NBB atrai marcas grandes e até padaria
Liga de basquete começa no sábado 9 e empresas esperam aproveitar a carona em um esporte que luta para retomar patamar histórico
Liga de basquete começa no sábado 9 e empresas esperam aproveitar a carona em um esporte que luta para retomar patamar histórico
Felipe Turlao
8 de novembro de 2013 - 3h51
Oscar e Marcel são nomes que estão na memória afetiva de milhões de brasileiros, mas por muitos anos o esporte que os tornou famosos, o basquete, viveu na obscuridade. Em 2008, com o surgimento do Novo Basquete Brasil (NBB), uma liga independente em relação à Confederação Brasileira de Basketball (CBB), o esporte retomou o fôlego e, às vésperas de sua sexta edição, busca atrair mais patrocinadores.
A missão não é fácil, a começar pelas dificuldades em um cenário restritivo a patrocínios esportivos – basta ver que alguns dos principais clubes de futebol estão sendo patrocinados pela estatal Caixa e outros sequer conseguiram negociar para uma marca estampar seus uniformes.
Assim, os 17 times que disputam a sexta edição do NBB, que começa neste sábado, 9, encontram abrigo em uma gama muito curiosa de marcas, que vão desde nomes bastante conhecidos nacionalmente a outras de médio e pequeno porte – o valor aproximado de investimento nesses times é R$ 60 milhões.
Alguns dos grandes anunciantes presentes nos times da liga são a Sky, que mantém contrato com Pinheiros e Basquete Cearense; Magazine Luiza, que tem acordo com o Uberlândia; Vivo, que apoia Franca; Banco de Brasília, que paga parte das contas do time local, o Brasília; Icatu e CVC, juntos com o Minas; e a TIM, que acertou recentemente um apoio de R$ 8 milhões ao Flamengo, via Lei Federal de Incentivo ao Esporte.
Para a Sky, por exemplo, o patrocínio tem trazido bons resultados, segundo o diretor de marketing Marcelo Miranda. “Há cerca de oito anos, a Sky tem uma ampla participação no esporte, com patrocínios e apoio a diversas modalidades. O esporte, que é um dos conteúdos mais assistidos na TV por assinatura, é certamente uma excelente plataforma para associar uma marca como a nossa”, justifica o executivo.
Miranda elogia o desenvolvimento da modalidade, especialmente após a criação do NBB, que possibilitou que as equipes se tornassem mais estruturadas. “Apoiar o esporte nos traz um retorno institucional importante. Hoje a Sky patrocina o Pinheiros, que vai entrar com tudo para brigar pelo título, e o Basquete Cearense, primeira equipe do Nordeste no NBB. Estamos muito satisfeitos com estes patrocínios”, garante.
Da mesma forma, a TIM, que tem um contrato recente com o Flamengo, diz esperar bons resultados com a parceria, que é uma extensão do apoio que a marca já dá ao futebol. “O basquete brasileiro está, aos poucos, recuperando o espaço que perdeu. A criação e organização do NBB contribui muito para este novo momento. Os clubes voltaram a investir e as empresas, percebendo esse movimento, também voltaram a enxergar no basquete um bom motivo para expor a marca e contribuir para o maior desenvolvimento da modalidade”, afirma Lívia Marquez, diretora de advertising & brand management da operadora.
Embora existam muitas equipes que mantenham contratos com empresas médias e pequenas, as verbas não necessariamente são menores. Tome-se o exemplo de dois times do interior paulista cotados ao título do NBB 6: São José, patrocinado pela Vinac Consórcios e Unimed São José dos Campos, e Bauru, com apoio principal da financeira Paschoalotto. Um fato curioso é que é bastante comum encontrar equipes com muitos copatrocinadores e apoiadores locais, como o próprio Bauru, que tem 17 parceiros; Mogi, com 11 apoiadores; e Liga Sorocabana, com 23 colaborações, incluindo marcas de porte pequeno como Padaria do Gonçalo e Pizzaria Nova Feitiço (as informações foram retiradas dos sites das equipes).
Ativação e sócio-torcedores
O maior investimento entre as empresas de porte médio ou pequeno, mas mesmo assim um dos maiores aportes individuais da liga, é o da Meltex – de R$ 2,5 milhões. A rede de franquias encontrou no apoio ao time do Palmeiras uma forma de atingir dois objetivos: divulgar a marca comercial Academia Store, a loja oficial do próprio clube, e a institucional, para se tornar mais conhecida no mercado e conseguir mais contratos.
“Éramos uma marca desconhecida que conseguiu estar nos jornais por causa do patrocínio. Essa visibilidade tem nos dado credibilidade no mercado”, avalia o gerente de marketing Rafael Bedin, que também cuida de negócios envolvendo lojas oficiais de Grêmio, Ponte Preta e Santos, além de licenciamentos da Disney, Everlast, Red Nose e Mattel.
A receita da empresa para o patrocínio, além da exibição da marca na camiseta do time, envolve ações de ativação da modalidade dentro de lojas oficiais do clube e nos próprios jogos, com presença de cheeleaders, mascotes, distribuição de prêmios e alguns efeitos visuais, o que ajudou o ginásio do clube a lotar em suas apresentações mais recentes.
