Não mande briefings, me fale dos seus problemas
O que precisamos solucionar, como marca, neste momento?
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Este não é um artigo para dizer que os briefings precisam ser extintos. Tampouco para dizer que a velocidade que estamos vivendo na relação ‘cliente e agência’ deve mudar – vamos intensificar ainda mais mensagens de WhatsApp e ligações com pedidos para ontem. O mundo está realmente mudando e todos já sentimos isso. Devemos nos adaptar às mudanças e não querer que o mundo se adapte a nós.
O que trago é uma separação, sob o meu ponto de vista, do que é verdadeiramente essencial para que haja entrega de resultados relevantes nessa relação. E este artigo é direcionado a todo profissional que quer liderar negócios e, mais que ter entregas consistentes, desejar realmente fazer a diferença e gerar resultados. Ainda mais em um período em que nós estamos sendo altamente exigidos a resolver problemas e propor soluções criativas em um cenário incerto e de muita pressão.
Vamos começar separando as coisas da forma como acredito ser a mais produtiva.
Briefings para campanhas, ações, peças e afins precisam continuar existindo e ainda melhorar muito o conteúdo, com o máximo de informação possível para uma execução perfeita, no menor tempo possível e com o melhor custo para o projeto. Contudo, o que quero tratar para refletirmos e colocarmos em ação é de uma segunda vertente de briefings.
Basicamente, um mantra soa na minha cabeça diariamente: “Será que o que estou ouvindo é realmente o problema? E se…”. Esse é o tipo de pergunta que todo profissional de negócios precisa ter na cabeça o tempo inteiro, porque é nosso papel questionar e ir a fundo em cada desafio proposto pelo cliente.
É papel, sim, do profissional de negócios mergulhar no business do cliente para entender quais são os problemas reais que precisam ser solucionados e traduzir para as equipes de concepção para que elas possam direcionar as melhores ideias e estratégias para resolvê-los. Por isso, definitivamente, precisamos abrir essa conversa para encontrar e resolver os problemas que, às vezes, ninguém está enxergando. Todos podemos começar, agora mesmo, simplesmente fazendo mais perguntas. “Por que não usarmos mais os ‘5 porquês’ (entenda como funciona essa teoria) ou projetarmos cenários com o uso de “e se” com mais frequência?”, como refletiu o Julio Zaguini enquanto conversávamos sobre o conteúdo deste artigo.
Na agência, temos esse ritual de questionar o tempo inteiro se aquilo que ouvimos é realmente o problema a ser resolvido, ou mesmo se chegamos à melhor solução para aquele problema. Procuro provocar as pessoas da equipe para que também tenham sempre um “O que mais?” depois de ouvirem os problemas que os clientes nos trazem. E tem funcionado muito! Sinto sempre que nossas discussões sobem de nível quando aplicamos essa simples ferramenta de ser questionador (com propósito, é claro, porque ficar só perguntando sem querer chegar a lugar algum, não adianta nada).
Em outro artigo, meu amigo e estrategista Vinicius Medeiros definiu bem o que é um problema e o que é um efeito e causa. Leia para entender o conceito e separação. O que vi ao longo da minha carreira foram muitas reuniões, briefings e discussões em cima de possibilidades para resolvermos efeitos. Com a velocidade que nos é exigida o tempo inteiro é bem comum ficarmos na primeira camada de discussão na maior parte do tempo. Precisamos ir mais fundo, aprofundar. De novo, é papel do profissional de negócios ir além, provocar as equipes, ser o questionador e extrair a essência dos problemas para que sejam encontradas as melhores soluções.
Quando digo para não receber mais briefings, mas sim falar sobre os problemas, significa expandir a discussão além da comunicação, da campanha, do evento, da peça publicitária. Estou falando de discutirmos sobre as dores do consumidor e do negócio como um todo. Sabemos do benefício colateral dessas discussões em profundidade e em alto nível. Como também disse o Zaguini, os resultados de interações mais estratégicas podem estimular a criação de soluções que transcendam o trabalho tradicional da agência (tratamento avançado de dados ou uso de tecnologias avançadas, por exemplo), proporcionando expansão dos horizontes de negócios.
Se temos um problema logístico, não é a comunicação que vai resolver. Se temos um problema de propósito de marca, não é a comunicação que vai resolver sozinha. Se temos um problema de produto, definitivamente a comunicação só piorará o cenário chegando a mais pessoas que consumirão aquele produto que não entrega o que promete. Em tempos de pandemia e imersão digital de todas as empresas, o que precisamos solucionar, como marca, neste momento?
**Crédito da imagem no topo: reklamlar/istock
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