Meu primeiro Hack Town, natural e artificial

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Opinião

Meu primeiro Hack Town, natural e artificial

Devemos nos preparar para ter a capacidade de mudar a forma como pensamos, pois iremos cocriar com máquinas


23 de agosto de 2023 - 8h00

Imagine uma praça de cidade do interior, onde numa noite clara havia aproximadamente umas 300 pessoas reunidas num ritual com cantos, declamações e saudações que culmina no acendimento de uma grande fogueira que será mantida acesa por quatro dias graças a um grupo de voluntários que irão se revezar na nobre missão.

Assim foi a abertura do Hack Town 2023, Festival de Inovação e Tecnologia realizado na cidade de Santa Rita do Sapucaí, um polo de tecnologia no sul de Minas Gerais. O fato de o festival repleto de palestras sobre inteligência artificial ter começado com um convite para nos conectarmos com o que há de mais ancestral para os seres humanos, que é reunir-se em volta de uma fogueira, me deixou surpresa e ansiosa pelo que estava por vir.

O assunto que dominou mesmo foi a inteligência artificial generativa, abordado num conjunto sem fim de casos de uso, passando sempre por questionamentos éticos. Mas não faltaram também talks e workshops sobre o profissional do futuro e o futuro do trabalho – com ou sem IA – ; aquecimento global, exploração espacial, cannabis, web3, design, K-pop, música, artes, games, circularidade, criatividade, ciência de dados, metaverso, e ainda, paralelamente a tudo isso, uma trilha humanista que incluía, shows, peça de teatro homenageando Paulo Freire, talks de antropologia, filosofia, sessões de meditação e até cerimônia Temazcal, um banho de vapor com ervas medicinais para promover a purificação espiritual.

Sobre o assunto da vez, gostei da definição do professor Antônio Alberti, cientista da faculdade Inatel, que foi especialmente didática; ele diz que, em algum momento, todos nós seremos pais ou mães de uma IA, e como todo filho obediente vai aprender pelos nossos exemplos, pelo que ensinamos, pelos valores que transmitimos, porém, assim como não controlamos nossos filhos, não controlaremos nossas IAs.

Nos talks em que estive, houve um consenso sobre essa próxima revolução, a de que será cognitiva, pois quanto melhor a pergunta, melhores serão as respostas. Educação, repertório, vivências, contexto, habilidades humanas, nunca foram tão importantes. E se você, assim como eu, passou boa parte das últimas décadas perguntando pro Google em “Keywords”, se prepare para treinar seu cérebro antes de dedilhar seu “prompt”.

Devemos nos preparar para ter a capacidade de mudar a forma como pensamos, pois iremos cocriar com máquinas, numa verdadeira simbiose. Inteligência natural e artificial cocriando juntas para potencializar os saberes, democratizar e escalar a criatividade, e quem sabe até resolver os problemas essenciais da humanidade.

Hack Town 2024, definitivamente já tá na agenda.

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