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Opinião

Dez maneiras para sua marca se relacionar com pessoas trans

Sete em cada dez brasileiros compram de uma marca por causa de seu posicionamento sobre questões sociais ou políticas


28 de janeiro de 2020 - 15h03

(Crédito: Rosemary Ketchum/Pexels)

Você considera a sua marca diversa? Pois no mês da visibilidade trans, nós, profissionais de comunicação e integrantes da população T, vamos botar o dedo na ferida: como a sua marca se relaciona com as pessoas T — da porta pra fora e da porta pra dentro? Elas aparecem nas suas campanhas? Elas são consideradas nas equipes?

O dia 29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans. Você sabe como ele surgiu? Foi porque em 2004, pela primeira vez, 27 pessoas T entraram no Congresso Nacional para defender essa pauta: Travesti e Respeito. Esse dia já tem 16 anos. E ainda assim somos pessoas preteridas em contratações, somos olhadas de forma diferente, somos expulsas do banheiro que queremos usar!

São tempos difíceis. Ameaças de censura, boicotes a marcas que abraçam a diversidade, ataques às minorias. Mas também são tempos mais plurais. Se há ataques, há também mais presença, mais representatividade, mais apoio, pessoas mais diversas em agências, dentro do cliente, nas campanhas. O estudo Diversity Matters, da consultoria McKinsey, indica que empresas cujas equipes prezam pela diversidade têm desempenho 57% melhores do que a indústria em geral. Não há motivo para que esses números não transbordem para as campanhas. Afinal, “se eu não me vejo, eu não existo”.

Sete em cada dez brasileiros compram de uma marca por causa de seu posicionamento sobre questões sociais ou políticas. A tendência global chegou ao Brasil e está espalhada em todas as faixas etárias de renda e gênero. Os dados são da pesquisa Edelman Earned Brand 2018 e indicam que o marketing de causa, aquele que aproxima as marcas e empresas de ações práticas que trazem benefícios à sociedade, ganha cada vez mais relevância na disputa por atenção.
A gente criou uma lista com dez maneiras de ajudar sua marca a transformar sua relação com as pessoas T.

1. Tenha pessoas trans e travestis na sua equipe
Isso não é altruísmo, mas sim garantia de diversidade e campanhas com mais verdade, representatividade e alcance. Não basta falar no assunto — as pessoas são capazes de perceber com facilidade quando a marca age por oportunismo — e aí o ativismo se volta contra ela: os mesmos capazes de comprar a marca por um posicionamento também vão boicotá-la sem pestanejar.

2. Inclua pessoas trans e travestis em suas campanhas
A inclusão é o primeiro passo para naturalizar nossa presença. E o consumidor já espera esse papel da marca. Segundo o levantamento da Edelman, as pessoas acreditam que as empresas são mais efetivas para implementar mudanças do que o governo. No Brasil, 63% dos entrevistados afirmam que as marcas podem fazer mais para solucionar problemas sociais do que o governo, e 62% acreditam que é mais fácil fazer com que as marcas resolvam problemas sociais do que conseguir que o governo aja. Faça sua parte.

3. Tenha pessoas trans e travestis na criação e na produção
Ninguém melhor que pessoas da população T para criar com um olhar para esse público, não é mesmo?

4. Entregue informação
Treine sua equipe, seus terceirizados, o pessoal da portaria, da segurança, para nos tratarem com respeito, seguindo os itens dessa lista que estamos propondo.

5. Não fortaleça estereótipos
Não sexualize ou fetichize as pessoas trans e travestis em campanhas. Naturalize sua presença. Nós nos vestimos, nos alimentamos, compramos roupas, limpamos a casa, compramos carros — então devemos nos sentir representadas em quaisquer campanhas.

6. Nos chame pelo nosso nome
Nosso nome verdadeiro é o que a gente escolhe, com o qual nos identificaremos para você. O ideal ao abordar as pessoas trans e travestis é sempre respeitar o nome, o gênero e os pronomes com os quais a pessoa se identifica. No dia a dia, no crachá da empresa, nos e-mails, nos cartões de visita…

7. Use os termos corretamente
Dê preferência ao termo População T, por ser mais inclusivo. Ele engloba transgêneros, transexuais e travestis e também pode incluir pessoas de identidade de gênero não-binária.

8. Eduque o olhar
Não somos e nem queremos ser objeto da sua curiosidade. Nos olhe e aja com naturalidade. E nos deixe usar o banheiro feminino ou masculino conforme nosso conforto. Parece incrível que em 2020 precisemos fazer disso um assunto. Mas a verdade é que isso ainda é uma questão para muitas pessoas.

9. Nós existimos
Nós não somos uma aberração, essa não é só uma fase, essas pessoas somos nós. Respeitem a nossa existência.

10. E nós existimos o ano inteiro
Não lembre da gente só em datas como o Dia da Visibilidade Trans ou na Parada LGBTQIA+. Existimos, precisamos trabalhar, precisamos ser lembrados e respeitados todos os dias do ano. Incluir todo o ano transforma.

**Crédito da imagem no topo: Pixbay/Pexels

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