Twitter e o fim do acesso gratuito à sua API
Empresas devem explorar proativamente novos fluxos de receita e ir além do go-to-market que as levou onde estão
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Tal decisão apresenta duas faces: por um lado, ressalta que plataformas têm dados valiosos, que podem ser usados como commodities e monetizados; por outro, uma vez aplicado o conceito de Open Everything, é preciso entender que está construindo um ecossistema essencialmente ligado a suas interfaces e formas de dependência
A cada dia, o número de modelos de negócio baseados em APIs (Interfaces de Programação de Aplicações) cresce no mercado, pois elas colaboram para a criação de novas fontes de valor a partir da troca de dados entre empresas. O processo, conhecido como monetização de APIs, se dá por meio da geração de lucro a partir do consumo de serviços oferecidos por empresas integradas em um mesmo ecossistema.
O exemplo mais recente de monetização de APIs foi a tomada de decisão do Twitter de descontinuar o acesso gratuito à sua API para lançar uma versão paga. Isso porque a rede social de microblogging pretende encontrar novas formas de geração de receita.
Tal decisão apresenta duas faces: por um lado, ressalta que plataformas como o Twitter têm dados valiosos, que podem ser usados como commodities e monetizados, demonstrando como as APIs são a porta de entrada para produtos e serviços digitais.
Por outro, uma vez aplicado o conceito de Open Everything (que é o fomento à abertura de dados pelas organizações, a fim de proporcionar produtos mais inteligentes e personalizados), é preciso entender que está construindo um ecossistema essencialmente ligado a suas interfaces e formas de dependência. É necessário manter seus consumidores de APIs informados e ser capaz de obter insights sobre seu uso ou, melhor ainda, dar aos próprios consumidores as ferramentas para monitorá-lo.
Dessa forma, o Twitter precisa apresentar uma estratégia de comercialização de API que coloque a imparcialidade em primeiro lugar, ao mesmo tempo em que procura abrir um novo fluxo de receita. Há muito espaço para criatividade nesse processo, por exemplo, caso a plataforma torne o acesso às APIs para universidades e centros de pesquisa livre, com limites máximos ou potenciais cotas. A necessidade de um Marketplace de API para gerenciar tudo isso e fazê-lo de forma segura é mais um ponto a se reforçar.
O Twitter está fazendo um ato de equilíbrio para o seu futuro. E precisa que seja bem-feito, pois se realizado de forma errada, pode enterrar a plataforma. O Google fez isto há alguns anos, quando começou a rentabilizar certas APIs como o Google Maps – foi capaz de fazê-lo com sucesso e transformar isso em um modelo de negócios viável.
O recente anúncio causou um provável incômodo. Mas, enquanto alguns veem isso como uma oportunidade perdida, vemos de maneira diferente: em troca de melhores ferramentas, o Twitter fez um movimento estratégico para fortalecer sua comunidade de desenvolvedores, dar melhor suporte e gerar mais valor.
Hoje, as empresas devem explorar proativamente novos fluxos de receita e ir além do go-to-market que as levou onde estão. Entretanto, é crucial equilibrar a monetização de ativos e o fomento de um ambiente que promova a inovação e o crescimento.
Este movimento deve ajudar os desenvolvedores a construir negócios ainda mais bem-sucedidos e sustentáveis, oferecendo novos e melhores recursos. É bom ver que o Twitter está comprometido em assegurar uma transição suave e em minimizar a interrupção, já que afirma que vai trabalhar com seus atuais parceiros de API para garantir uma experiência perfeita e ajudá-los a capitalizar as novas oportunidades desta mudança.
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