Futuro da comunicação depende da união de informação e performance
Até alguns anos atrás, fazia sentido pensar nas mídias como polo privilegiado ao qual as pessoas se dirigiam para se manterem informadas
Futuro da comunicação depende da união de informação e performance
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O recente anúncio de que o Facebook se engajaria numa parceria inédita com grandes veículos de comunicação no Brasil, a fim de apoiar o jornalismo nacional por meio de investimentos financeiros e do impulsionamento de notícias nas redes, sinalizou uma tendência que há algum tempo eu e muitas pessoas que acompanham de perto o mercado da comunicação vêm notando. Mais do que nunca, não dá para pensar em informação sem que ela venha acompanhada de performance. O futuro da comunicação depende cada vez mais da articulação entre estes dois eixos.
Isso significa que as corporações do mundo da comunicação já estão bem atentas em relação à nova realidade aberta pelo intenso desenvolvimento da performatividade algorítmica nas redes. A ideia de que o jornalismo profissional atua como um vetor que leva informação de um ponto a outro sempre foi equivocada, mas só recentemente nos demos conta de que é preciso mais para balizar a importância e efetividade dos canais de comunicação na vida das pessoas.
Explico: até alguns anos atrás, fazia sentido pensar nas mídias como um polo privilegiado ao qual as pessoas se dirigiam para se manterem informadas sobre o mundo que as rodeava. Com as múltiplas possibilidades inauguradas pelo acesso facilitado à Internet, a disputa por atenção passou a ficar mais intensa e desafiadora. Produtores alternativos de conteúdo e novas formas de entretenimento, de consumo e de acesso aos acontecimentos fizeram frente à circulação de notícias saídas de vias mais tradicionais, difusas em meio à cacofonia das redes.
As fake news são um dos exemplos mais marcados desse turbilhão. Informações fabricadas com propósitos políticos e espalhadas na rede performam de forma muito mais eficiente e assertiva do que notícias produzidas por corporações de mídia. Os algoritmos, cujas constituições não são explicitadas pelas empresas que os desenvolvem, priorizam conteúdos que engajam e se relacionam com os sentimentos mais intensos das pessoas. Não à toa, boa parte das fake news focam em aspectos morais.
A iniciativa do Facebook, que citei no início deste texto, é uma forma de lidar com isso atacando a raiz do problema: focando os esforços na manipulação dos algoritmos e otimizando a performance de notícias bem apuradas. Sem uma boa estratégia que priorize a performance nas redes, a comunicação, especialmente em sua faceta digital, tende a tornar-se facilmente obsoleta. Afinal, em tempos atuais, visibilidade é existência.
Tudo isso converge para a defesa de que a tecnologia é aliada da informação, apesar do pessimismo que se instalou recentemente nas conversas a respeito do tema. Do mesmo modo como as redes ajudaram a impulsionar grandes torrentes de desinformação nos países ocidentais nos últimos anos, elas tinham contribuído para a articulação de protestantes contra governos ditatoriais em países do Oriente Médio no início da década. As redes, afinal, são o que fazemos dela, e aprimorar a performance de informações qualificadas é um passo importante que estamos tomando coletivamente.
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