Olimpíadas mostram os vários países e sotaques dentro do Brasil
É bonito ver atletas que nasceram sob diferentes realidades e literalmente deram o suor pelo esporte alcançarem o prestígio de participar da mais elevada competição esportiva do mundo
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O orgulho de ver atletas de alta performance representarem o país é, sem dúvidas, o maior atrativo das Olimpíadas. Vibramos, sofremos e até choramos junto a eles. O que torna essa experiência coletiva ainda mais interessante é o contato que temos com a cultura de outras nações e como elas moldam a personalidade dos atletas. Quem não se rendeu ao carisma da baiana Bia Ferreira dançando a coreografia viral de Pabllo Vittar após a vitória no judô, mostrando o puro suco de Brasil?
Por mais que nossa torcida seja pelo país, vale lembrar que são vários “Brasis” que nossos atletas representam. No caso das Olimpíadas de Paris, é o município de Marituba, no Pará; Parintins, no Amazonas; Salvador, na Bahia; Imperatriz, no Maranhão; Sobradinho, no Distrito Federal; Juiz de Fora, em Minas Gerais, entre tantos outros.
O Brasil é culturalmente riquíssimo, e essa pluralidade torna a competição ainda mais instigante. É bonito ver atletas que nasceram sob diferentes realidades e literalmente deram o suor pelo esporte alcançarem o prestígio de participar da mais elevada competição.
Para os atletas, as Olimpíadas têm, além do pódio, um palco. Não são só as medalhas: a competição oferece a oportunidade de eles serem vistos, fortalecerem suas imagens e ganharem poder de influência. O caso mais emblemático é o de Rayssa Leal, nossa fadinha. A maranhense entrou nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, com 600 mil seguidores no Instagram e o sonho de atingir 1 milhão. Em questão de horas, ganhou 3,3 milhões de inscritos novos e virou uma fonte de inspiração. Hoje, é a segunda atleta brasileira mais seguida na rede, superando a marca de 8 milhões.
A bem da verdade, o espaço proporcionado pelos jogos não é igual para todos. Segundo um levantamento da Folha de S. Paulo, seis em cada dez atletas brasileiros nas Olimpíadas deste ano são da região Sudeste, com a grande maioria de São Paulo (93 atletas) e do Rio de Janeiro (53 atletas). Dos 274 atletas do país na competição, representam o Norte apenas dois: o lançador de dardos amazonense Pedro Henrique e o boxeador paraense Michael Trindade.
Além de Imperatriz, cidade natal de Rayssa, a lista de dez atletas brasileiros mais seguidos no Instagram contempla Dois Riachos (Alagoas), São Sebastião (SP), Santo André (SP), Guarulhos (SP), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Nova Trento (SC). A forte presença do Sudeste constatada na pesquisa da Folha se reflete também no número de atletas da região com mais visibilidade nas redes sociais, mas não devemos desconsiderar que a maior parte deles não vem das capitais.
Marta, ícone do futebol brasileiro, vem de uma cidade de pouco mais de 11 mil habitantes em Alagoas. Gabriel Medina e Filipe Toledo, surfistas paulistas, nasceram no litoral do estado – São Sebastião e Ubatuba, respectivamente -, longe da agitação da cidade mais populosa do país. Caio Bonfim, que coroou o Brasil com a primeira medalha olímpica do país na marcha atlética, nasceu em Sobradinho, no Distrito Federal – e vem crescendo em número de seguidores no Instagram logo após a vitória inédita.
Espero que no futuro, pessoas de todos os estados se vejam representadas nas Olimpíadas. Acredito que só temos a ganhar ao ampliar a voz da multiculturalidade brasileira e a chance de esses atletas influenciarem seus pares – tanto de região quanto de nação.
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