Opinião: 20 slides em 400 segundos
Uma surpresa recente foi um método criado por dois arquitetos japoneses que permite que se fale sobre qualquer tema em 20 slides, com 20 segundos dedicados para cada um. Conhece?
Uma surpresa recente foi um método criado por dois arquitetos japoneses que permite que se fale sobre qualquer tema em 20 slides, com 20 segundos dedicados para cada um. Conhece?
Meio & Mensagem
10 de julho de 2013 - 4h56
(*) Por Paula Nader
Outro dia fui convidada a realizar uma apresentação ao time de recursos humanos do banco sobre o tema cliente. Até aí, tudo bem. A novidade é que eu deveria fazê-la utilizando um método chamado Pecha Kucha.
Apelei para São Google e descobri que o tal método havia sido criado por dois arquitetos japoneses que, cansados das intermináveis, confusas e chatíssimas apresentações tradicionais, propuseram-se a falar de todo e qualquer assunto em 20 slides. Nem mais, nem menos.
Porém não é só isso: os 20 slides devem ser exibidos em 20 segundos cada. Nem mais, nem menos.
A primeira vantagem do Pecha Kucha é que qualquer exposição dura exatos seis minutos e 40 segundos, o que permite aos organizadores montar uma agenda que abrigue mais speakers do que o normal e, portanto, que mais temas sejam cobertos, ou que mais perspectivas sobre um mesmo tema sejam mostradas.
Para o apresentador, alguns desafios se impõem. Primeiro, ter uma história central com começo, meio e fim muito bem definidos. Depois, pensar em 20 ideias que, encadeadas, nos ajudem a contar essa história de forma compreensível.
Isso feito, vamos montar os slides! Constata-se na prática o que já estamos cansados de saber: uma imagem fala mais que mil palavras.
Assim, você se vê entrando no incrível mundo do Creative Commons (e nos cafundós dos seus arquivos pessoais e dos arquivos dos amigos que pensam mais ou menos como você) buscando fotos, ilustrações, gráficos e pequenas frases que melhor traduzam o ponto que você quer fazer em cada um dos 20 slides.
Algumas horas depois, os quadros estão prontos e você, morto de cansado, descobre que a transição entre slides será automática e que você terá de treinar, treinar e treinar para garantir que a história que você inventou saia naturalmente, e que sua fala acompanhe o fluxo dos slides. Seu corpo, sua cabeça e seu coração devem estar sintonizados na mesma frequência.
É aí que aparece a segunda vantagem do Pecha Kucha: as chances de fazer uma intervenção relevante aumentam bastante porque o método exige que você se prepare muito bem para a apresentação, chegando a um nível de presença e concentração que só agregam clareza e precisão às suas ideias. Nada de raciocínios circulares, inconclusivos, confusos. Nada de falar ligado no automático.
Porém a vantagem mais importante é a terceira: se você seguir o processo direitinho, se surpreenderá com uma audiência atenta, entretida e animada por ter acesso a conteúdos interessantes apresentados de forma dinâmica e, literalmente, bem pensada. Uma audiência que reconhece que você se preparou para estar lá e retribui com foco total em você e na sua história. Sem bocejos. Sem cochiladas. Sem chamadas telefônicas, whatsapps ou escapadas na web, porque, afinal, essas coisas podem esperar seis minutos e 40 segundos.
Alguns podem estar pensando que é impossível abordar uma idéia com profundidade seguindo esse caminho. Mas, se você consegue fazer maravilhas em um filme de 30 segundos, imagine o que pode fazer com 400!
A verdade é que o tal Pecha Kucha foi uma das melhores surpresas que eu tive ultimamente. Mais do que isso, a experiência transformou definitivamente a minha forma de desenvolver as apresentações que faço todos os dias.
Por que você não tenta? Mais respeito às suas ideias. Mais respeito ao tempo que o outro te dedica. Eu achei sensacional.
¿Que te parece?
(*) Paula Nader é diretora de marca e marketing do Santander. Este artigo está publicado na edição 1567 do Meio & Mensagem, de 08 de julho, nas versões impressa e para tablets, exclusivamente para assinantes.
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