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Opinião

A última fronteira da inovação disruptiva

Reinventando a mim mesmo


24 de janeiro de 2018 - 15h56

Foi o símbolo da literatura americana, Scott Fitzgerald, quem ousou ao escrever que “não há segundo ato na vida de americanos”, ironicamente, o próprio escritor estava a apenas alguns anos de presenciar o que muitos consideram o maior “segundo ato” da história da literatura estadunidense. Observando hoje, é difícil estar mais errado do que Fitzgerald estava quando escreveu isso. Hoje em dia, parece que a realidade é que pessoas em toda parte aceitam segundos atos, e até o terceiro e o quarto.

Um amigo meu, por exemplo, recentemente fechou sua fábrica de ferramentas para pescaria para voltar à universidade e estudar ciência da computação. Eu fiquei surpreso, sempre entendi seu trabalho como bem feito, e ele ainda parecia estar se saindo bem financeiramente. Mas, talvez, a realidade é que um trabalho “bem feito” e se “sair bem financeiramente” já não seja o suficiente em comparação com as possibilidades, aparentemente infinitas, associadas com qualquer coisa remotamente conectada com nosso futuro digital. Minha própria filha escapou de uma vida bem paga, mas não satisfatória, na indústria da moda para se tornar uma nutricionista clínica em diversos hospitais de Nova York, e, então, criou uma conta no instagram para falar de alimentação saudável. Isso, em contrapartida, a levou à outra transição para o mundo das startups de nutrição. Nosso enteado pingou de uma startup à outra por 20 anos, no Vale do Silício. Ele construiu uma carreira que continua abrindo portas a cada mudança de direção, apesar dos segmentos serem sempre diferentes. O que esses dois casos têm em comum é que ambos prosperaram por correr riscos, mesmo quando um primeiro objetivo não deu certo.

Mas a reinvenção não é sempre o caminho que leva à startups e empresas digitais. A crônica que a colunista do Financial Times, Lucy Kellaway, escreveu sobre como ela, ficcionalmente, não só se reinventou como uma professora escolar, mas convidou outras pessoas para fazer o mesmo. “Em poucas horas após a publicação do artigo, em que eu anunciava que estava virando professora de matemática, e convidava bancários entediados a fazer o mesmo, cerca de 100 aplicações foram feitas em escolas”. Eventualmente, esse número chegou a mil. A promessa de reinvenção tocou e expôs os nervos de profissionais de diversas idades e segmentos, mesmo que, na maioria dos casos, isso significasse uma queda na renda. Até mesmo Even Clayton Christensen, um dos 50 administrativos destacados pela publicação Thinker, se reinventou diversas vezes, indo de consultor a cargos públicos e ainda para companhias de cerâmica, isso tudo antes de passar à academia para redefinir como consideramos inovação como um produto de sua identificação do fenômeno da disruptividade.

Por que tantas pessoas teriam interesse em tornar a vida mais complexa, ao invés de mais simples? Por que tantas pessoas iriam apostar no movimento “quebre, se já não estiver quebrado”? A resposta está na atratividade que a chance de começar do zero, ou seguir para uma nova aventura, apresenta. Talvez por conta da aceleração no movimento disruptivo, reinvenções pessoais, aparentemente, estão cada vez mais atrativas para as gerações atuais do que às gerações anteriores. Mudanças constantes, disrupção, medo de ser deixado para trás na medida que um empregador busque se manter relevante em um mercado complexo, o desejo de algo “novo” e “relevante”, e até mesmo a estratégia de lidar com o envelhecimento. Todos esses fatores parecem nos encorajar a questionar o que vem a seguir, e, ao invés de deixar o destino decidir, muitos estão escolhendo tomar atitudes práticas e reinventar a si mesmos para se manter relevantes no mercado, ou até mesmo renovar a joie de vivre.

Reinvenção organizacional, embora relativamente rara, está presente há muito mais tempo do que a versão “pessoal”, e, não surpreendentemente, independentemente de quando você falar de reinvenção organizacional, terá alguém para reinterpretar lições consolidadas e aplica-las em nível individual. Recentemente, vimos diversos – e interessantes – livros que seriam úteis para fazer exatamente isso. Agora, ninguém precisa inventar sua própria fórmula para se reinventar; podemos aplicar conceitos de “design thinking” em nossas vidas. Enquanto nossas conclusões serão individuais e únicas (por conta da singularidade de nossos sonhos, agora nós podemos aplicar a sabedoria das disrupções vividas ao nosso redor e o dogma do desing thinking para aumentar nossas chances de alcançar algo inteligente, de vanguarda e útil.

O argumento é claro: o resto de nossas vidas é importante demais para ser deixada ao acaso. Assim como qualquer empreendimento inteligente desenvolve processos para passar por futuros imprevisíveis, você deveria fazer o mesmo. As ferramentas estão aqui, e elas são acessíveis e aplicáveis. Nós, todos nós, vivemos em um mundo com mudanças constantes e imprevisíveis, onde reinvenção pessoal, independentemente da idade, é sempre possível, se não necessário. Inovação é mais um estilo de vida do que uma disciplina, e inovar a essência de sua própria identidade será a nova próxima fronteira.

Tradução: Salvador Strano

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