Quais os desafios do conteúdo infantojuvenil no streaming?
Depois de perder espaço da TV, conteúdo infantojuvenil ganha novo fôlego nas plataformas de streaming com narrativas interconectadas e público mais exigente
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Taís Farias
23 de agosto de 2023 - 6h01
Recentemente, uma série de plataformas de streaming estrearam produções originais que miram a audiência infantojuvenil. No mês passado, Netflix anunciou a renovação da série De Volta aos 15, inspirada na obra da autora brasileira Bruna Vieira, para a terceira temporada. O Prime Video também bebeu da literatura nacional para a tetralogia Um Ano Inesquecível, com os filmes Verão, Outono, Inverno e Primavera.
O Globoplay vem fazendo investidas na faixa e estreou no sábado, 19, a série musical Vicky e a Musa, escrita por Rosane Svartman, que terá uma versão focada no público juvenil no streaming e uma abordagem para as crianças no Gloob.
Na TV aberta, há anos, o SBT aposta nas novelas infantis e está no ar com a Infância de Romeu e Julieta. Os exemplos são muitos e materializam uma mudança que vem acontecendo no mercado e na oferta de conteúdo para as crianças e pré-adolescentes.
Isso porque, no passado, o público infantojuvenil tinha espaço importante na grade das TVs abertas. Nos últimos anos, no entanto, as faixas deixaram de existir e migraram para canais segmentados, especialmente na TV por assinatura.
Em paralelo, as plataformas de conteúdo on demand, como o YouTube e streamings, ofereceram a essa geração não só uma oferta de conteúdo exponencial como a oportunidade de consumir quando, onde e como quiserem. Nesse contexto, quais os desafios de produzir conteúdo para esse público?
O primeiro deles é conseguir ser relevante e conquistar a atenção em meio a um sem-número de produtos. “A criança não é mais passiva em frente a televisão”, analisa Marcos Saraiva, produtor-executivo do núcleo audiovisual da Mauricio de Sousa Produções.
Esses jovens também estão mais criteriosos e atentos a pautas sociais. Em contrapartida, uma vez que aprovam um conteúdo, eles têm uma propensão maior a se tornarem promotores e se engajarem em desdobramentos.
Mas, além disso, pesa o fato de que dentro da caixa “infantojuvenil” existem múltiplas realidades, pequenos recortes, dramas e dúvidas conflitantes. “É preciso que o desenvolvimento do conteúdo seja muito atento para se aproximar, sem simplificações, a como de fato pensa o público com quem queremos nos comunicar, sobretudo num mundo onde disputamos por sua atenção com tantos outros estímulos e uma oferta de conteúdo online quase ilimitada”, defende Leandro Fiamenghi, gerente de operações digitais da Endemol Shine Brasil.
Para o sócio e produtor da Boutique Filmes, Tiago Mello o mercado precisa começar a produzir coisas que fujam da narrativa pré-escolar e adotem uma abordagem mais realista, com roteiros que os desafiem. “Nós temos que falar com esse público de forma mais madura. Eles estão vendo o mundo”, explica.
Ele cita atrações como Wandinha e Strangers Things, séries internacionais da Netflix, que tiveram sucesso de audiência. A sobreposição de telas também é um fator a ser considerado na construção de produtos para o público infantojuvenil.
“O prime time da TV está sendo substituído lentamente pelo my time do celular. Porém, dependendo do produto o consumo pode ser complementar e não concorrente”, pondera o diretor de teledramaturgia do SBT, Ricardo Mantoanelli.
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