Ser plural é ser singular

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Opinião

Ser plural é ser singular

Fazer coisas fora do seu trabalho rotineiro, levar uma outra atividade a sério, ter outra profissão. Isso vai deixar o seu trabalho melhor. E vai fazer com que você seja um profissional mais único


31 de março de 2017 - 9h00

Em tempos de debates acalorados sobre o excesso de trabalho, sobre desaceleração da rotina e sobre valorização do ócio, é bem provável que este texto gere certa polêmica. Bom, agora que o aviso foi dado, aqui vai: faça mais coisas.

ideiaAntes que você queira me xingar muito no Twitter ou fazer a minha caveira no Facebook, explico: faça mais coisas fora do seu trabalho rotineiro, fora da agência, fora do escritório, fora da companhia. E não estou falando apenas de ter um hobby. Mas de levar uma outra atividade a sério. Ter outra profissão mesmo. Vai por mim. Isso vai deixar o seu trabalho melhor. E vai fazer com que você seja um profissional mais único.

Hoje em dia, todo mundo consome praticamente as mesmas informações e as mesmas referências. Isso porque, basicamente, a observação da vida e das pessoas – que, vale lembrar, sempre foi e sempre será a maior matéria-prima para quem trabalha com comunicação – acontece pela internet. Cobranças internas e externas fazem a gente ficar, cada vez mais, enfurnado dentro de salas fechadas, vendo o que acontece lá fora, pelas janelas do computador e por pesquisas encomendadas.

Sinceramente, não tem relatório sobre millennials que substitua a experiência de dar aulas. Não tem SurveyMonkey que seja mais esclarecedor do que um trabalho voluntário. Não tem Instagram que mostre mais sobre comportamento do que ter uma banda, ser DJ ou fotógrafo.

Levar uma outra atividade a sério ou ter outra profissão vai deixar o seu trabalho melhor. E vai fazer com que você seja um profissional mais único

Certa vez, mostrei meu portfólio em uma agência e, ao final do papo sobre a pasta, o diretor de criação me perguntou o que mais eu fazia, além do trabalho publicitário. Foi uma das melhores entrevistas que já fiz. Depois disso, tomei emprestado esse hábito. Hoje, sempre que alguém vem se apresentar para mim, a conversa toma esse rumo, para fora da nossa caixinha.

Ao longo da minha carreira, já trabalhei com designers que são chefs de cozinha, diretores de arte que são artistas plásticos, redatores que são músicos, planners que são estilistas, executivas de contas que são triatletas, entre outras pessoas múltiplas. Isso tudo sem abrirem mão da família, dos amigos ou do chopinho. Foram alguns dos melhores profissionais que já conheci. Porque eu acredito que novas ideias vêm dessa pluralidade e que a busca por novas expressões criativas é o melhor alimento para a criatividade.

A esta altura do campeonato, talvez você esteja se perguntando: “Tá! Mas e o tempo pra fazer isso tudo?”. Bom, infelizmente o cliente só deu 24h por dia. Também acho pouco. Mas quem nunca trabalhou com prazos apertados? Inventar tempo também é um ótimo exercício criativo.

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