“Chaves sempre foi nossa inspiração”, diz diretora do Multishow
Tatiana Costa revela os motivos que levaram a Globosat a adquirir os seriados e conta sobre a dinâmica de publicação no linear e no Multishow Play
“Chaves sempre foi nossa inspiração”, diz diretora do Multishow
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Bárbara Sacchitiello
1 de fevereiro de 2018 - 13h02
Como um seriado gravado no início dos anos 70, cujos episódios vêm sendo exibidos no Brasil exaustivamente por mais de três décadas, com piadas batidas e personagens estereotipados, pode interessar a um canal que vem procurando construir um forte pilar de humor para uma audiência jovem? Essa questão sempre teve uma resposta bem clara para a diretoria do Multishow – que nessa semana surpreendeu o mercado ao anunciar a aquisição dos episódios de Chaves e Chapolin da rede mexicana Televisa. Para a Globosat, o programa é atemporal e inspirador para todo veículo que pretende investir na seara do humor.
“Chaves sempre foi uma referência para nós. Há alguns anos, quando começamos a estruturar o humor como um dos mais fortes pilares do canal, buscamos nas histórias e nas características de Chaves e Chapolin as influências não apenas para a criação de formatos próprios como também para a formação de nosso casting. Como roteiro, elenco, e tipo de humor, o seriado é um case de sucesso: é leve, atemporal e com a capacidade de angariar fãs apaixonados por muitos anos”, elogia Tatiana Costa, diretora de programação e novas mídias do Multishow.Segundo ela, é possível encontrar alguns elementos de Chaves, Chiquinha, Quico e dos demais personagens da série em alguns dos conteúdos da casa – e também no elenco. “Alguns personagens do ‘Vai que Cola’ e o próprio ‘A Vila’, do Paulo Gustavo, carregam características comuns ao universo de Chaves. Embora tenhamos produzido essas atrações no contexto brasileiro, não há como dizer que não bebemos dessa fonte”, confessa Tatiana.
Outro elemento que inspirou a Globosat a ir atrás da Televisa para trazer os conteúdos à sua grade foi o interesse de parte do elenco pela atração mexicana. “Não é segredo que a Tatá Werneck, por exemplo, é fã declarada de Chaves e se inspirou muito no seriado para construir seu tom de humor. Outros humoristas de nosso casting também gostam muito da série e acharam que o programa complementaria o pilar humorístico que construímos”, conta.
Enlatado? Não
Ainda sem data definida para a estreia do seriado – embora a previsão seja iniciar as exibições nesse semestre – o Multishow procura tratar sua nova aquisição com esmero. “Não adquirimos apenas um enlatado para colocar no ar. A compra de Chaves & Chapolin partiu de uma grande demanda dos fãs que têm uma relação muito forte com a série e, por isso, temos que ter muito cuidado para corresponder às expectativas do público”, conta a diretora.
Para isso, desde quando a ideia de negociar com a Televisa surgiu no canal, o Multishow estreitou o contato com fãs do seriado. Na terça-feira, 23, a sede da Globosat, no Rio, recebeu grupos de fã-clubes do seriado para contar a novidade da aquisição dos direitos e pedir orientações. “Queríamos saber o que os fãs esperam de Chaves. E eles nos deram muitos feedbacks sobre os episódios preferidos, a questão da dublagem e outras características da série que eles exigem que sejam preservadas”, comenta.
Munido dessas informações, o canal dará início à etapa técnica de adequação dos episódios à sua grade. Por terem sido gravados há mais de quarenta anos, alguns episódios precisarão de ajustes técnicos de imagem e som. A dublagem – algo crucial para os fãs do seriado – também está na pauta do Multishow. “Há episódios que ainda não foram dublados em português para o qual buscaremos soluções que preservem as características originais da série”, comenta Tatiana. Esse ponto deve ser um desafio para o canal, uma vez que alguns dubladores responsáveis por dar voz aos episódios exibidos pelo SBT já faleceram – entre eles, o dublador do personagem principal (Chaves), Marcelo Gastaldi.
