O live marketing diante das novas restrições aos eventos
Profissionais do segmento destacam a necessidade de planejamentos mais curtos e acompanhamento contínuo das decisões do governo
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Bárbara Sacchitiello
13 de janeiro de 2022 - 6h03
O ano de 2022 começou de forma bem diferente do que as empresas de eventos e de live marketing projetavam há alguns meses. Com o avanço da vacinação pelo País no ano passado e a abertura gradual das atividades, a expectativa era de que os diversos eventos represados nos últimos dois anos finalmente pudessem acontecer sem as restrições impostas pela pandemia.
A variante ômicron, a mais contagiosa entre as detectadas desde a descoberta do novo coronavírus, fez com que o mundo todo voltasse a olhar a situação da pandemia com cautela. No Brasil, a quantidade de infectados, que já vinha aumentando em dezembro, subiu ainda mais nos primeiros dias de janeiro, provocando filas em hospitais e nos laboratórios e locais de testes e obrigando todas as empresas, incluindo as agências de publicidade e veículos de TV, a reverem o esquema de trabalho, retomando o home office ou reforçando as medidas de segurança para preservar as equipes.
Do lado dos eventos, os impactos dessa nova onda de casos já são evidentes. Capitais como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo cancelaram oficialmente o carnaval de rua. Diante da impossibilidade de conter as aglomerações, as prefeituras optaram por suspender a folia, mantendo, por enquanto, os desfiles das escolas de samba (no caso do Rio e de São Paulo). O setor de turismo também vem sentindo os efeitos da alta de contágios. As empresas de cruzeiros decidiram suspender temporariamente as viagens deste início de ano até que a situação fique mais controlada. E companhias áreas já vêm registrando atrasos e cancelamentos de voos por conta de desfalques de equipes de funcionários, afastados pela Covid-19.
Novas recomendações
Nessa quarta-feira, 12, em coletiva de imprensa, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP) anunciou a recomendação de que os eventos públicos e privados reduzam a capacidade de público a, no máximo, 70% da ocupação. Não se trata de determinação e sim de uma sugestão às prefeituras para que sejam evitadas aglomerações que ajudem a propagar ainda mais a disseminação dos vírus de Covid-19 e influenza.
Para os eventos esportivos, no entanto, não se trata de recomendação, mas de regra. O Campeonato Paulista, que começa no próximo dia 23, deve ter, no máximo, 70% de ocupação da torcida nos estádios. A Federação Paulista de Futebol já comunicou que acatará a determinação do governo.
Essa situação vem obrigando o setor de live marketing a recalcular a rota. Na semana passada, quando foram anunciados os cancelamentos das maiores festas de carnaval do País, a Associação de Marketing Promocional e Live Marketing (Ampro), acreditava que ainda era cedo para conclusões dos impactos no segmento. “O mercado de eventos brasileiro é maduro e consciente, estando bastante habituado a protocolos, mesmo antes da pandemia. É claro que o aumento de casos preocupa, mas acreditamos que os governos estão sabendo lidar com a prevenção e a tendência parece ser a manutenção de eventos que tenham controle de acesso”, declarou o presidente-executivo da Ampro, Alexis Pagliarini, ao Meio & Mensagem.
Na opinião de dirigentes de empresas de live marketing, um cenário de tantas incertezas obriga o setor a repensar o negócio de eventos. Fernando Figueiredo, CEO da Bullet, tem a opinião de que a pandemia – e seus consequentes impactos – ainda deve durar dois anos. Para atravessar esse período, segundo ele, os eventos híbridos continuam sendo uma realidade possível. “Não faz sentido eventos físicos, analógicos, onde o investimento em custo não visíveis são enormes. Nos adaptamos e entendemos que o tipo de estratégias de eventos que deveríamos entregar tinha que ser algo criativo, funcional, sustentável e, principalmente, adequado à nova realidade do planeta”, pontua.
Figueiredo diz que essas novas recomendações para eventos não modificam em nada o trabalho da Bullet e suas perspectivas para o ano. “Acreditamos em um 2022 muito aquecido, mas o mercado nunca mais será como era antigamente”, frisa. O CEO da agência confessa acreditar que os protocolos de segurança só funcionam se forem acompanhados de fiscalização séria e controlada. “O uso de máscaras tem que continuar sendo obrigatório, o controle de acesso com dados só faz sentido se for digitalizado e, sim, vacina salva e exigir vacinação é fundamental para garantir a segurança. Agora, medidas estatísticas como distanciamento social e percentual de ocupação funcionam muito bem no papel, mas é impossível de ser controlado na prática”, acredita.
Planejamentos curtos
Para quem trabalha com eventos ficou bem mais complicado fazer planejamentos e estimativas a longo prazo. “Você tem que trabalhar com a realidade do dia a dia, da semana. No presente momento, ainda é muito difícil fazer qualquer projeção sobre 2022, pois ninguém sabe o que pode acontecer”, admite Fabio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports.
O executivo conta que a agência, que atua no ambiente das ações e experiências esportivas, vem trabalhando com planejamentos diários ou semanais. “Todos os colaboradores que entraram durante a pandemia estão vivendo um dia após o outro, porque a gente não sabe o que pode ocorrer. Se a pandemia pode terminar logo mais, se pode ter uma nova cepa. Por isso, é importante trabalhar com a realidade diária”, aconselha. Wolff acredita, no entanto, que seja possível manter o planejamento dos eventos para 2022 desde que as empresas e público sigam rigorosamente os protocolos sanitários e as orientações dos órgãos responsáveis.
Figueiredo, da Bullet, também acredita que monitorar o dia a dia dos acontecimentos é fundamental para o negócio. “Para clientes que dependem de Carnaval, por exemplo, já estamos trabalhando e repensando cenários alternativos. Somos criativos e ações físicas podem ser substituídas por ações digitais, virtuais, tão ou mais eficientes. Vacina salva o mundo. Criatividade salva o mercado”, acredita o CEO da Bullet.
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