O dia em que a Uber criou sua própria crise
O vínculo do CEO com Donald Trump e a oferta de serviços mais baratos durante a greve de taxistas de NY alimentaram o #DeleteUber
O vínculo do CEO com Donald Trump e a oferta de serviços mais baratos durante a greve de taxistas de NY alimentaram o #DeleteUber
Luiz Gustavo Pacete
8 de fevereiro de 2017 - 9h25
Na semana passada, durante as dezenas de protestos de marcas contra o decreto anti-imigração de Donald Trump, a Uber se envolveu em uma crise à parte e com dois desdobramentos. Na quinta-feira, 2, Travis Kalanick, CEO da empresa, anunciou sua saída do grupo de empresários que compõem o conselho econômico do presidente Donald Trump. A decisão só ocorreu, no entanto, após a pressão interna de conselheiros da empresa que entenderam que a associação dele ao novo governo poderia contrariar os valores da companhia. “Desde a fundação do Uber, precisamos trabalhar com governos e políticos de várias orientações”, escreveu Kalanick, em seu blog, quando aceitou o convite de Trump.
As marcas que discordam de Donald Trump
Em um segundo momento, no domingo, 29, enquanto os taxistas de Nova York lideravam um boicote a Trump contrários a medida do presidente, a Uber baixou suas tarifas se colocando como alternativa. A atitude da empresa foi percebida por um grupo de pessoas como uma “afronta” e deu origem nas redes sociais ao movimento #DeleteUber que já levou mais de 200 mil usuários a deletarem o aplicativo, segundo estimativas não oficiais. A situação do Uber, assim como o caso da Starbucks, revela elementos à parte diante de toda confusão causada por Trump.
De acordo com Marcos Bedendo, presidente do comitê de marketing da Câmara Americana de Comércio (Amcham), a reação ao ato anti-imigração de Trump parece trazer novas responsabilidades para as empresas e marcas. “Ao serem confrontados com a polêmica medida do presidente americano, as pessoas pressionaram, além dos políticos, as suas marcas preferidas para que eles tomassem algum tipo de ação. O fato é que as marcas e empresas parecem terem sido empurradas para o centro de discussões ideológicas – e as marcas devem se preparar para tomar este tipo de posição’, diz Bedendo.
“O fato é que as marcas e empresas parecem terem sido empurradas para o centro de discussões ideológicas”
Segundo ele, a presença do CEO da Tesla e do Uber em comitês da presidência de Trump tem sido frequentemente criticadas pelos consumidores, como se a própria marca da empresa estivesse endossando a administração Trump. “As empresas já deveriam estar preparadas para entender que, se a situação é sensível, devem agir com sensibilidade, ou simplesmente não agir. Fazer qualquer coisa que indique esse ‘levar vantagem’ será duramente criticado, e dificilmente esquecido, foi o caso da Uber na greve dos taxistas.”
Corona assumiu riscos ao provocar Trump?
Bedendo reforça que a Uber acabou se colocando no centro da polêmica por três fatores: utilizando o caos do ato anti imigração para ganhar dinheiro, por ter o seu CEO participando num comitê de Trump e por não ter se preparado para se posicionar ideologicamente contra a ação anti imigração. “Isso trouxe o Uber para o centro da discussão e deu força à #DeleteUber.” Procurada, a Uber não comentou os dois casos.
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