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“A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível”

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Opinião

“A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível”

A frase de "Alice no País das Maravilhas" explica como o futuro é feito: aqueles que desafiam o status quo são os responsáveis por imaginar e criar um novo mundo

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6 de setembro de 2022 - 15h30

(Créditos: Shutterstock)

Esta frase de Lewis Carroll, em seu livro Alice no País das Maravilhas, explica bem como o futuro é construído. Aqueles que desafiam o status quo e o que chamamos de realidade são os responsáveis por imaginar e criar um novo mundo.

Tenho o privilégio de fazer parte de uma indústria que toma decisões de investimentos que impactam a forma como iremos construir o nosso futuro enquanto sociedade e civilização: a de venture capital, pois no mundo dos negócios essas novas concepções dependem de financiamento para serem executadas. Financiar startups depende de times fundadores e investidores que analisam indícios e tendências de aspirações humanas com potencial para promover evoluções tecnológicas escaláveis e que, ao mesmo tempo, busquem resultados exponenciais.

A indústria de venture capital não é apenas uma ferramenta para multiplicar resultados financeiros, mas também para garantir que o capital esteja disponível para as melhores pessoas, aquelas que são capazes de pegar uma ideia e materializá-la na forma de um negócio bem-sucedido, transformando a realidade do mundo à sua volta. Por isso, quem trabalha nessa indústria não olha apenas o produto, serviço, ou o modelo de negócios.

É necessário, acima de tudo, entender sobre a ciência e a arte de escolher quem vai ser parte do time que comandará uma startup. O fator mais importante para o sucesso de qualquer negócio está na sua gestão. Sem times fundadores e investidores ousados, teríamos um futuro calibrado por olhares baseados em experiências passadas. O olhar para o futuro precisa ser alavancado em expectativas extrapoladas, em revoluções, em disrupções.

Apesar de saber que o mundo nos próximos anos será muito diferente por conta dessas mentes inovadoras, não há como criar um modelo analítico que preveja o sucesso de uma empresa, afinal, os resultados emergem de forças imprevisíveis, podendo vir, inclusive, dos famosos eventos de cauda – aqueles com baixíssima probabilidade de ocorrência e que, geralmente, não são considerados prováveis pela maioria das pessoas.

Normalmente, lembramos dos efeitos de cauda negativos, como, por exemplo, uma guerra ou uma pandemia, mas o venture capital olha para as oportunidades que podem ser criadas, ou seja, para os efeitos de cauda positivos. Entre eles, o aumento da utilização de ferramentas de tecnologia que viabilizam novos formatos de trabalho e colaboração e o surgimento de novos modelos de negócios, como aplicativos de entrega rápida e a telemedicina. Por isso, a mentalidade do venture capital está intrinsecamente ligada à disrupção de padrões existentes.

Para que o futuro que sonhamos possa emergir é preciso entrar em acordo com o passado, mas considerando que a mentalidade de investimentos tradicional, aquela que disponibiliza o capital apenas depois de uma ideia ter sido testada e comprovada, mora longe do processo decisório de um futuro inovador. Exatamente por conta disso, o venture capital, no seu DNA, sabe que os recursos não devem ser usados apenas para o lucro, ele deve também ser oferecidos onde poderão causar maior benefício para a sociedade.

A comunidade de apoio à inovação acredita no valor de compartilhar ideias e construir sobre elas em um esforço conjunto. São vários os exemplos de tecnologias construídas de forma solidária, voluntária e descentralizada. Linux, blockchain, bitcoin e a própria internet são alguns modelos disso. O poder dessa comunidade está na criação de uma infraestrutura que já viabilizou as grandes mudanças do passado e que tornará possíveis as revoluções do futuro.

Na minha visão, é exatamente esta grandeza que atrai tantos jovens para o venture capital e o ecossistema de inovação: o incentivo a uma cultura comercial baseada na criação de valor, por meio de conexões entre fundadores, ideias, consumidores, empresas e capital.

Por ser uma indústria ferramental para mudar o mundo em que vivemos, é muito importante que ela seja representativa, equânime e que tenha a ciência do seu papel ao lidar com um mundo repleto de dualidades, onde ferramentas, como a tecnologia, podem ao mesmo tempo salvar vidas e desenvolver novos mercados ou criar vícios e disseminar fake news.

Além disso, essa indústria exige um importante olhar estratégico por parte dos governantes, que precisam posicionar adequadamente o Brasil neste cenário geopolítico no qual serão mais prósperos e poderosos os países com mais empresas de tecnologias e centros de inovação criativos.

Sempre é bom relembrar que as grandes invenções não foram exatamente originárias do Vale do Silício. Na maioria dos casos, foram criadas em outros lugares e “importadas” por uma comunidade que acreditava que a mágica acontecia por lá. Por isso, precisamos também, como comunidade, lutar contra esse “monopólio imaginário” de que as empresas deep tech – aquelas que desenvolvem soluções tecnológicas baseadas em desafios com alto investimento em P&D – e as grandes invenções tecnológicas vêm de fora. Elas estão aqui, mas precisam ser acessadas e desenvolvidas de forma profissional.

Precisamos preparar o Brasil para ser um celeiro de inovação e pensar mais no país que queremos construir.

E aí? Como você quer viver nos próximos anos? Invista nisso!

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