Assinar

O futuro já chegou

Buscar
Publicidade
Opinião

O futuro já chegou

O novo papel da mídia será a única forma de contornar a mudança no consumo de conteúdo pelo público


16 de maio de 2019 - 13h14

(Crédito: Pixabay)

Sua marca está olhando para o futuro? Saiba que ele chegou, nos atropelou e nem percebemos. Tudo o que a gente imaginava em termos de tecnologia, e mais um pouco, chegou e não estamos conseguindo tirar todo o proveito possível.

Pensemos em como nossa vida mudou nos últimos dez anos e nas maravilhas que ocorreram, sem que nos déssemos conta. Vou fazer algumas perguntas para você mesmo responder:

1. Qual foi a última vez que você usou o telefone fixo de sua casa?

2. Você usa seu smartphone para fazer ligações telefônicas? Ou muito mais como um computador, para dar um Google, enviar WhatsApps, responder a e-mails, ouvir podcasts e séries no Netflix?

3. Você assiste TV aberta? Está trocando a TV a cabo por streaming?

4. Qual foi a última vez que usou SMS?

5. Sabia que a Alexa, da Amazon, pode ajudá-lo a comandar por voz o acionamento de eletrodomésticos em sua casa?

6. Seu smartphone está conectado com os recursos digitais do seu carro, via bluetooth (para acessar o app de rádios, o Waze, o Spotify, o viva voz etc.)?

7. Você ainda compra músicas no iTunes por US$ 0,99, ou prefere pagar R$ 20 mensais para acessar todas as músicas do planeta no Spotify?

8. Você assiste a mais filmes no cinema ou no Netflix?

9. Quando você planeja sua viagem de férias, ainda pede ajuda de uma agência de turismo ou vai direto ao site da Expedia, Booking.com e congêneres?

10. Você ainda paga contas em agências bancárias ou faz isso no app do banco no celular? E quando acessa o app do banco usa senha ou reconhecimento facial?

Pois é. Toda essa magia que entrou em nossas vidas deixa a maioria das previsões dos Jetsons no chinelo. Spotify, Netflix, Waze, Tinder, Expedia, Uber, Airbnb, bluetooth, WiFi, assistentes virtuais, tecnologias de reconhecimento digital, carros autônomos, impressão 3D e outras facilidades só são possíveis graças à IoT (internet das coisas), big data, BI (business intelligence), machine learning. E quando a tecnologia é abundante e acessível a todos, mais importante do que entendê-la é saber como utilizá-la.

Esse é, de fato, o “admirável mundo novo”. Só que já está ficando velho, muito antes que a gente consiga usar tudo o que ele nos oferece. Novas tecnologias surgem e envelhecem com a mesma velocidade. Da mesma forma que a Blockbuster foi substituída pela Netflix, esta, algum dia, será substituída por algo que ainda nem sonhamos (por exemplo, pelo mix de games com vídeos, que se transformarão em filmes interativos).

Nesse sentido, a comunicação tem um papel mega relevante para educar o público sobre as maravilhosas inovações e como inseri-las em nossas vidas, dando um sentido ao que fazemos e, quem sabe, nos propiciando criar um mundo melhor para nossos filhos. No último Tech Trends Report 2019, do famoso Future Today Institute (FTI), da Amy Webb, há dois capítulos muito importantes: “Journalism as a Service” (jornalismo como serviço) e “Algorithmic Fact Checking” (checagem de fatos por algoritmos).

O jornalismo como serviço permitirá que toda a informação armazenada pela indústria de mídia possa ser oferecida como um valor para quem trabalha na atual economia do conhecimento (universidades, startups, empresas de data science, hospitais, mundo corporativo em geral e terceiro setor). Além da utilidade pública dos serviços prestados por meio do compartilhamento de dados, existe aí também a possibilidade da monetização compensatória oferecida por novos serviços que, de certa forma, vão substituir o antigo cash cow da venda de “mídia empurrada” (jornais, revistas, TV aberta e todo o tipo de mídia onde quem define o que será consumido é o editor). Simplesmente, isso não vende mais para os millennials e seus sucessores. Segundo o Tech Report, esses novos serviços, propiciados pelo uso dos grandes databases de mídia, poderão ter vários formatos: manutenção de newsrooms corporativos, API’s para geração de relatórios gerenciais, plug-ins para conexão com temário de grandes eventos (tipo SXSW), análise de tendências para respaldar investimentos em P&D etc.

Já os algoritmos para detecção de fake news serão um antídoto contra a disseminação indiscriminada de notícias, via redes sociais, pelo próprio público. Não raramente, essas notícias também se disseminam de forma torta pelas mídias tradicionais, causando estragos irreparáveis. Ferramentas digitais já permitem cobrir um grande evento e publicar seu conteúdo em tempo real, mas adicionando contexto, como, por exemplo, se a fonte geradora da informação é confiável ou não. A mesma informação dentro de um evento, como o SXSW, vinda de uma palestra da Amy Webb sobre o Tech Trends Report do ano, ou vinda de um debate entre blogueiros, certamente terá um peso diferente (com todo o respeito aos blogueiros).

Ainda usando o SXSW como exemplo, experimente mergulhar nos conteúdos provindos dos anais desse evento. É como escolher o melhor lugar para se mergulhar no oceano Pacífico. Um serviço jornalístico, apoiado em tecnologias e algoritmos, mas com curadoria humana, auxiliaria indivíduos e empresas a encontrarem a “agulha exata no palheiro” do SXSW.

Acho que esse novo papel da indústria de mídia, meio de consultoria, meio de prestação de serviços (jornalismo como serviço), será a única forma de contornar a mudança no consumo de conteúdo pelo público, bem como de gerar receitas alternativas à queda da publicidade nos veículos. Isso passará pela adoção de todos os cacoetes da nova economia do compartilhamento: consumidores e parceiros de negócios se confundem, numa troca de papéis constante (modelo Uber), dados bons são dados compartilhados, curadoria torna-se mais importante que produção de dados originais e no final do dia todos os negócios adquirem um formato de marketplace. É mais ou menos isso que minha bola de cristal me mostra. Façam suas apostas!

*Crédito da foto no topo: Reprodução

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Quando menos é muito mais

    As agências independentes provam que escala não é sinônimo de relevância

  • Quando a publicidade vai parar de usar o regionalismo como cota?

    Não é só colocar um chimarrão na mão e um chapéu de couro na cabeça para fazer regionalismo