Opinião

Do Google ao TikTok

SEO em múltiplos mecanismos de descoberta

Letícia Bernardino

Gerente de SEO e Associate Partner da Cadastra 9 de julho de 2025 - 6h00

Durante anos, otimizar conteúdo para mecanismos de busca era uma equação previsível: produzir páginas bem estruturadas, atrair backlinks e disputar posições na SERP. Mas a lógica mudou. Segundo o próprio Google, quase 40% dos jovens de 18 a 24 anos preferem buscar informações em plataformas como TikTok ou Instagram em vez do Google Search ou Maps (Business Insider). Hoje, o ponto de partida do usuário é o feed, não a barra de pesquisa. A descoberta de conteúdo foi descentralizada — e com isso, o SEO também.

Plataformas como TikTok, Instagram e YouTube não esperam que o usuário procure. Elas entregam. Com base em comportamento prévio, contexto do dispositivo, tempo de visualização e engajamento inicial, os algoritmos priorizam o que tem maior probabilidade de reter atenção. Isso muda o papel de quem cria: em vez de “rankear para uma palavra-chave”, a tarefa é “ser recomendado” para públicos look-alike.

No TikTok, os sinais críticos incluem o gancho nos primeiros 3 segundos, taxa de conclusão, engajamento nas primeiras 24h e uso de elementos em alta (sons, hashtags, efeitos). No YouTube, são o CTR da miniatura, a retenção de audiência, o engajamento qualitativo e a consistência do canal.

Otimização virou adaptação: menos busca, mais descoberta

Para aparecer nos novos mecanismos de descoberta, o conteúdo precisa nascer otimizado: vertical e curto para TikTok e Reels, horizontal e longo para o YouTube tradicional. A pesquisa muda de lugar — sai do Google e vai para o autocompletar interno das plataformas. A linguagem também muda: mais visual, mais rápida, mais emocional.

É essencial abrir vídeos com movimento ou texto forte, evitar introduções longas, testar miniaturas e formatos, e explorar séries e quadros fixos. Além disso, marcas precisam equilibrar tendências virais com conteúdo evergreen — um vídeo com meme pode atrair atenção rapidamente, mas são os tutoriais e reviews que mantêm tráfego constante.

Com a entrada da IA generativa nas buscas (como o Google AI Overviews), o desafio será ainda maior: marcas precisarão produzir blocos de conhecimento fáceis de serem interpretados por modelos de linguagem — vídeos explicativos, dados estruturados e formatos que entreguem valor direto, mesmo fora do clique.

No novo cenário, o SEO continua relevante — só deixou de ser estático. A descoberta é dinâmica, personalizada e movida por comportamento. A regra agora é clara: quem entende como as pessoas consomem conteúdo, entende como ser encontrado, seja onde for.