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Com Stadia, Google entra para valer no jogo da indústria gamer

Nova plataforma funciona como um Netflix de games integrado ao ecossistema do Google

i 19 de março de 2019 - 14h49

 

Controle do Stadia funciona integrado ao Chromecast e ao Assistant, por exemplo (Crédito: Reprodução)

O Google anunciou, na tarde desta terça-feira, 19, em San Francisco, na Califórnia, seu serviço de games, o Stadia. A plataforma não será um console, como vinha sendo cogitado, mas um serviço em nuvem que funcionará como a Netflix, porém, interligada ao YouTube e outras ferramentas do Google, entre elas, o Chromecast e o Assistant. O  Stadia é um modelo hibrido e concorre com o Twitch, da Amazon e também com consoles como PS4, da Sony, Switch, da Nintendo e Xbox, da Microsoft.

O Stadia foi apresentado durante a Game Developers Conference (GDC), um dos maiores eventos da indústria gamer, por Sundar Pichai, CEO do Google. Há algumas semanas, os meios especializados já apontavam o investimento do Google para a indústria gamer e, no último dia 12 de março, um teaser circulava nas redes sociais com o logo da empresa e a referência ao 19 de março de 2019. Juntamente com a plataforma, o Google anunciou uma parceria com a Ubisoft na adaptação do jogo Assasin´s Creed Odissey.

“Os games compõem parte importante de nossas tecnologias. Os jogos são utilizados, por exemplo, para melhorar nossos sistemas de inteligência artificial”, disse Pichai ao introduzir a importância da indústria de games para a empresa e reforçando a abrangência da plataforma. “Sendo uma plataforma aberta, ela estará acessível aos mais de 2 bilhões de usuários do Google. Esse foi o nosso esforço, subir uma plataforma de games para todo mundo, inclusive no Android ou no iOS. Queremos que todos os usuários joguem com qualidade de ponta”, afirmou.

A Stadia integrará o ecossistema do Google em prol da experiência dos usuários (Crédito: Reprodução)

“É uma tecnologia que muitas empresas tentaram fazer, mas nunca funcionou direito. É um problema para os devices fisicos, tanto CPU’s quanto consoles. O Google está concentrando o controle manual como única interface”, diz Daniela Branco, diretora da agência CyberStars. Com uma receita global prevista de US$ 180 bilhões até 2021, segundo a consultoria NewZoo, o mercado de games deixou de ser nicho há algum tempo. Atualmente, a estimativa é que existam 2,3 bilhões de gamers no mundo que chegam a gastar até US$ 13 bilhões em jogos, produtos licenciados e outras experiências relacionadas.

A pujança deste mercado e o poder aquisitivo desses consumidores foram confirmados localmente, em outubro do ano passado, pela primeira versão da Pesquisa Game Latam feita pelo Seeds Market Research e FD Comunicação, divulgada com exclusividade por Meio & Mensagem.

O levantamento foi realizado de julho a agosto de 2018 com 2.211 gamers do Brasil, México, Chile e Colômbia com o objetivo de mapear hábitos de consumo deste público. De acordo com a pesquisa, dentro do grupo de gamers, dois terços possuem fonte de renda própria. Neste universo, os fãs de eSports são os que mais investem em games, hardwares e periféricos. Entre os entrevistados estão de todas as classes sociais, com enfoque nas classes A, B e C e idade acima de 16 anos. Do total, 43% são jovens entre 16 e 24 anos, 33% têm 25 a 34 anos 24% acima de 35 anos de idade.

“Os gamers amadureceram e hoje dois terços deles têm sua própria fonte de renda. A grande maioria é responsável ou corresponsável por arcar com as despesas da casa. Isto demonstra o grande potencial de consumo deste público”, acrescenta Almeida. Embora seja a mais jogada, a plataforma mobile é a que conta com menos investimentos, o que mostra um potencial de consumo muito grande a ser explorado, já que um pouco mais da metade dos gamers desta plataforma ainda não adquire jogos pagos e nem faz compras dentro dos jogos freemium”, aponta o estudo.

YouTube Gaming

Desde 2015, o Google contava com o YouTube Gaming, sua principal plataforma de vídeos de games que concorria diretamente com o Twitch. Na ocasião, o lançamento era uma resposta à aquisição do Twitch pela Amazon, feita em 2014. No Gaming a empresa permite que gamers, produtoras e streamers tenham canais específicos e agregados pelo tema. O Gaming possui um sistema de busca customizado, ou seja, se o usuário procura a palavra Call, ela é diretamente associad ao Call of Duty, por exemplo.

“O YouTube Gaming foi uma plataforma desenvolvida para ser totalmente voltada a games e jogadores favoritos, com mais vídeos do qualquer outro lugar. Mais de 25 mil games terão suas próprias páginas, um local próprio para os melhores vídeos e transmissões daquele título”, afirmou, na ocasião, em comunicado, durante a E3 2015, Alan Joyce, gerente de produto do YouTube.