roseani Rocha
9 de dezembro de 2019 - 6h00
O assunto estilo de vida e decoração tanto faz sucesso que ganhou e – manteve – espaço na grade de muitos canais de televisão aberta e, principalmente, paga. E a vertente do design que se debruça sobre esses temas também movimenta cada vez mais o setor de eventos, com encontros como a Feira na Rosenbaum, cuja edição de Fim de Ano, começou no último sábado, 7, e vai até o dia 15 de dezembro, no Unibes Cultural, em São Paulo, com patrocínio master do Bradesco.
A feira foi criada há oito anos por Cris Rosenbaum (seu ex-marido e designer Marcelo Rosenbaum, assim como Adriana Benguela, são sócios de Cris, que atua como curadora; Marcelo, aliás, foi também por muito tempo apresentador do programa Decora, no GNT, atração hoje comandada por Mauricio Arruda). A Feira Na Rosenbau, que tem cinco ou seis edições por ano, é definida por Cris e sua equipe de comunicação como “um encontro que reúne artistas e designers independentes para levar ao público criações autorais e com identidade brasileira (…). A Feira recebe desde comunidades criativas tradicionais do Brasil a artistas e designers contemporâneos”.
Essa identidade brasileira foi buscada por Cris, este ano, em viagens de pesquisa a territórios tão distintos quanto Alter do Chão (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília, Florianópolis (SC), Recife (PE), São Paulo (SP) e Tracunhaém (PE). Na entrevista a seguir, Cris Rosenbaum, que estudou direito e, depois, acabou trabalhando com moda, explica por que decidiu dedicar-se à atividade de curadora de um evento de design e por que, nesta edição buscou privilegiar o trabalho de artistas – são 53 expositores nesta edição – que tivessem como inspiração os biomas brasileiros.
Meio & Mensagem – Primeiro você largou o direito e migrou para a moda, como foi depois sair do trabalho exclusivo com a moda para a organização de uma feira que integra diferentes talentos e temas do design?
Cris Rosenbaum – Trabalhei como estilista de várias empresas, Uniqlo, depois Siberian. Sempre teve esse lado criativo e quando você começa a lidar com artistas e fazer essa seleção, o trabalho de curadoria é quase a mesma coisa. Está mexendo com criatividade. A diferença principal é que antes eu trabalhava para alguém e depois mais como empreendedora.
M&M – Qual era o perfil da feira na primeira edição? O que mudou principalmente ao longo desse tempo e como a definiria hoje?
Cris – A feira vai fazer oito anos, mas o perfil é quase o mesmo: enaltecer o grande designer, o que começou lá atrás com o Marcelo. Ao longo do tempo, o que aconteceu foi que fiquei mais seletiva. Diria que o que mudou mais foi meu olhar. Vi que queria fazer uma coisa se fosse mesmo para o lado de casa e decoração e não virar um bazar cheio de roupa e bijouterias. Sempre gostei de coisas de casa. Só evoluímos no jeito de expor e chamar pessoas.
M&M – Acredita que o design brasileiro seja igualmente valorizado no mercado interno e externo?
Cris – É sim. E vai ser mais ainda, porque num futuro próximo esse “feito à mão” é o que vai sobreviver. Essa coisa em massa, em bloco, chinesa, tende a cair. Porque muita gente já pensa que se é para gastar dinheiro, vão querer exclusividade numa peça, investir em uma obra de arte. Estamos indo para um lado de desenvolvimento de produto, de ter coleções feiras para a feira. Tem o trabalho da Origens Brasil, com comunidades indígenas. Uma delas fez uma coleção, com cadeira e roupas. A ideia é valorizar a cultura dessas comunidades compartilhar, produzir junto e virar uma rede.
M&M – Vocês escolheram trabalhar nesta última edição do ano com biomas brasileiros e vivemos um momento em que o meio ambiente tem perdido terreno em termos de políticas públicas ou da importância que o governo dá ao tema. Essa escolha tem a ver com este cenário ou foi algo anterior?
Cris – Super a ver com esse cenário. Acabei de voltar de Alter do Chão e tem muito a ver sobre o que está ocorrendo lá em cima. Ficamos aqui na bolha de São Paulo e voltei de lá quase deprimida. Por outro lado, essa viagem me fez ver que não quero mais fazer feira em 2020 sem um propósito. Quer dizer, propósito sempre tivemos, mas isso vai aumentar, quero fazer do evento uma chamada para acordarmos para questões importantes do nosso país, principalmente, a indígena. Por isso, fiz um encontro semana passada com jornalistas. Era um grupo pequeno, mas acredito nos efeitos de ir tocando de 10 em 10 pessoas.
M&M – Como é que tem sido a evolução comercial da feira nos últimos anos? E como vocês trabalham sua divulgação?
Cris – Hoje passam pela feira de duas a três mil pessoas por dia, ou seja, são mais de 15 mil visitantes. Na comunicação, temos a Livia Salomoni, que cuida de todo conteúdo para Instagram e Facebook, temos reuniões semanais. A Fabiana Zanin cuida de toda a direção de arte e comunicação visual, mais a assessoria da Lema. Também contrato outras pessoas para trabalhar na época da feira. E se tem uma causa que temos de apoiar neste momento, inclusive na comunicação, é a indígena.
M&M – Quais os planos para 2020, que já está quase aí?
Cris – Quero agarrar mais o problema do desmatamento, das ameaças às comunidades indígenas, continuar fundo nisso. Também pretendo fazer menos feiras em São Paulo; viajar mais com o evento para fora da cidade. São Paulo é um lugar com maior concorrência, com muita feira acontecendo num mesmo fim de semana. A ideia é ficarmos mais com Dia das Mães, Design Week e Natal.
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