Os enigmas do fantasma

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Opinião

Os enigmas do fantasma

A ausência de métricas elaboradas é preponderante para que, neste momento, haja muito mais perguntas do que respostas sobre o Snapchat


1 de agosto de 2016 - 14h02

Não me enquadro no perfil early adopter no que diz respeito a plataformas ou aparelhos. Também nunca tive o hábito de usar redes sociais como meio de interação em minha vida pessoal. A primeira negação explica o porquê de eu ser há apenas seis meses um usuário do Snapchat — fato que contradiz diretamente a segunda negativa exposta no primeiro parágrafo deste texto, uma mudança de comportamento que ainda procuro entender melhor.

Uma maior compreensão do Snapchat, suas propriedades de atração e capacidade para gerar conexões e negócios também é busca comum aos profissionais de marketing e comunicação. A ausência de métricas mais elaboradas é preponderante para que, nesse momento, haja muito mais perguntas do que respostas, especialmente para quem tem a árdua tarefa de encaixar sensações em planilhas.

Voltemos a áreas menos exatas, em que o foco de investigação está nas pessoas. Muitas características de formato, exposição e linguagem do Snapchat estão em linha com a modernidade líquida descrita pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. É instantâneo, efêmero, descartável. O aplicativo também tem atributos valorizados pelos millennials e adolescentes (que juntos respondem por 60% da base de 150 milhões usuários), como autenticidade, customização, espontaneidade e um quê ilusório de privacidade, pelo período limitado que os posts ficam disponíveis.

“O Snapchat traz liberdade e imperfeição”, resumiu a diretora de conteúdo da Fbiz, Renata Longhi, a Luiz Gustavo Pacete, que assina a manchete desta edição. Em apuração iniciada há mais de um mês, enquanto registrava e avaliava cases exclusivos e indicadores estatísticos da plataforma, o repórter lançou- se na missão de conseguir uma ainda rara entrevista com executivos da empresa, avaliada atualmente em mais de US$ 20 bilhões.

Há duas semanas, ele teve seu esforço recompensado, ao atender a ligação de uma das fontes que havia acionado em busca de informações sobre a companhia — cuja postura arredia não reflete a natureza de seu core business. Do outro da linha, a pista final que o jornalista garimpava: nos dias seguintes, um diretor do Snapchat passaria rapidamente pelo Brasil para visitar cinco agências em São Paulo.

Mais alguns telefonemas e, horas depois, lá estava o jornalista de Meio & Mensagem frente a frente com Kevin Frankenfeld, líder da área de parcerias da rede social. A conversa se deu em um tom informal: o executivo diz não ter autonomia para ser o porta-voz da empresa em relação a questões institucionais. O resultado final de todo esse trabalho, caro leitor, você confere nas páginas 26 e 27.

O Snapchat também aparece em outra reportagem desta edição. O segundo capítulo da série especial “Marketing na Olimpíada” mostra como a mídia se prepara para a cobertura da Rio 2016.

Nesse caso, a plataforma que tem como símbolo a silhueta de um fantasma aparece timidamente em comparação aos concorrentes Facebook, Twitter e Instagram, todos com mais anos de estrada e, portanto, mais familiares a marcas, agências e veículos.

Certamente as redes sociais baterão recordes de audiência e interação, como acontece a cada grande evento esportivo, um movimento próprio de ferramentas em curva de ascensão quanto à adesão de usuários. Mas o protagonismo das transmissões seguirá nas mãos das TVs abertas e por assinatura, como mostra a repórter Mirella Portiolli, em matéria publicada na página 40. Boa leitura!

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