Opinião

O que é hype e o que é verdade sobre Agentic AI na publicidade?

Agentic AI é uma realidade e gera valor na publicidade hoje. Não é algo plug and play, nem a solução para todos os problemas

Lucas Reis

VP de Operações do IAB Brasil. Fundador da Zygon Adtech e da Trezion Agentic AI 17 de julho de 2025 - 10h03

De forma simples, Agentic AI são sistemas capazes de planejar, decidir e agir quase sem intervenção humana, combinando diferentes recursos para perseguir objetivos claros. Diferem dos “chatbots” reativos (como o ChatGPT) porque tomam iniciativa: investigam dados de audiência, redigem criativos preliminares, colocam mídia, otimizam lances e reportam resultados em loops contínuos, sem necessidade de prompts.

O mercado global de agentes de IA saltará de US$ 5,1 bi (2024) para US$ 47,1 bi até 2030. Uma taxa de crescimento anual de 44,8%, impulsionadas pela busca de ganho de produtividade que faz com que 88% dos gestores pretendam aumentar o orçamento de IA nos próximos anos e com que 90% dos profissionais de marketing reconheçam usar IA em algum nível atualmente.

A promessa de ter agentes não-humanos cuidando de boa parte da operação é tentadora, mas ainda não é uma realidade plena. Vejamos o que ainda está no campo das possibilidades futuras e o que já é possível fazer hoje com Agentic AI.

O que ainda está no hype

• Campanhas 100 % auto-geridas, do insight ao filme final, sem diretor de criação para chancelar a ideia. A IA ainda carece de senso cultural, cuidados com marca, capacidade de ajustes finais de peças para chegar no resultado que o cliente quer, entre outros pontos.
• Agências “sem pessoas”: Os agentes autônomos vêm muito mais para adequar a capacidade operacional da indústria da publicidade ao ritmo das demandas atuais. São muitos canais, muitos dados, muitos motes, tudo mudando rapidamente. Não é possível hoje ter uma agência operada apenas por agentes, mas sim uma equipe potencializada por eles.
• Personalização 1:1 em tempo real para milhões de consumidores sem riscos de privacidade. A legislação global (LGPD, DMA, CCPA) ainda impõe limites severos aos fluxos de dados sensíveis, demandando uma governança e uma segurança jurídica que ainda não temos.
• Criação totalmente livre de direitos autorais: os litígios envolvendo outputs generativos provam que a fronteira jurídica está longe de consenso.

O que já é viável (e gera valor hoje)

• Otimização automática de mídia: agentes aprendem com dados de first-party e ajustam bids a cada milissegundo em plataformas programáticas – o share de algorithmic ad spend deve chegar a 59,5 % em 2024 e 79 % em 2027
• Segmentação dinâmica de audiências combinando dados de CRM e sinais de contexto – reduzindo waste e ampliando conversão.
• Produção rápida de assets: Agentes desdobrando um conceito criativo para novos formatos, demandando rápida aprovação de profissionais humanos.
• Suporte criativo: agentes que sugerem variações de headline, roteiros curtos ou layouts, liberando redatores e diretores de arte para o refino conceitual.
• Integração operacional: bots que extraem dados de funil, montam dashboards e alertas preditivos para CMOs – 66 % dos adotantes já medem ganhos claros de produtividade.

A linha entre o que ainda é promessa e o que já é entrega deve ficar nítida: Agentic AI já acelera tarefas repetitivas, conecta silos de dados e informa decisões com velocidade sem precedentes; mas precisa de curadoria humana para proteger a marca, garantir compliance, fazer ajustes conceituais finos e sustentar narrativas emocionalmente cativantes.

Agentic AI é uma realidade e gera valor na publicidade hoje. Não é algo plug and play, nem a solução para todos os problemas. Cabe às lideranças separar o ruído do sinal, pilotar projetos bem-definidos e escalar onde o ROI já se comprova. De todo modo, está claro que liderar será, cada vez mais, orquestrar humanos e agentes de IA em harmonia.