Distanciamento e produção de conteúdo: o que aprendemos
Que esse tempo nos traga a capacidade de refletir e fazer escolhas menos óbvias, mesmo que elas não sejam as mais fáceis
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Não, este não é mais um texto falando que a pandemia e o isolamento vieram para melhorar as pessoas. Uma tragédia dessa proporção tem muito mais lado ruim do que lado bom. Mas precisamos seguir e, se não pudermos nos tornar seres superiores e ultraelevados depois de tanta ioga e pão caseiro, que ao menos a gente consiga aprender a trabalhar melhor a distância.
Produzir conteúdo para marcas na quarentena tem sido desafiador, mas muito longe de impossível — como não pensamos antes que, se pudessem gravar de casa, muitos especialistas, artistas e criadores jamais diriam “não” para uma proposta bacana de vídeo? O tempo vale ouro, e otimizá-lo fazendo tudo num mesmo lugar (em casa, no caso) é uma baita saída — ainda mais considerando que muitos desses personagens já têm equipamentos com qualidade suficiente para a realização de boas produções.
Falando em boas produções, o conceito de “impecável” parece que mudou, não é mesmo? Em casa, dependemos da nossa conexão e da capacidade de produzir cenários, figurino e luz para vídeos. Em externas, precisamos ser extremamente cautelosos, reduzir equipes e gastar pouco tempo. E está aí um outro aprendizado: o que há de errado em parecer natural?
O momento é propício para botarmos em prática tudo o que falamos a respeito de conteúdo da vida real como recurso para as marcas se aproximarem do público. Por exemplo: nada melhor do que mostrar gente de verdade (mesmo que seja famoso!), com roupa de verdade, cozinhando numa cozinha de verdade para uma campanha ligada a gastronomia, não?
Ser mais natural não significa fazer de qualquer jeito. Pensar na melhor forma de entregar conteúdo para a audiência continua sendo o foco do trabalho de quem vive disso. Projetos de branded content e até campanhas publicitárias com imagens produzidas a distância, por grandes fotógrafos, encheram nossos olhos nos últimos meses. Afinal, não é porque é feito em casa que precisa ser “caseiro”: nunca precisamos tanto de profissionais qualificados, criativos e, não nos esqueçamos, bem remunerados.
O desafio é surfar nas novas ondas e depois saber incorporar os recursos. No começo da quarentena, live era a solução para tudo. Com o tempo, passamos a considerar se, por exemplo, um bate-papo entre especialistas em saúde feminina não pode ser gravado, bem editado e divulgado no dia seguinte. Live é o melhor recurso para conteúdos quentes ou aqueles que pedem interação, mas, vamos combinar: quantas lives estão acontecendo nas redes sociais neste exato momento? No fim das contas, conteúdo de qualidade on demand segue tendo muito valor para quem precisa da atenção do público em diferentes momentos do dia.
Por fim, divido aqui um insight tão maravilhoso quanto óbvio: por que tantos de nós insistimos em só trabalhar com fornecedores da nossa cidade? A quarentena é recente e (acreditemos) provisória, mas o trabalho remoto já existia e funcionava. Por que raios então empresas de São Paulo, por exemplo, utilizam tão pouco serviços de fornecedores de outras regiões? É fundamental que, depois de voltarmos ao escritório, a gente não esqueça o que aprendeu e estabeleça metas objetivas de inclusão e pluralidade em nossos projetos.
Que esse tempo nos traga a capacidade de refletir e fazer escolhas menos óbvias, mesmo que elas não sejam as mais fáceis. E que a gente consiga sair dessa mais atentos, sensíveis e, principalmente, diversos.
*Crédito da foto no topo: iStock
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