Pela negociação, o Multishow se torna detentor exclusivo de todos os episódios de Chaves e Chapolin na TV paga, inclusive aqueles que foram exibidos raras vezes no Brasil pelo SBT, que os fãs chamam de “episódios perdidos”. Anteriormente, outros canais, como Cartoon e TBS, já haviam exibido as séries. Agora, no entanto, o Multishow fez questão de não dividir a turma da Vila com mais ninguém. Na TV aberta, no entanto, o seriado continua garantido na tela do SBT, cujo contrato com a Televisa ainda é válido por um longo tempo, segundo a assessoria de comunicação da emissora de Silvio Santos. O canal, inclusive, aproveitou o buzz do Multishow e fez um meme com os personagens “de olho” na notícia (veja abaixo):
https://twitter.com/SBTonline/status/958405979133169664
Apesar de não querer adiantar muitos detalhes da estratégia de exibição, Tatiana revela que Chaves e Chapolin terão duas faixas de exibição diárias na grade – sendo, uma delas no horário nobre. Outro detalhe que os fãs também podem esperar é que todos os episódios exibidos na TV serão disponibilizados para serem vistos sob demanda no Multishow Play, aplicativo de TV everywhere do canal da Globosat.
Potencial de negócios
Além de agradar aos fãs saudosistas e complementar seu pilar de humor, o Multishow também levou em consideração os negócios que Chaves pode render ao departamento comercial do canal. As mais de três décadas em que o SBT, entre indas e vindas, mantém o seriado na grade é um exemplo da força da audiência do programa. Por muito tempo, houve no mercado televisivo a ideia de que, quando o SBT queria ampliar a audiência de determinada faixa de horário, bastava incluir Chaves na grade.
“A enorme repercussão que a notícia da aquisição dos direitos dos seriados gerou já causou impactos em nosso comercial. Naquele dia mesmo (terça-feira, 30), recebemos ligações de marcas e parceiros querendo entender sobre aquilo e já sinalizando que querem estar junto com o Chaves”, celebra Tatiana.
De acordo com profissionais do mercado publicitário, o Multishow não apenas fez uma escolha acertada como tem, realmente, motivos para esperar bons frutos da chegada de Chaves e Chapolin. “O humor já tem feito parte e se consolidado na grade do canal através de outras atrações e trazer um programa como o Chaves não só consolida este posicionamento de conteúdo, como ainda amplia mais o leque de audiência, atraindo novos públicos e aumentando o leque infantil”, opina Andrea Hirata, vice-presidente de mídia da Leo Burnett Tailor Made.
Para Herbert Gomes, diretor de grupo de mídia da Talent Marcel, aumentar a presença do seriado na grade televisiva é uma maneira não apenas de agradar os antigos fãs do seriado, como também, de atrair um novo público para uma fórmula de humor que, segundo ele, têm muitas razões para ter tanto sucesso. “Chaves possui um contexto simplificado, com humor que retrata personalidades bem distintas em seus personagens. São pessoas que encontramos em todo lugar. Temos sempre em nosso lado um Chaves, uma Dona Florinda ou um Senhor Barriga. Não sai de moda, é leve, é divertido e as pessoas procuram por isso”, resume.Questionados se os seriados mexicanos irão atrair faturamento comercial ao Multishow, os profissionais de mídia estão convictos. “Sem dúvida nenhuma. Temos no Brasil grandes marcas e produtos que podem utilizar esta plataforma de mídia, principalmente acreditando que irá alcançar grandes índices de audiência na payTV”, pontua Herbert. Andrea Hirata concorda. “Os personagens Chaves e Chapolin são bastante conhecidos e queridos pelo público de modo geral, apresentam características positivas que podem ser associadas com as marcas, uma vez que tenham adequação ao posicionamento de cada uma”, destaca a VP da Leo Burnett Tailor Made.
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