Mídia

CEO da Kids Corp: “Publicidade para crianças é possível”

Ao Meio e Mensagem, Demian Falestchi explica como trabalhar com esse conteúdo seguindo as regras de autorregulamentação e Lei de proteção de dados

i 5 de agosto de 2025 - 6h01

Kids Corp entende que é preciso ajustar a forma como se conduz a criação de publicidade e conteúdo para o público infanto-juvenil (Crédito: fizkes-shutterstock)

Kids Corp entende que é preciso ajustar a forma como se conduz a criação de publicidade e conteúdo para o público infanto-juvenil (Crédito: fizkes-shutterstock)

O Brasil possui, atualmente, uma série de regras voltadas a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) que atuam diretamente no âmbito da publicidade voltada ao público infanto-juvenil.

Isso, por muitas vezes, acaba afastando as empresas de possibilidades de desenvolver um trabalho junto a essa fatia de consumidores. Embora seja um setor com características marcantes, que exigem uma precaução na hora de criar, crianças e adolescentes são capazes de ditar tendências relacionadas a cultura, consumo e criação de conteúdo.

Segundo Demian Falestchi, CEO da Kidscorp, é possível alcançar crianças e jovens por meio da publicidade seguindo um escopo que permite que marcas e agências se conectem de forma eficiente e em conformidade com a regulamentação.

Isso significa, entre outras coisas, trabalhar sem coletar nenhum tipo de dado sem o consentimento dos pais, além de se conectar com os princípios de marketing especificamente para menores, como os que são estabelecidos pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

“O que essas regras trazem é a necessidade de repensar como você pode segmentar uma audiência quando ela é composta por menores. É isso que temos feito nos últimos 10 anos. Temos investido milhões de dólares na criação de uma tecnologia que permite que marcas e agências se conectem de forma eficiente e em conformidade com a regulamentação”, afirma Falestchi.

O executivo diz, ainda, que esse tipo de controle é importante, pois as crianças estão em estágio de desenvolvimento. “Você não pode abordá-las e falar com elas como se fossem adultos, isso também é um fator que precisamos considerar ao elaborar qualquer estratégia para este segmento”, diz.

Promovendo um conteúdo seguro

Outro aspecto bastante debatido quando o assunto é a produção de conteúdo infanto-juvenil é como garantir que esse público esteja seguro em um mundo em que, por meio da tecnologia, tem-se acesso a todo tipo de informação.

Para o CEO, existe ainda uma lacuna a respeito da compreensão do que o acesso precoce a sites e redes que não são voltados a crianças e adolescentes pode gerar a eles. O executivo acredita que seja um papel dos pais e da sociedade avançar em aspectos de proteção, tendo em vista que os jovens já são nativos digitais.

“Costumo traçar paralelos para alguns assuntos, como exemplo disso, aponto crianças consumindo conteúdo com elas aprendendo a atravessar a rua: eu, como pai, pego a mão dela e caminhamos juntos”, aponta.

Isso impacta na forma como a publicidade é regulamentada, apesar de ser uma ferramenta importante, inclusive para ajudar na proteção contra danos. “As regras sobre como e o que você pode comunicar, quando você pode fazer marketing para crianças, são um requisito fundamental. O que vai resolver a publicidade é tentar manter toda a publicidade que é arriscada para crianças fora do mercado, e eu acho que isso está acontecendo agora. O principal problema é quando elas estão consumindo plataformas que não são projetadas para suas idades, e seus pais permitem isso, ou às vezes não sabem”, explica.

Desafios e tendências

O cenário da publicidade e da mídia é muito dinâmico, especialmente quando se trata do desenvolvimento de novas tecnologias e formatos. Com o surgimento de novos recursos, isso pode impactar a forma como o conteúdo é consumido.

Exemplo disso, são os vídeos curtos que ganharam abrangência por meio de redes como TikTok e Kwai e foram tomando conta de plataformas que, tradicionalmente, investiam em mídias mais longas, como é o caso do YouTube.

Esse conteúdo foi se profissionalizando e entrando em uma gama de novos gêneros. “O que está acontecendo agora, e uma das tendências é que gêneros como o drama estarão presentes no Instagram e no TikTok, e serão cada vez mais profissionais em termos de desenvolvimento de conteúdo. Isso se deve à Inteligência Artificial e ao momento tecnológico em que vivemos e traz um impulso interessante para a expectativa de conteúdo de alta qualidade em todas as plataformas”, afirma Demian Falestchi.

Além disso, esses formatos estão ganhando mais força nas TVs Conectadas, fazendo com que as plataformas produzam na vertical para um local tradicionalmente horizontal.

“Nos EUA, por exemplo, eles ultrapassaram o consumo da TV aberta. O Google está investindo muito em formatos curtos, claro, para competir com o TikTok, mas estão tentando impulsionar o consumo para a CTV. Então, como você pode produzir para uma tela pequena vertical e depois adaptar isso para uma tela maior e mais ampla”, completa.