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VOD voltado ao público hispânico é mercado em expansão

Lançamento da TelevisaUnivision, com o streaming global Vix, impulsiona concorrência que explora conteúdos em espanhol e voltados para o público latino


14 de junho de 2022 - 6h51

Já existe uma qualidade de conteúdos hispânicos nos streamings, mas a variedade e a diversidade de formatos também devem ser fatores levados em consideração (Crédito: Shutterstock)

A promessa que veio com a fusão dos canais Televisa e Unión de criação de um streaming com conteúdos apenas em espanhol foi anunciada no fim de março. Era o VIX+, a plataforma de vídeo sob demanda (VOD) com conteúdo em espanhol, que parece ter dado um pontapé em um mercado em ascensão. Presente nos Estados Unidos e em outros 19 países da América Latina, a criação desse VoD já movimentou o mundo do entretenimento.

Em maio, por exemplo, a rede de anúncios móveis hispânica Adsmovil entrou no mercado de publicidade de VODs com o streaming gratuito Nuestra.TV, que tem conteúdo em espanhol. Pouco antes, em abril, a Globo firmou um acordo de licenciamento de três produções originais espanholas com Pluto TV: a telenovela Rock Story — disponível na plataforma em cerca de 18 países de língua espanhola e portuguesa da América Latina —, a série Dupla Identidade e As Cariocas. Para a empresa, essa seria uma forma de aumentar sua relevância no mercado de entretenimento e manter relações com a audiência latina.

Para Nathalie Hornhardt, que é coordenadora do curso de Rádio e TV da Faap, a fusão e a chegada da TelevisaUnivision com seu streaming “latino” é uma movimentação importante para o aquecimento do mercado audiovisual, com maior concorrência e uma audiência mais variada, neste momento em que há um número alto de VODs norte americanos. A TelevisaUnivision está investindo em produções “pesadas” e exclusivas, trazendo pessoas como Salma Hayek e Selena Gomez no conteúdo.

Mercado no Brasil

O número estimado do público latino americano desse tipo de serviço está em torno de 10 milhões de pessoas. Deveria haver, segundo a professora, mais esforços dos streamings para atrair o público hispano falante — e até mesmo os brasileiros que consomem esse conteúdo. “[O espanhol] faz com que esses conteúdos audiovisuais dialoguem de uma forma mais próxima com o público brasileiro, daí temos uma grande aceitação”, diz, comparando com um cenário de tempos atrás.

Antigos sucessos de audiência, as novelas mexicanas que foram transmitidas na TV aberta agora retornam, desta vez nos streamings. Rubi e Maria do Bairro (Globoplay), A Usurpadora (Amazon Prime) e Pasión de Gavilanes (Netflix) são alguns dos exemplos que mostram a demanda. Outros formatos, como séries hispânicas, também tiveram uma significativa relevância aqui no Brasil, como Merli, La Casa de Papel, Elite e Valeria).

A professora acredita que haverá uma possibilidade de mudança de cenário justamente com a entrada da VIX+ no mercado, majoritariamente em grandes plataformas de streaming, como Netflix, HBO, Amazon Prime. “Isso pelo simples fato da aderência do público brasileiro a esse conteúdo hispanico”, diz.

Variedade de formatos

Esse movimento abre também a possibilidade de aumento de conteúdo que não seja vinculado somente à ficção, tipos de conteúdo que de alguma forma tenham um consumo aumentado nos próximos anos.

O Looke, serviço brasileiro de streaming por assinatura, anunciou em abril o lançamento de um catálogo com vídeos dublados e legendados em espanhol no México por meio do Amazon Prime Video Channels. A estratégia deles, segundo o CEO da Encripta Marcelo Spinassé, foi justamente adentrar com uma grande e consolidada marca e suprir conteúdo que ela não possuía: produções para público infantil, que é pouco ofertado na Amazon, com maioria dublada. A meta inicial é de 150 a 200 mil novos assinantes neste primeiro ano de investida e pretendem chegar ao fim do ano com cerca de 5000 conteúdos.

“A concorrência talvez não seja com a gente”, diz em relação à investida da TelevisaUnivision, já que o foco deles caminha para o nicho infantil, com mais filmes e menos séries e novelas. Um dos motivos pela demora no desejo de atuar na América Latina, segundo ele, por ser um processo custoso e oneroso de realização de marketing e branding na região, que tem públicos muito diferenciados entre os países, apesar da língua em comum: o que vai bem no México pode não ir tão bem no Chile, por exemplo.

A relevância pode aumentar quando se trata dos Estados Unidos, que tem uma audiência maior e um público mais representativo. “Falando de América, é extremamente importante que isso esteja sendo desenhado e que, de alguma forma, traga conteúdo com qualidade”, afirma.

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