Ponto de inflexão
Todos percebem o movimento intenso lá fora e se perguntam como se mantêm relevantes, como trazem este ritmo para dentro de casa e mais, como garantem seu lugar no futuro?
Todos percebem o movimento intenso lá fora e se perguntam como se mantêm relevantes, como trazem este ritmo para dentro de casa e mais, como garantem seu lugar no futuro?
24 de fevereiro de 2017 - 13h00
“Quando o ritmo da mudança da empresa for ultrapassado pelo ritmo fora dela, o fim está próximo.” Diz Jack Welch, mundialmente conhecido pelo seu trabalho como chairman da General Eletric, e sua determinação em refazer os negócios da empresa. Esta frase nunca esteve tão presente no pesadelo dos CEOs como nos tempos atuais. Todos percebem o movimento intenso lá fora e se perguntam como se mantêm relevantes, como trazem este ritmo para dentro de casa e mais, como garantem seu lugar no futuro?
Não se trata apenas de competir por atenção, estamos diante de uma nova revolução. Tão estrutural como foi a Revolução Industrial do século XVIII, tão disruptiva como foi a revolução digital dos anos 90 que fez com que 90% das empresas da Fortune 500 desaparecessem desde 1955. Esta nova era está batendo a nossa porta e demandando um prazo ainda mais curto. Estima-se que o impacto, desta vez, ocorrerá em apenas uma década. Este momento é conhecido como ponto de inflexão; ou a empresa decola para um caminho ascendente, ou o negócio começa a decair.
Mas afinal o que aconteceu? Para começar o mercado mudou. A maior parte das empresas que nasceram no milênio passado estão atravessando uma crise de valor e vendo seu futuro ameaçado por startups que acabaram de ser incubadas. Startups, aliás, são empresas praticamente sem hierarquia, repletas de paixão, que incentivam a auto-gestão e envolvimento, onde se propaga o sentimento de dono, com flexibilidade, grande disponibilidade ao risco, uma enorme agilidade, mas ainda em busca de um modelo de negócio escalável e lucrativo. São organizações que já nasceram exponenciais e o resultado mais visível é a sua imensa capacidade de inovar e gerar ideias transformadoras.
Para entender o fator exponencial, vale compreender como funcionam as redes. Nas últimas décadas avançamos de um modelo de rede centralizada (exemplo, o jornal tradicional), passamos por um modelo que veio com a internet e o digital de rede descentralizada (exemplo, os blogs) e chegamos num ponto de rede distribuída (exemplo, o Whatsapp). A mudança vem com o fluxo exponencial e a velocidade e o poder que esta rede distribuída consegue alcançar.
O fluxo exponencial inaugura a era da Economia colaborativa no âmbito social com a passagem de mentalidade dos “Gate keepers” (os detentores de conhecimento) para os “Give First” (“eu vou te contar o que eu sei, eu te apresento a quem eu conheço, você trabalha comigo se acreditar no que eu acredito”).
Na esfera ambiental, conhecendo os limites de recursos do nosso planeta, entra em jogo a Economia Compartilhada. Afinal se apenas utilizamos a furadeira elétrica 17 minutos por ano, por que cada um dos apartamentos do prédio precisa de uma furadeira? Porque não nos juntamos e partilhamos recursos? Com esta mentalidade de partilha surgem uma imensidão de novos modelos de negócios onde quem tem recursos vagos os disponibiliza via empresas para terceiros. Airbnb, Uber, Espaços Makers, bibicletas e por aívai.
Temos ainda a economia criativa, que parte do conhecimento exponencial, imagina que uma tribo indígena, que faz um mesmo processo de atividade manual há anos, com o capital intelectual de um designer renomado consegue melhorar sua qualidade de vida e geração de renda.
Neste novo modelo, nem toda moeda é dinheiro, o resultado, a colheita pode ser outra que não necessariamente financeira. Há um exemplo interessante que é a WorldPeckers, onde pessoas trocam habilidades por hospedagem em hotéis. Um fotógrafo ou grafiteiro pode permutar seu trabalho por hospedagem que esteja precisando de serviço.
Esta nova era nos convida a reinventar o mundo, assumir causas. No futuro, só sobreviverão as empresas que trouxerem impacto positivo para o planeta e para as pessoas, ajudando a resolver problemas sociais.
Por se tratar de um momento de disrupção contínua, um dos caminhos para as empresas é gerarem novos modelos de negócio que façam sentido dentro desta lógica de pensamento, partilhando este ecossistema de negócios. Mas para isso é preciso olhar para dentro, fazer uma reflexão e transformar os erros ou os hábitos em referência para a mudança. Lembrando que uma das frases mais perigosas neste momento é “Mas sempre fizemos isso assim.” Ainda mais que são exatamente as soluções de ontem que são os problemas de hoje.
Um dos maiores questionamentos neste momento é como as grandes organizações conseguem se redefinir para pensar, aprender e se adaptar como startups. Como se manter desafiando o status quo, vendo possibilidades além de onde elas estão? É tempo de abraçar a mudança e ser ágil.
São muitos impactos em paralelo, estes modelos exponenciais acarretam mudanças intangíveis sobretudo no que diz respeito a cultura e conhecimento. E não é possível um lugar no futuro sendo lento, hierárquico, caro e muitas vezes “cansado”.
A notícia boa é que não há cartilha, em momentos complexos como este o melhor caminho é aprender, agir, testar, medir, ajustar e recomeçar. E não adianta postergar, o momento é agora.
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