A creator economy morreu
Bem-vindo à era da Attention Economy e saiba como sobreviver nela
Bem-vindo à era da Attention Economy e saiba como sobreviver nela
Recentemente, juro, deixei passar batida uma postagem que prometia um ano de cerveja grátis para os primeiros cem likes. Era um post da própria cervejaria, com direito a selo oficial e tudo. Mas eu simplesmente rolei a tela sem dar atenção, focado em encontrar algo “mais interessante”. Minutos depois, um amigo me enviou a oferta, indignado: “Você não viu isso?!” E eu: “Cara, não vi. Passei reto.” Quando percebi a besteira, já era tarde: os cem likes haviam sido atingidos. Lá se foi a cerveja.
Mentira essa história, mas se você chegou até aqui, missão cumprida.
Fake ou não, a verdade é que a Microsoft aponta que a atenção média das pessoas é de apenas oito segundos. A oferta de conteúdo é gigantesca, e qualquer deslize no “scroll infinito” pode fazer você perder algo realmente valioso (no caso, cerveja de graça).
Se antes bastava postar algo interessante para viralizar, agora vivemos uma disputa acirrada pela atenção — e ela é muito mais competitiva do que parece. A prova está nos dados da Tubular Labs: 15% das postagens de grandes marcas não ultrapassam dez interações. Ou seja, elas simplesmente caem em um buraco negro digital, completamente ignoradas.
A Creator Economy era centrada na figura do criador: “basta postar sempre e a chance de viralizar é grande”. Mas a saturação de conteúdo e a atenção limitada a apenas oito segundos sepultaram essa ideia. Hoje, não importa tanto quem posta — e sim a relevância do assunto e a forma de envolver o público. Se você não captura e retém a atenção, a audiência desliza para outro conteúdo.
Isso é a Economia da Atenção.
Não importa se você é influenciador, produz “filmão” de 30 segundos, comenta BBB ou faz cortes das jogadas do Neymar: se o algoritmo não identifica interesse, seu conteúdo vai para o limbo. É assim que funciona hoje — pura segmentação. Quer competir com um clipe pop, highlights do Podpah ou um meme no WhatsApp? Então aprenda a falar diretamente com quem se importa.
Para sobreviver nessa competição, marcas e criadores precisam entender que não adianta ter uma superprodução se não prendem a audiência no primeiro instante. É uma disputa por segundos preciosos: quem não conquista o espectador de imediato, perde para sempre. Ou alguém aqui acha que as pessoas vão procurar seu vídeo se o feed é infinito?
A boa notícia é que, mesmo nesse cenário saturado, ainda há espaço para conteúdo que faz o público parar — literalmente — e pensar: “Preciso ver isso.” Pode ser um insight poderoso, uma narrativa bem estruturada ou uma piada genial. O importante é compreender que engajamento deixou de ser um mero número e passou a ser o termômetro da sobrevivência.
1. Pare de Contar Apenas Visualizações
Engajamento real vale mais do que impressões vazias. Foque em gerar conteúdo que faça o público comentar, se emocionar e questionar.
2. Conte Histórias em Várias Camadas
Um vídeo de 30 segundos precisa engajar nos primeiros 3. Uma live de 1 hora precisa de microclipes para prender o espectador ao longo de toda a transmissão. Adapte o conteúdo à jornada de atenção (e distração) do usuário.
3. Seja Rápido, Mas Profundo
As pessoas não têm paciência para enrolação. Vá direto ao ponto e, ao mesmo tempo, entregue consistência. Se você consegue prender por 8 segundos, precisa oferecer algo relevante para os próximos 8, e assim por diante.
4. Use Dados para Decidir
Análises de retenção, taxa de abandono, tempo de exibição e repetição de conteúdo são vitais para entender onde seu público perde o interesse. Ajuste a estratégia constantemente.
5. Converta Audiência em Comunidade
Se você consegue transformar seguidores em pessoas que comentam, compartilham e aguardam ansiosamente por novos episódios, parabéns: você tem uma comunidade, não apenas um público. E comunidades não mudam de conteúdo tão facilmente.
No fim das contas, a Creator Economy morreu porque “todo mundo criando” virou sinônimo de poluição de conteúdo. Hoje, vencer exige foco em retenção e interações reais. E se você não consegue segurar por 8 segundos nem alguém que gosta de cerveja grátis, lamento dizer: há muitos outros posts no feed prontos para roubar a cena.
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