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Opinião

ESG: a política que insiste em entrar na sala de reunião

Como navegar por um cenário político complexo e, ao mesmo tempo, manter um compromisso genuíno com os princípios da sustentabilidade, da responsabilidade social e da inclusão?


15 de agosto de 2024 - 6h00

Em um mundo cada vez mais conectado e engajado em questões socioambientais, a pergunta sobre o papel da política no ambiente corporativo se torna ainda mais urgente. 

A ascensão de movimentos como o ESG (Environmental, Social and Governance), que engloba diversidade e inclusão em seu pilar social, coloca as empresas em uma posição desafiadora: como navegar por um cenário político complexo e, ao mesmo tempo, manter um compromisso genuíno com os princípios da sustentabilidade, da responsabilidade social e da inclusão?

Nos Estados Unidos, o candidato à presidência Donald Trump declarou que, se eleito, revogará regulamentações ambientais, principalmente de energias renováveis, que impactam as empresas. O posicionamento das empresas em relação aos princípios do ESG se torna, portanto, uma forma de se posicionar politicamente. Negar as mudanças climáticas ou se recusar a investir em práticas mais sustentáveis ​​é, em si, uma declaração para além de política, é de governo. 

Política e governo: qual a diferença?

A política se refere ao conjunto de ideias e ações que visam influenciar decisões e processos sociais. Já o governo é a estrutura institucional que administra o Estado.

As empresas precisam estar atentas ao cenário político e se engajar em debates sobre os impactos sociais e ambientais de suas atividades. Falar sobre governo, por outro lado, nem sempre é necessário, e pode até mesmo ser prejudicial.

ESG como estratégia intencional para o negócio:

Ainda é desafiador para os gestores relacionar o tema ESG com os negócios, principalmente aqueles que não têm conhecimento sobre o assunto. Um consultor parceiro, de uma grande empresa do Direito Empresarial, compartilhou um caso real: “Nossa principal cliente perguntou se as vagas afirmativas eram proibidas no Brasil, visto que em alguns países são. Após a nossa negativa a cliente comentou: ‘Então por que esses números baixos de diversidade? Não temos interesse em continuar clientes se estes números não mudam”. É necessário traçar uma perspectiva transversal de impacto do negócio em relação ao lucro considerando fatores de ESG e diversidade.

Dados comprovam que o ESG é necessário para o sucesso das empresas no longo prazo (e a única forma de a sociedade continuar existindo).

Acredito que quem lê este artigo, já tem acesso aos dados e potencial para o negócio, quando a pauta do ESG é planejada de forma transversal: 

  • Empresas com forte cultura de segurança psicológica têm três vezes mais chances de serem inovadoras 
  • Investidores, clientes e stakeholders em geral estão cada vez mais atentos aos critérios de ESG na hora de tomar decisões de investimento, compra e relacionamento 
  • A geração Z, que está entrando no mercado de trabalho e se tornando a uma potência de consumo, é altamente engajada em questões sociais e ambientais, e busca empresas que estejam alinhadas com seus valores 
  • Empresas com maior diversidade de gênero em seus times de liderança têm 25% mais chances de ter um desempenho acima da média do mercado
  •  Empresas com culturas diversas e inclusivas também têm maior retenção de talentos e melhor desempenho das equipes 
  • Prevenção de crise: Empresas que possuem estratégias de ESG, são vistas como éticas e responsáveis, contribuindo para a construção de imagem alinhada com os anseios do público e melhorando o clima organizacional e a cultura. Prevenindo crises, boicotes e minimizando possíveis crises de imagem. 

 (Fonte: Relatório Diversity Matters Mckinsey realizado em 2022 e 2023)

ESG não é apenas questão de justiça social, mas também de impacto direto nos negócios, no planeta e na sociedade.

As empresas estão recuando em seus compromissos com o ESG?

 Apesar do crescimento da importância das iniciativas de ESG, algumas empresas parecem estar indo na contramão. Um estudo recente da Fitch Ratings revelou que 40% das empresas norte-americanas estão diminuindo seus investimentos em iniciativas ESG. Essa postura reflete um movimento político ainda mais amplo.

 Recentemente a Microsoft realizou uma demissão em massa do seu time de diversidade, sem muito diálogo, destacou em um e-mail que ‘’os esforços daquele time não são mais prioridade’’ e que o assunto não é mais crítico para os negócios como era em 2020″. Apesar de continuarem, contraditoriamente, afirmam que o foco na diversidade e inclusão é inabalável. 

 Sem nenhuma responsabilidade social ou preocupação com reputação e imagem, a Microsoft dá um passo atrás e retrocede, negando assim não só o compromisso com ESG, mas recuando em impacto e inovação. 

 Não se pode compreender ESG como modismo

 Levar essa pauta como moda, é não acreditar que o mundo tem até 2025 para reduzir as emissões de CO2 e impedir efeitos irreversíveis do aquecimento global, de acordo com o relatório da ONU.

 O momento que apresenta um desafio precisa reafirmar o compromisso das organizações com o ESG, a inovação e o impacto social. O momento precisa de maior posicionamento político e menos de governo. O ESG apresenta benefícios e resultados que são comprovados, que trazem impacto social positivo e consequentemente lucro. 

 Será que vamos precisar de outra morte trágica e midiática para que as empresas não esqueçam a importância do ESG para os negócios?

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