O poder da criatividade ancorada na relevância cultural
Quando partimos desse princípio, conseguimos construir não apenas campanhas, mas conexões de verdade por meio da emoção que despertamos
“Para alguém se apaixonar por sua marca, não é suficiente que o marketing apenas te faça entender alguma coisa. O marketing precisa fazer você sentir alguma coisa. E as pessoas são muito melhores nisso do que uma máquina”. A fala de Tor Myhren, vice-presidente de Marketing e Comunicação da Apple, durante uma das apresentações que ocorreram no Cannes Lions 2025, tem sido amplamente repercutida após o evento. Ela sintetiza um ponto fundamental que os profissionais de marketing devem ter em mente: neste mundo cada vez mais tecnológico e conectado em que vivemos, o diferencial das grandes ideias continua sendo essencialmente humano.
E parte desse diferencial nasce da capacidade de compreender a relevância cultural local. Hoje, o que gera uma conexão verdadeira é a habilidade das marcas em refletir as conversas, os códigos e as emoções que fazem sentido para a população de cada região. Não se trata mais apenas de traduzir uma campanha vinda de outro país, mas sim de criar e de se inserir de forma autêntica no contexto cultural e social de onde ela será veiculada. Por exemplo: o Brasil é um país mundialmente conhecido pela paixão pelo futebol, esporte que não desperta a mesma comoção em outras localidades.
Essa mentalidade de entender a relevância cultural local é um dos pilares que guia a estratégia Social First da Unilever. Mais do que pensar apenas nas redes sociais como ponto central, falamos sobre colocar o comportamento das pessoas — suas emoções, seus hábitos e o que as inspira — no centro das decisões criativas e de mídia. Este é o verdadeiro potencial humano da criatividade mencionado por Myhren. Foi a partir desta convicção que criamos a campanha “Dirty Mouth Sponsorship” (Patrocínio Boca Suja), que resultou no reconhecimento inédito da marca Cif no Cannes Lions 2025.
Construída a partir da escuta ativa e do entendimento do que realmente mobiliza o público brasileiro, a ação teve início no universo dos podcasts e se desdobrou em uma campanha irreverente para a TV, conectando a marca ao futebol por meio de um dos personagens mais icônicos deste universo, o craque Neto, com o objetivo de mostrar o poder da limpeza milagrosa de Cif ao “limpar” a conhecida boca suja do apresentador. Dessa forma, o tradicional sonoro “bip”, usado para cobrir palavrões ditos na televisão, foi substituído pelo som da marca “Ciiiif” a cada palavrão verbalizado por Neto durante a apresentação de seu programa, após um clássico Corinthians X Palmeiras e que provoca forte emoção no ex-jogador.
A campanha multiplataforma e com ampla reverberação orgânica nas redes sociais reforça um caminho cada vez mais evidente no mercado: a complementaridade de canais – respeitando o papel, a linguagem e o alcance de cada um – potencializa resultados. Exemplo disso foi o índice de vendas que conquistamos: um crescimento de mais de 40% no ambiente online durante os 12 dias em que a campanha esteve no ar.
O reconhecimento do case “Dirty Mouth Sponsorship” no Cannes Lions – com um Leão de Prata, na categoria Media Lions, e um Leão de Bronze, em PR Lions – é resultado da criatividade aliada ao olhar atento para a cultura local e para o entendimento de que as pessoas querem mais do que mensagens: elas querem sentir alguma emoção de maneira genuína. Quando partimos desse princípio, conseguimos construir não apenas campanhas, mas conexões de verdade por meio da emoção que despertamos.