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TV Cultura e os rumos da programação infantil após 55 anos

Além de novas versões de clássicos como Mundo da Lua e Quintal da Cultura, emissora quer atrair marcas para projetos voltados à temática educacional


28 de junho de 2024 - 15h50

Boa parte das lembranças que muitas gerações têm das atrações que marcaram a TV Cultura ao longo de seus 55 anos de existência, completados neste mês de junho, são relacionadas a conteúdos infantis.

TV Cultura infantil

Mundo da Lua, sucesso da TV Cultura do início da década de 1990, terá nova versão, produzida em parceria com Fiesp e Sesi (Crédito: Divulgação)

Casa de clássicos como Rá-Tim-Bum, Mundo da Lua, Castelo Rá-Tim-Bum, Turma do Cocoricó e outros, o canal da Fundação Padre Anchieta acabou ficando, de certa forma, isolado em relação à produção de programas para os pequenos na TV aberta.

“Os canais de TV aberta abandonaram a programação infantil por conta da dificuldade de captar receita publicitária”, analisa João Almeida, diretor comercial da TV Cultura.

O executivo refere-se ao endurecimento das regras para a veiculação de conteúdo publicitário que tem como público-alvo crianças e adolescentes. Esse movimento, associado, por outro lado, a expansão da TV por assinatura no Brasil, foi fazendo com que as faixas infantis, antes preenchida por programas e desenhos, fossem rareando dos canais abertos.

Para a Cultura, contudo, manter opções de entretenimento educativo para as crianças continuou sendo visto como uma missão. “Costumo dizer que o mercado publicitário olha somente para a região nobre da cidade de São Paulo e assume que aquilo é o resumo do País, como se o Brasil fosse uma espécie de Bélgica, em que todas as crianças tivessem acesso à internet e pudessem consumir variadas opções de conteúdo”, critica Almeida.

Isso, segundo ele, acaba trazendo a visão míope de que a televisão aberta não precisa de conteúdo para crianças, já que elas podem consumi-lo em outros meios. “Se andarmos cerca de 4 quilômetros adiante, daqui da sede da TV Cultura, chegaremos a locais em que não há cabeamento de internet. Muitas pessoas que têm celulares pré-pagos precisam ir a shoppings ou a outros lugares com wi-fi para poder navegar na internet ou baixar conteúdo. Por tudo isso, o papel da TV Cultura como difusora de conteúdo infantil ainda é importantíssimo”, defende.

Resgate de clássicos e novos programas infantis

Por conta dessa proposta, a TV Cultura vem celebrando seu aniversário resgatando, para a audiência, alguns desses programas marcantes de sua história.

Há algumas semanas a TV Cultura passou a dedicar uma faixa de programação, de segunda à sexta-feira, às 19 horas, para que o público relembre clássicos que marcaram a infância de diferentes gerações, como Castelo Rá-Tim-Bum, Mundo da Lua, Confissões de Adolescente e Mundo de Beakman. Essas reprises serão mantidas até setembro.

Mas não é somente de passado que o canal pretende viver quando se trata da programação infantil. José Roberto Maluf, presidente da TV Cultura, conta que a emissora terá, no segundo semestre, uma nova versão do Quintal da Cultura e, também, um novo Mundo da Lua, com novo elenco, atores e temas, em um projeto realizado junto com Fiesp e Sesi.

“Temos a ideia de fazer um novo Castelo Rá-Tim-Bum, com novos textos, atores. Já conversamos com diretores do programa, do passado, mas isso ainda está em negociação”, revela Maluf.

Para essas e outras iniciativas infantis, a TV Cultura defende que é importante – e possível – ter apoio de marcas patrocinadoras que, em vez de ofertar produtos, ajudem, por meio do conteúdo, a divulgar mensagens e educar as crianças sobre causas. O diretor comercial relembra que, neste ano, a emissora teve parceria da Hasbro em um projeto que convidava às crianças a descobrirem novas formas de divertimento longe das telas dos celulares e computadores.

“Nosso papel hoje, com a programação infantil, é quase que civilizatório. Não mostramos mais, como no passado, o Popeye batendo no Brutus por causa da Olívia, por exemplo. Mas conseguimos ainda, com nossos conteúdos, levar uma mensagem para que as crianças possam conviver, ser amigas e aceitar o que é diferente. Isso é muito importante para as famílias. E as marcas que tem esses propostos têm muitas oportunidades para trabalhar com a gente”, complementa o executivo comercial.

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