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Opinião

Merda!

Como estamos entrando no palco de uma peça nova chamada 2019, quero desejar tudo de bom a todos


7 de janeiro de 2019 - 18h14

 

(Crédito: Jon Tyson/Unsplash)

Vem do teatro o costume de se dizer “merda” a quem vai entrar em cena, especialmente na estreia de uma peça, com o sentido de desejar boa sorte, sucesso e felicidade.

Como estamos entrando no palco de uma peça nova chamada 2019, quero desejar tudo de bom a todos.
Aos meus amigos e parentes, merda!

Aos meus três filhos, muita merda nos estudos, no esporte e na vida em família.

Aos clientes que procuram relações sustentáveis baseadas no talento e na geração de valor, merda!

Aos publicitários, merda! Que encontrem grandes ideias para todas as plataformas e continuem a fazer marcas brilharem.

Aos que estão ingressando na propaganda, merda! Vocês vão precisar dela, além do talento que têm.

Ao nosso novo presidente da República, que contrarie meus prognósticos e faça um grande governo: merda para Vossa Excelência!

Aos empresários, que encontrem um novo país que não os sacrifique tanto: merda!

Aos empregados, que possam equilibrar suas vidas e trabalhar felizes: merda!

Aos desempregados, que os ventos do crescimento voltem a soprar e, assim, possam dar uma ótima notícia em casa: merda!

Ao Sport Club Internacional, merda!

Aos outros clubes, merda também, pois adoramos futebol bem jogado e não a qualidade atual do futebol brasileiro.

Aos bebês que chegarão, inclusive aquele primeiro do ano, sempre personagem dos telejornais, merda!

Ao Arthur Sadoun, merde!

Aos britânicos, que já estão se arrependendo de ter optado pelo Brexit, break a leg.

À minha vizinha, com quem nunca falei, mas sei pela correspondência enfiada por engano na minha porta que se chama Márcia, merda!

A quem escreve, dança, pinta, toca, canta ou encena, que os jovens entendam o que estão perdendo e voltem para nossa cultura: merda!

Aos articuladores cheios de esperança de uma utópica paz global, merda!

E, como é tempo de desejar só o melhor, meus votos mais otimistas não vão exclusivamente para aqueles que fazem nossa vida mais agradável: aos invejosos, merda (só assim poderão seguir seu próprio caminho); aos detratores, merda em dobro; aos ladrões, assassinos e traficantes deste país, que encontrem em alguém uma luz que os leve à mudança — merda; aos caloteiros, malandros e golpistas, merda (assim que vocês depositarem uma garantia na minha conta); ao viaduto que cedeu dois metros e transformou a zona oeste de São Paulo em um congestionamento gigante, merda; às câmeras que multam a 41km/h, merda e um curto-circuito bem forte; aos réus da Lava-Jato, que possam levantar a cabeça e seguir em frente após pagar pelos seus erros — merda.

E a todos que não se encaixam em nenhuma das categorias acima, um grande, generoso e afetuoso merda!

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