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Opinião

Futuro da comunicação depende da união de informação e performance

Até alguns anos atrás, fazia sentido pensar nas mídias como polo privilegiado ao qual as pessoas se dirigiam para se manterem informadas


21 de outubro de 2021 - 6h00

O recente anúncio de que o Facebook se engajaria numa parceria inédita com grandes veículos de comunicação no Brasil, a fim de apoiar o jornalismo nacional por meio de investimentos financeiros e do impulsionamento de notícias nas redes, sinalizou uma tendência que há algum tempo eu e muitas pessoas que acompanham de perto o mercado da comunicação vêm notando. Mais do que nunca, não dá para pensar em informação sem que ela venha acompanhada de performance. O futuro da comunicação depende cada vez mais da articulação entre estes dois eixos.

Isso significa que as corporações do mundo da comunicação já estão bem atentas em relação à nova realidade aberta pelo intenso desenvolvimento da performatividade algorítmica nas redes. A ideia de que o jornalismo profissional atua como um vetor que leva informação de um ponto a outro sempre foi equivocada, mas só recentemente nos demos conta de que é preciso mais para balizar a importância e efetividade dos canais de comunicação na vida das pessoas.

Explico: até alguns anos atrás, fazia sentido pensar nas mídias como um polo privilegiado ao qual as pessoas se dirigiam para se manterem informadas sobre o mundo que as rodeava. Com as múltiplas possibilidades inauguradas pelo acesso facilitado à Internet, a disputa por atenção passou a ficar mais intensa e desafiadora. Produtores alternativos de conteúdo e novas formas de entretenimento, de consumo e de acesso aos acontecimentos fizeram frente à circulação de notícias saídas de vias mais tradicionais, difusas em meio à cacofonia das redes.

As fake news são um dos exemplos mais marcados desse turbilhão. Informações fabricadas com propósitos políticos e espalhadas na rede performam de forma muito mais eficiente e assertiva do que notícias produzidas por corporações de mídia. Os algoritmos, cujas constituições não são explicitadas pelas empresas que os desenvolvem, priorizam conteúdos que engajam e se relacionam com os sentimentos mais intensos das pessoas. Não à toa, boa parte das fake news focam em aspectos morais.

A iniciativa do Facebook, que citei no início deste texto, é uma forma de lidar com isso atacando a raiz do problema: focando os esforços na manipulação dos algoritmos e otimizando a performance de notícias bem apuradas. Sem uma boa estratégia que priorize a performance nas redes, a comunicação, especialmente em sua faceta digital, tende a tornar-se facilmente obsoleta. Afinal, em tempos atuais, visibilidade é existência.

As fake news são um dos exemplos mais marcados do turbilhão que alterou a comunicação (Créditos: TY Lim/shutterstock)

Tudo isso converge para a defesa de que a tecnologia é aliada da informação, apesar do pessimismo que se instalou recentemente nas conversas a respeito do tema. Do mesmo modo como as redes ajudaram a impulsionar grandes torrentes de desinformação nos países ocidentais nos últimos anos, elas tinham contribuído para a articulação de protestantes contra governos ditatoriais em países do Oriente Médio no início da década. As redes, afinal, são o que fazemos dela, e aprimorar a performance de informações qualificadas é um passo importante que estamos tomando coletivamente.

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