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Opinião

Dê propósito ao seu trabalho

Em algum momento, todos lidamos com a questão “Para que eu estou me esforçando tanto?”, porque aquilo que fazemos em horário comercial vai além dos itens na descrição da vaga ou o cargo no cartão de visita


4 de julho de 2022 - 10h52

Qual é o seu trabalho? Essa pergunta parece simples, mas quero ir mais fundo.

Não estou falando da descrição que estava na vaga que você preencheu, do título que está no seu cartão de visitas ou da assinatura do seu e-mail. Não estou perguntando sobre o seu mercado de atuação, as reuniões que estão na sua agenda hoje ou o valor do seu salário. O que eu quero saber é: o que você realmente faz quando está no horário comercial?

“Nós não vendemos Big Mac” — falei essa frase para mais de 1.000 gerentes de restaurantes McDonald’s essa semana. Parece estranho? Pois é isso mesmo que eu acho. Assim como acredito que o Meio & Mensagem não publica notícias. Agências não produzem anúncios. E veículos de comunicação não vendem espaços publicitários. O que todos nós fazemos vai muito além disso.

Toda empresa existe porque seus clientes precisam de alguma ajuda. Há quem deixe a vida deles mais fácil, mais econômica, mais gostosa, mais prática ou mais bonita. Na verdade, é isso que fazemos. Se o Muqui desaparecesse, a maior falta que a gente faria não é a de uma loja de batatinha frita — a gente existe para oferecer pequenos momentos felizes para as pessoas. E perceber que isso muda muita coisa. Não muda a quantidade de tarefas, não muda o chefe, não muda o cliente, não muda o fato de que o trabalho continua sendo cansativo. Mas muda quem está fazendo. E isso é suficiente para dar um novo significado a tudo que fazemos.

Para que eu estou me esforçando tanto? Mais cedo ou mais tarde, questionamentos assim começam a morar na nossa cabeça sem pagar aluguel. Alguns tentam achar compensação em alguma atividade social nas horas vagas. Outros decidem doar parte dos seus rendimentos para uma boa causa. E ainda há os que planejam se aposentar bem cedo para finalmente conseguirem fazer algo que tenha um propósito maior. Mas descobri que há uma solução melhor: mudar a forma como encaramos a nossa profissão é capaz de colocar sentido até nas “horas pagas”.

Esse tema mexe tanto comigo que escrevi um livro a respeito. O Dê propósito (Gente Editora) já ficou três vezes na lista dos livros mais vendidos do Brasil (marketing funciona!), uma prova de que esse dilema é mais comum do que parece. Em todas as profissões, inclusive a nossa.

Em um momento em que estamos com aquela “depressão pós Cannes”, vale lembrar: prêmios são muito legais. Por alguns minutos. A euforia dura até a primeira pressão por um resultado melhor. Em quantos meses depois de um aumento de salário você já está desejando um novo reajuste? Parece que nunca estamos satisfeitos. Mas é porque a verdadeira satisfação não está nessas conquistas. Elas não são ruins. Apenas não são suficientes.

No fundo, essa não é uma busca por sorrisos, mas por contentamento. Não é uma busca por menos momentos doloridos, mas por preenchimento. Não estamos à procura de felicidade, estamos necessitados de significado, inclusive nas muitas horas em que estamos exercendo a nossa profissão.

Trabalhar não é apenas trabalhar. É no nosso serviço que temos a maior oportunidade de colocar em prática os nossos talentos a favor das outras pessoas. Quando fazemos um trabalho bem-feito, fazemos uma grande diferença para alguém. Se você se sente bem ao fazer uma ação de amor ao próximo, experimente ser intencional no trabalho. Talvez não exista uma forma mais prática de ser útil para os outros do que exercer a sua profissão com excelência. Isso vale para médicas, advogados, jornalistas, professoras, mecânicos, feirantes, juízas, cabeleireiros, jogadores de futebol, cientistas, motoboys, seguranças, enfermeiras e até… marketeiros.

Seu emprego pode ser parte da sua missão, se você trabalhar com essa intenção.

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