Fórmulas parecidas de ativação são aplicadas em diversos outros times da liga. Alguns deles, inclusive, evoluíram na relação com o torcedor para um modelo de sócio-torcedor, como Franca, Bauru e Liga Sorocabana. No caso de Franca, por exemplo, há planos entre R$ 360 e R$ 840 anuais – com direito a assistir a todos os jogos da temporada.
Um dos entraves para o desenvolvimento da liga é a falta de um patrocínio à própria NBB – que mantém acordos apenas com Vitamin Drink e Spalding, que são fornecedores, sendo que a primeira contribui com R$ 400 mil. No ano passado, a poucos dias do início do NBB 5, a Eletrobras retirou um patrocínio que seria superior a R$ 2 milhões, que ajudariam a custear a parte administrativa e estrutural da competição.
O único apoio remanescente na ocasião, da Caixa, estimado em R$ 1 milhão, não foi renovado para o NBB 6. Isso preocupa a liga e os clubes, já que eles precisam gastar sua verba para disputar a competição. Futuramente, caso o NBB consiga patrocínios de peso, a ideia é que a própria liga subsidie viagens e demais gastos. Os custos devem subir com a criação da Divisão de Acesso, que classificará o campeão para o NBB. A primeira edição está prevista para acontecer entre fevereiro e maio de 2014.
Os contratos de patrocínio da liga são negociados pela Globo, parceira comercial e emissora oficial da competição (o canal exibe o jogo de abertura e a final, enquanto o Sportv, na TV por assinatura, transmite jogos da fase de classificação e playoffs). O Governo Federal, por meio do Ministério do Esporte é apoiador da liga. Sua ajuda mais recente foi com o fornecimento de novas quadras a todos os times – um kit que inclui pisos flutuantes, tabelas e placares eletrônicos que estão sendo repassados até março a todos os participantes do NBB 6 (o campeão da Divisão de Acesso também receberá um).
A estreia do novo cenário será no sábado, 9, com a partida entre os bichos papões Flamengo, vencedor de duas edições da liga, incluindo a de 2012/13, e Brasília, ganhador das outras três edições. O jogo será na HSBC Arena, com capacidade para até 18 mil pessoas – melhor ginásio do País, utilizado pela liga norte-americana NBA para a realização do primeiro jogo entre suas franquias no Brasil, no caso, Chicago Bulls e Washington Wizards. Mas desta vez, a festa será dos times brasileiros.
Confira os patrocinadores envolvidos com o NBB e os clubes (os valores foram estimados por profissionais ligados ao esporte).
NBB
Fornecedores: Vitamin Drink e Spalding
Parceiros de mídia: Rede Globo, Sportv, Globoesporte.com
Apoio: Fiba e Governo Federal
Clubes
Brasília
Centro Universitário de Brasília – UniCEUB e Banco de Brasília – BRB, além de apoio de Bancorbrás, Instituto do Atleta (IDA), Unique e Centro de Excelência em Medicina do Exercício (CEMEX) – Orçamento estimado em R$ 6 milhões.
Basquete Cearense
Sky e Governo do Ceará – Orçamento estimado em RS 4 milhões.
Bauru
Paschoalotto, além de 17 co-patrocinadores, entre eles Saúde São Lucas e Microsity – Orçamento estimado em R$ 3 milhões.
Espírito Santo
Prefeituras de Vila Velha e Vitória, e o Governo do Estado do Espírito Santo (O time manteve, por três anos, parceria com a Garoto, já encerrada)
Flamengo
TIM investe via Lei Federal de Incentivo ao Esporte – Orçamento estimado em no máximo R$ 7 milhões.
Franca
Vivo como principal marca e cotas de Magazine Luiza, DEAC, Prefeitura de Franca, em um total de 15 parceiros – Orçamento estimado em R$ 3 milhões.
Goiânia
Mantido pela Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) – Orçamento estimado em R$ 3,5 milhões.
LSB (Liga Sorocabana)
Case e um total de 23 colaboradores, que incluem nomes curiosos como Padaria do Gonçalo, Pìzzaria Nova Feitiço e Toldos Joia – orçamento estimado em R$ 2,5 milhões.
Limeira
Concessionária Honda Winner Import e Kabum, e-commerce sediado na cidade.
Macaé
Restaurante Boom e Prefeitura de Macaé, por meio da Fundação de Esporte e Turismo – Orçamento estimado em R$ 4,5 milhões.
Minas
Icatu Seguros e copatrocínio de CVC.
Mogi das Cruzes
Helbor Empreendimentos S.A e Sanifill, além de outros 11 apoiadores – Orçamento estimado em R$ 3,5 milhões.
Palmeiras
Meltex – Orçamento oficial de R$ 2,5 milhões.
Paulistano
Unimed Paulistana e copatrocínio da Carbocloro – Orçamento estimado em R$ 3 milhões.
Pinheiros
Sky – Orçamento estimado em até R$ 5 milhões.
São José
Vinac Consórcios e Unimed São José, ambos por meio de Lei de Incentivo Fiscal da prefeitura – Orçamento estimado em R$ 5 milhões.
Uberlândia
Centro Universitário do Triângulo (Unitri), Magazine Luiza e Start Química – Orçamento estimado em R$ 5 milhões.
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